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Caesb amplia transferência de água de Santa Maria para o Descoberto

Medida tem como objetivo preservar a principal fonte de abastecimento do DF e evitar agravamento da crise hídrica

atualizado

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Tony Winston/Agência Brasília
racionamento barragem água
1 de 1 racionamento barragem água - Foto: Tony Winston/Agência Brasília

A Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) intensificou a transferência de água do Sistema Santa Maria/Torto para o do Descoberto. O objetivo é preservar o manancial, principal fonte de abastecimento do Distrito Federal, mais impactado pela crise hídrica. O processo começou em agosto, com 220 l/s, e agora já transfere cerca de 370 l/s. A meta da empresa é aumentar essa capacidade para algo em torno de 700 l/s.

Inicialmente, a área atendida pela transferência era somente o Guará I e II (220 l/s). Depois, foram interligados Lúcio Costa, Núcleo Bandeirante, Vila Metropolitana, Park Way e Candangolândia.

Outras intervenções estão em curso e irão ampliar essa capacidade de transferência em até 700 l/s. As obras de interligação estão sendo realizadas com recursos da Tarifa de Contingência, aplicada entre outubro de 2016 e junho deste ano.

“A transferência de água do Sistema Santa Maria/Torto para o Sistema Descoberto só é possível devido à ampliação da capacidade de produção de água da Caesb com a inauguração da ETA do Lago Norte e do Subsistema do Bananal”, ressaltou o presidente da Caesb, Maurício Luduvice.

Chuva
As chuvas no Distrito Federal este mês terão de, pelo menos, repetir os índices de novembro para que a população não comece 2018 enfrentando aumento no período de racionamento. No mês passado, as precipitações ficaram acima do esperado, o que elevou os níveis dos dois reservatórios que abastecem a população — Descoberto e Santa Maria. Ainda assim, a distribuição está comprometida e o racionamento não tem data para terminar.

Nesta terça-feira (5/12), segundo a Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa), o nível do Descoberto está em 9,9%, menos da metade dos 22,4% registrados no mesmo dia do ano anterior. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles alertam que, caso não chova mais do que os 246mm (média histórica) previstos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) este mês, a crise hídrica vai se agravar.

“Após as chuvas de novembro, houve ligeira subida. Mas a situação ainda é preocupante, porque jamais viramos o ano com menos de 20% (no reservatório do Descoberto)”, avalia o hidrólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB) Henrique Leite Chaves. Para ele, a despeito do estado crítico, dezembro é, historicamente, o mês em que há maior precipitação, apesar do fiasco no ano passado.

Regularidade
Doutor em gestão de recursos hídricos e desenvolvimento sustentável, o engenheiro civil Demetrios Christofidis vai além. Ele ressalta que não basta apenas chover acima da média prevista, é preciso regularidade entre as precipitações. Ou seja, se as chuvas caírem de forma espaçada, os níveis dos reservatórios não vão subir de forma tão efetiva.

“As chuvas intercaladas caem em solo seco. Então, a água é absorvida e vai parar no lençol freático, em processo que leva de dois a quatro meses”, explica. “Mas, se a chuva cai por vários dias seguidos, o solo ficará saturado de água. Assim, maior parte dela vai escoar pela superfície e elevar os níveis dos reservatórios mais rapidamente”, acrescenta.

Christofidis reforça a importância da redução do consumo diário para amenizar a crise. Ele avalia que o racionamento não surte efeito. Isso porque a população, por saber do rodízio, costuma armazenar água no dia anterior à interrupção do fornecimento.

Corumbá IV
O especialista prevê crise mais branda no DF após a entrega do sistema de captação Corumbá IV, prevista pela Caesb para ocorrer em dezembro do próximo ano. A empresa afirma que 70% das obras, iniciadas em abril de 2011, foram concluídas.

O sistema é fruto de parceria entre o GDF e a Companhia Saneamento de Goiás (Saneago). Está projetado para trabalhar com vazão máxima de 2,8 mil litros por segundo — menor, apenas, do que a média do Descoberto (3,1 mil L/segundo) —, em primeira etapa, divididos meio a meio entre cidades do DF e do Entorno.

Nesta etapa, segundo a Caesb, serão beneficiadas cerca de 600 mil pessoas. No DF, o sistema vai atender Gama, Santa Maria, Recanto das Emas, Taguatinga Sul, Águas Claras, Núcleo Bandeirante, Park Way e Arniqueiras. No Entorno, abastecerá Novo Gama, Valparaíso, Luziânia e Cidade Ocidental.

“O sistema Corumbá IV será caro, longínquo, mas a implantação, pelo menos da primeira fase, é urgente. As bacias que hoje atendem os reservatórios (Descoberto e Santa Maria) são pequenas se considerarmos o tamanho da população”, analisa.

Reservatórios
O maior nível da Barragem do Descoberto registrado em 2017 foi 56,4%, em 3 de maio. No dia 7 de novembro, o índice caiu para 5,3%. Nesta terça ficou em 10,1%. A Adasa calcula que o sistema atinja 17% até o último dia do ano. A Barragem de Santa Maria está com 22,7% da capacidade.

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