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Câmara vai investigar denúncia de racismo no aeroporto de Brasília

Após ter sido homenageada em Brasília no Dia da Consciência Negra, porta-bandeira da Portela denunciou racismo no aeroporto de Brasília

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Imagem colorida de Vilma Nascimento, porta-bandeira da Portela, vítima de racismo, acusada de roubo em loja - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Vilma Nascimento, porta-bandeira da Portela, vítima de racismo, acusada de roubo em loja - Metrópoles - Foto: Reprodução

A porta-bandeira da escola de samba carioca Portela Vilma Nascimento, 85 anos, denunciou ter sido vítima de racismo no Aeroporto Internacional de Brasília. O episódio foi filmado. Diante da gravidade do caso, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) decidiu abrir investigação e cobrar explicações.

Conhecida como Cisne da Passarela, Vilma é porta-bandeira da Portela há 66 anos. Na última segunda-feira (20/11), ela foi uma das personalidades negras homenageada pela da Câmara dos Deputados, no Dia da Consciência Negra. Nessa terça-feira (21/11), foi acusada de roubo em uma loja no aeroporto.

Veja:

 

 

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, deputado distrital Fábio Felix (PSol), a situação é intolerável.

“Vilma Nascimento veio a Brasília justamente para receber uma homenagem no Dia da Consciência Negra e foi tratada de forma criminosa. É inaceitável que uma loja desse porte seja omissa no enfrentamento ao racismo, permitindo que esse tipo de abordagem seja natural”, argumentou.

Segundo o parlamentar, o procedimento de “revista” foi adotado sem qualquer fundamento. “Foram submetidas a uma revista vexatória. Um caso claro de racismo que precisa ser repudiado e apurado com rigor. Racismo é crime. A Comissão de Direitos Humanos vai cobrar explicações e está à disposição das vítimas”, prometeu.

Nunca passei por isso

Apenas Vilma, entre todos os clientes do local, foi submetida à revista. Um vídeo, gravado por uma das filhas de Vilma, mostra o momento em que a porta-bandeira é obrigada a retirar todos os objetos de sua bolsa depois de ser acusada por uma segurança. “Nunca passei por isso em toda a minha vida”, desabafou a porta-bandeira.

O Metrópoles conversou com o neto de Vilma, Bernard Nascimento, sobre o ocorrido. De acordo com ele, depois de olhar alguns perfumes na loja, Vilma foi parada por uma segurança, que pediu para a porta-bandeira abrir a bolsa. “Em nenhum momento foi explicado porque a minha avó tinha que fazer isso. Loja cheia e ela é a única que tem que abrir a bolsa. Por que isso?”, questionou Bernard.

O neto de Vilma conta o que aconteceu no local. “A segurança fez ela tirar tudo de dentro da bolsa no meio da loja. Imagina a vergonha disso para uma pessoa de 85 anos. Quando ela já tinha tirado tudo, a mulher falou para o supervisor que realmente não tinha nada na bolsa dela”. De acordo com, Bernard, a loja e a segurança não se desculparam pelo acontecido.

Abalada

Bernard ainda disse que, por conta do estresse, a saúde de Vilma ficou abalada. “Minha avó fica com o olho cheio de água quando vê o vídeo. Até evito mostrar pra ela”. Segundo ele, a família pretende processar a loja e a funcionária.

“Com quantas pessoas brancas houve abordagem parecida por essa funcionária?”, questiona o cientista político e advogado Nauê Bernardo sobre o caso. “Enquanto não tivermos coragem de dar o nome certo a esse tipo de fenômeno, que usa perfilamento racial para separar ‘ladrão’ de ‘cliente’ , não vamos conseguir superar o racismo no Brasil”.

Aeroporto Internacional de Brasília

O Metrópoles entrou em contato com a Inframérica, concessionária do Aeroporto Internacional de Brasília. Por nota, a empresa destacou que a empresa responsável pelo estabelecimento envolvido no caso adotou as medidas cabíveis e afastou a funcionária.

Leia a nota completa:

Na tarde de hoje a Inframerica, concessionária do Aeroporto de Brasília, tomou conhecimento de uma denúncia sobre discriminação em uma loja do terminal aéreo.

A Inframerica repudia qualquer tipo de ação discriminatória, dentro ou fora do aeroporto.

A empresa responsável pelo estabelecimento informou que já tomou as medidas cabíveis e afastou a funcionária.

Loja

A loja envolvida no episódio, a Dufry Brasil, lamentou o incidente e confirmou o afastamento da funcionária. Segundo a empresa, o tratamento dado à cliente foi fora do padrão e houve uma falha.

Veja a nota:

A Dufry Brasil, uma empresa do Grupo Avolta, pede publicamente desculpas pelo lamentável incidente ocorrido na loja do aeroporto de Brasília. A abordagem feita pela fiscal de segurança da loja está absolutamente fora do nosso padrão.

Em razão da falha nos procedimentos, a profissional foi afastada de suas funções. Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa.

A Dufry está reforçando todos os seus procedimentos internos e treinamentos, em linha com as suas políticas, para impedir que situações assim se repitam.

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