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Candidato pardo é reprovado pelo sistema de cotas em concurso da SEDF

Alan Teixeira foi reprovado por comissão de heteroidentificação de concurso 16 anos depois de ingressar na UnB por meio do mesmo sistema

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1 de 1 gêmeo - Foto: Imagem cedida ao Metrópoles

Filho de pai negro e mãe branca, o professor de educação física Alan Teixeira, 33 anos, se declara pardo. Na última semana, porém, ele teve a autoidentificação contestada e acabou reprovado no sistema de cotas raciais do concurso público que prestou para a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF).

Essa não foi a primeira vez que Alan participou de processo seletivo pelas cotas raciais. Em 2007, ele ingressou na Universidade de Brasília (UnB), para o curso de educação física, por meio do sistema.

À época, o acesso à universidade também virou alvo de polêmica, pois o irmão gêmeo idêntico dele, Alex Teixeira, 33, tentou entrar na UnB pelo mesmo sistema, mas acabou reprovado.

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O professor de educação física se declara como pardo
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Alan e Alex Teixeira, 33 anos, são irmãos gêmeos idênticos

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O professor de educação física se declara como pardo

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Sem conseguir ingressar na UnB, Alex prestou vestibular para a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e conseguiu se graduar no curso de ciências de alimentos.

“Quando passamos pelo sistema de cotas, em 2007, a avaliação era feita apenas por meio de uma fotografia do candidato. Ao longo dos anos, esse processo foi aprimorado e, no último concurso público que prestei [para a SEDF], era preciso passar por uma entrevista com uma comissão examinadora”, detalhou Alan.

Após ser aprovado em todas as etapas anteriores do certame, o professor de educação física foi selecionado para a última: a entrevista da avaliação de heteroidentificação. “Entrei em uma sala com cinco examinadores e um fotógrafo, que me instruiu na gravação de um vídeo, no qual eu tinha de falar meu nome completo, meu CPF e minha raça”, contou.

Recurso

Para Alan, a identificação racial, que nunca tinha sido motivo de dúvida, tornou-se alvo de polêmica após ele descobrir a reprovação pelo sistema de cotas do concurso, na semana passada.

“Fiquei surpreso e muito triste com o resultado preliminar. Estava contando com a aprovação nessa última etapa. Se o resultado definitivo das cotas me desclassificar, estarei fora da disputa pela vaga”, comentou.

Alan entrou com recurso contra a decisão da comissão. A previsão é de que o resultado final saia na próxima terça-feira (28/3).

“O sistema de cotas, ainda hoje, precisa ser aprimorado, para que não ocorra essa revolta das pessoas que se declararem [negras, pardas e indígenas], de passarem pelo processo do concurso e serem eliminadas. Sou a favor dessa forma de seleção para que outras pessoas, assim como eu, tenham espaço em órgãos públicos e sejam representadas”, argumentou Alan.

Por meio de nota, a SEDF informou que acompanha a realização do concurso e recomendou que o candidato recorresse da decisão, como prevê o edital.

Critérios adotados

Procurado pela reportagem do Metrópoles, o Instituto Quadrix, banca examinadora responsável pela execução do concurso da SEDF, informou que o critério usado nas etapas de heteroidentificação envolvem o “fenótipo apresentado pelo candidato perante a comissão” e que não há consideração de qualquer outro documento nem de outro aspecto, “como descendência ou ancestralidade”.

“Portanto, não são considerados imagens, fotos, certidão de nascimento e/ou certidões referentes à confirmação em procedimentos de heteroidentificação realizados em outros concursos. No procedimento, o resultado de cada avaliação é baseado no parecer da maioria dos cinco integrantes da comissão”, comunicou o instituto.

A banca acrescentou que “a comissão [examinadora] não pretende questionar a identidade do candidato, apenas cotejá-la com a visão que a sociedade teria de cada candidata ou candidato, sem questionar a convicção de pertencimento étnico-racial”.

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