Calote de concessionária do DF em clientes passa de R$ 5 milhões
As denúncias começaram a surgir em 2017. Os crimes investigados são de estelionato e associação criminosa
atualizado
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O prejuízo causado pela concessionária Wall Multimarcas a seus clientes no Distrito Federal passa de R$ 5 milhões, segundo a Polícia Civil. Até a manhã desta quinta-feira (24/1), cerca de 25 pessoas já procuraram a 8ª Delegacia de Polícia (SIA) para registrar ocorrência. Os crimes investigados são de estelionato e associação criminosa.
Segundo os consumidores, a loja funcionava normalmente até segunda (21) na Cidade do Automóvel. Na terça (22), entretanto, todos os veículos haviam sido retirados pelos funcionários da empresa. Os clientes, agora, querem saber como serão ressarcidos.
De acordo com o delegado-chefe da 8ª Delegacia de Polícia, Rodrigo Bonach, neste primeiro momento, os investigadores vão se dedicar a ouvir as vítimas. “Ao menos 30 novos inquéritos devem ser instaurados”, explicou. “As denúncias começaram a surgir em 2017. Antes, o caso era visto como desacordo comercial. Em agosto do ano passado, começamos a perceber que era algo recorrente e que havia um padrão”, explicou o policial.
Histórico de reclamações
No Reclame Aqui, a loja coleciona 17 queixas. Em uma delas, uma pessoa afirma que o pai foi enganado “por essa empresa maldita”. “Deixou o carro para vender, uma caminhonete. A mesma foi vendida e deram um prazo de 30 dias para ele receber o dinheiro. O prazo passou, e até agora não pagaram”, disse em mensagem postada em 6 de janeiro deste ano.
A denúncia é de Luís Bittencourt, 31 anos. Segundo ele, o pai, de 59, “foi passado para trás” por funcionários da loja. “Em 2016, ele comprou uma Toyota Hilux, e agora precisou vender o carro. Lá [na concessionária] avaliaram o veículo em R$ 78 mil e fizeram uma proposta de compra de R$ 70 mil. Meu pai precisava de dinheiro e aceitou.”
De acordo com ele, o pai foi “coagido” a assinar o Documento Único de Transferência (DUT) “mesmo sem ver a cor do dinheiro”. “Ele chegou a questionar a vendedora, mas ela disse que a loja estava há 26 anos na praça e não daria um prejuízo de R$ 70 mil”, explicou o filho da vítima.
Após o episódio, o homem procurou a 8ª DP para registrar o boletim de ocorrência. No local, descobriu que não era o único com reclamações contra a concessionária. De acordo com o delegado Rodrigo Bonach, “ficou claro que [os proprietários] captavam os veículos sem condições de pagar”. “Eles induziam as pessoas a deixarem o veículo consignado, vendiam para terceiros de boa-fé e não repassavam o dinheiro. Em cada caso desses, nós temos pelo menos duas vítimas. Quem vendeu e quem comprou”, disse.
Outro lado
Em comunicado publicado na internet, a Wall Multimarcas culpou o “agravamento da crise financeira que assola o país e, em especial as atividades da empresa, a qual vem passando por grandes dificuldades financeiras, o que inviabilizou a continuidade de seu funcionamento”.
Na nota, a concessionária afirma ter tentado “todas as formas de continuidade” para que pudesse cumprir com as obrigações existentes. “Contudo, algumas ações impossibilitaram que as atividades pudessem se sustentar até a quitação de todos os débitos.”
A empresa finalizou o texto informando aos clientes que ajuizou o pedido de autofalência no Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) e todos os credores deverão se habilitar ao crédito para recebimento do juízo.
A Associação das Agências de Automóveis do DF (Agenciauto) esclareceu que a Wall Multimarcas não é associada e nunca fez parte do quadro de lojas credenciadas à entidade.