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Caesb dará desconto de 10 dias na conta de moradores do Paranoá Parque

População local reclama de água imprópria para o consumo. Segundo a companhia, “resíduos de terra podem ter alterado coloração” do líquido

atualizado

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Direcional Engenharia/Divulgação
vista aérea do paranoá parque
1 de 1 vista aérea do paranoá parque - Foto: Direcional Engenharia/Divulgação

Três dias após o Metrópoles contar o drama dos mais de 30 mil moradores do Paranoá Parque supostamente recebendo nas torneiras água imprópria para consumo, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) informou que não cobrará a tarifa sobre o recurso dos residentes no período de 20 a 30 de abril.

Segundo os moradores, o problema teria começado na última terça-feira (24/4) e está até hoje sem solução. A empresa informou, por meio de nota, que no dia foi constatada uma desregulagem em equipamento da unidade de tratamento de água do reservatório responsável pelo abastecimento do residencial.

De acordo com a Caesb, a culpa seria da companhia Direcional, encarregada da construção do condomínio, que integra o programa Morar Bem do Governo do Distrito Federal. A construtora foi obrigada a fazer reparos no sistema de distribuição de água potável do local, e “resíduos de terra podem ter alterado a coloração da água”.

A Caesb, contudo, não divulgou o laudo de análise da situação. Representantes da Direcional não foram localizados para comentar o assunto.

Sintomas e prejuízos
No último sábado (28), o Metrópoles expôs o relato dos moradores que tiveram problemas de saúde após fazerem o uso da água malcheirosa, barrenta e escura. Diversas pessoas relataram desde manchas na pele, enjoos, náuseas e vômitos a queda intensa de cabelo.

Questionados sobre os sintomas apresentados, técnicos da Caesb chegaram a afirmar aos moradores que o líquido era impróprio até para banho. Hoje, o discurso defendido pela companhia é de que, apesar das alterações, “a coloração não interfere na segurança da água quanto à questão da saúde”.

Além do mal-estar e dos problemas de saúde, os moradores acabam tendo que comprar água, por não confiarem no líquido chegando ao condomínio. Sem condições financeiras de gastar com o recurso, alguns até fervem o líquido para evitar uma contaminação.

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Condôminos apresentaram manchas na pele após consumirem a água
À esquerda, é possível ver a coloração da água que sai das torneiras. À direita, o líquido após ser fervido
Problema teria começado na terça-feira (24/4)
Moradores dizem passar mal após o consumo
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Os problemas na pele surgiram após contato com o fluido

Material cedido ao Metrópoles
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Condôminos apresentaram manchas na pele após consumirem a água

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À esquerda, é possível ver a coloração da água que sai das torneiras. À direita, o líquido após ser fervido

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Problema teria começado na terça-feira (24/4)

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Moradores dizem passar mal após o consumo

Material cedido ao Metrópoles

Minha Casa, Minha Vida
O Paranoá Parque foi o primeiro empreendimento do Distrito Federal financiado pelo Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional do governo federal em parceria com a gestão local, no projeto chamado Morar Bem. No dia 29 de março de 2014, foram entregues as chaves dos apartamentos aos primeiros 224 residentes beneficiados pelo Morar Bem. Atualmente, são 6.240 apartamentos.

Três anos após a entrega das primeiras chaves, o Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) fez uma representação ao Tribunal de Contas local (TCDF), mostrando a falta de estrutura do condomínio. De acordo com denúncia feita pela Defensoria Pública do DF, o residencial foi erguido sem planejamento.

Por essa razão, com o aumento da população na região, serviços essenciais – como segurança, saúde e educação – foram afetados. Na ocasião, o Hospital Regional do Paranoá (HRPa) suspendeu parte das atividades por não conseguir atender à demanda na área. Além disso, conforme denúncia recebida pelo MPC-DF, havia famílias com crianças em idade escolar sem acesso ao ensino.

“O sistema viário complicou-se no local e o transporte público é deficitário. Para atender a ocorrências policiais, há apenas uma delegacia. Denúncias de crimes, como tráfico e prostituição de menores, seriam frequentes”, destacou a representação, feita em janeiro de 2017.

Desmaio de fome
Os problemas vividos pelos moradores do Paranoá Parque não se resumem ao saneamento básico questionável. Em novembro de 2017, uma criança de 8 anos passou mal de fome na Escola Classe 8 do Cruzeiro. Morador do Paranoá Parque, o menino estava há dois dias sem comer direito e precisou ser atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O estudante chegou à escola apático e a professora teve que interromper a aula para ele receber os devidos cuidados. O garoto faz parte de um grupo de 250 crianças que precisa se deslocar do Paranoá, Paranoá Parque e Itapoã para estudar no Cruzeiro.

A distância, 30km, obriga-os a sair de casa às 11h, todos os dias. O lanche do colégio era servido por volta das 15h30. Após o episódio, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) anunciou que vai criar um colégio para atender a população do Paranoá Parque e do Itapoã, na periferia da capital.

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