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Câncer de próstata atinge 4% dos cachorros com mais de 7 anos

O câncer de próstata atinge com mais frequência cachorros a partir dos seis e sete anos de idade, 4% dos machos podem desenvolver a doença

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Cachorro donete sendo cuidado por um veterinário
1 de 1 Cachorro donete sendo cuidado por um veterinário - Foto: Reprodução/ Alto Astral

O Novembro Azul foi criado para alertar sobre os devidos cuidados em relação ao câncer de próstata, que é o tipo de tumor que mais mata homens no DF. Todo ano a capital do país realiza ações de divulgação para evitar que mais homens sejam atingidos pela doença. O que muitos não sabem é que a enfermidade também atinge os melhores amigos dos homens: 5% dos cachorros machos podem desenvolver a doença na fase adulta, caso seus tutores não se atentem aos riscos.

O câncer de próstata atinge com mais frequência cachorros a partir dos 6 anos de idade. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal (CRMVDF), o tumor aparece em aproximadamente 4% dos cães com mais de sete anos e antigamente acreditava-se que se o pet não fosse castrado, esse número saltava de forma significativa para 80%. Este mito foi contrariado após vários estudos.

Por muitos anos, foi preconizada a castração de fêmeas e machos como uma precaução aos cânceres de mama e próstata. Por isso mesmo, muitos tutores castravam suas cadelas antes dos seis meses, para diminuir ao máximo a chance de tumores mamários. Porém, estudos mostram que, ao não ter estímulo de hormônios sexuais no cérebro, podem ocorrer alterações comportamentais, como acentuar medo, ansiedade e até comportamentos agressivos. Além de maior chance de cânceres ósseos.

Mas, isso não quer dizer que a castração é contra indicada, mas sim que cada caso deve ser avaliado isoladamente. Segundo especialistas, a castração segue sendo o método de controle populacional mais efetivo. No DF, existem diversos serviços públicos que realizam esse procedimento de forma totalmente gratuita.

O que é e como identificar a doença

A próstata é responsável pela produção do líquido que protege os espermatozoides. O câncer em cães ocorre quando há uma multiplicação anormal e desordenada de células na região, o que causa o inchaço dessa glândula e o comprometimento da saúde do pet.

Entre os sintomas de câncer de próstata estão dificuldade em urinar; gotejamento de sangue pelo pênis; urina com sangue; infecções urinárias que não respondem ao tratamento; dificuldade ao defecar ou com fezes em formato de fita e espasmos musculares ao tentar urinar.

Além desses sinais, outros sintomas menos específicos pode surgir, como vômito, apatia e febre.

Rebeka Elen, 21 anos, moradora do Gama e estudante de enfermagem, contou ao Metrópoles como foi a experiência de seu cãozinho Nick, 9 anos, com o câncer de próstata. “O primeiro sinal que percebi foi a de secreção. Levamos ao veterinário, que nos explicou que poderia ser um problema de castração”.

Após a castração, Nick passou 2 anos sem apresentar a secreção, mas, após esse tempo, o fluxo retornou e ficou ainda mais intenso. “Levamos ele em outro veterinário, que fez o exame de toque e ele não demonstrava estar com dor”, disse Rebeka.

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Cãozinho Nick, 9 anos
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Cãozinho Nick, 9 anos

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Cãozinho Nick, 9 anos

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A estudante diz que o principal desafio no início foi ter recebido diversos diagnósticos que não comprovavam o que de fato Nick tinha. Apenas no terceiro profissional procurado, foi feito ultrassom em Nick, que revelou um aumento da próstata do animal. Durante o acompanhamento, foi necessário o uso de medicamentos que surtiram efeito no início, mas depois de um tempo a secreção voltou, acompanhada de um sangramento intenso, que passou a fazer parte da rotina da família.

“Ele não apresentava nada de dor, criamos esperança de ele estar sem doença porque no início das medicações os problemas haviam parado de aparecer. Depois voltaram e, então, foram feitos exames específicos que indicaram o câncer”, comenta a tutora de Nick.

Rebeka diz que se recusava a acreditar que aquilo estava acontecendo com o pet que ela tanto ama. “Foi um período muito difícil, me fechei bastante e acabava sempre pensando no pior”, lembrou.

A família foi informada que a única alternativa para o cãozinho seria a realização de uma cirurgia, que pode ser extremamente perigosa devido o grau de dificuldade da operação, onde muitos animais acabam não resistindo.

Por meio dessa terceira veterinária, descobriram, então, que era possível fazer a retirada da próstata, de forma gratuita, no hospital veterinário Público de Brasília (HVEP). “Aqui em casa, naquele período, fizemos tudo em prol do Nick”.

“Quando descobrimos que podíamos realizar a cirurgia pelo HVEP, eu e meus pais íamos de madrugada para conseguirmos marcar a cirurgia e conseguir as consultas”, completou.

“Apesar de ser um processo lento e doloroso, é importante crer que vai dar tudo certo, assim como deu para o Nick”, concluiu Rebeka.

O que dizem os profissionais

Nayara Freire, 35 anos, médica veterinária com especialização em oncologia de pequenos animais é responsável pelo serviço de oncologia do HVEP. Ela explica que a castração não previne o câncer de próstata, mas pode evitar prostatites (inflamação da próstata) e hiperplasia prostáticas (aumento da próstata).

“A castração não evita o surgimento do câncer, pois elas não são hormônios dependentes [não necessitam de influência hormonal para surgir]. Mas castrar ajuda a evitar surgimento de neoplasias testiculares. A cirurgia é indicada a partir de um ano de idade” explicou.

A incidência de neoplasia prostáticas são de baixa ocorrência em animais, mas a alimentação, e acompanhamento veterinário frequentes ajudam no diagnóstico precoce de neoplasias. “Infelizmente, não existe prevenção, mas com certeza os check-up semestrais para cães mais idosos e anuais para cães mais novos, podem ajudar em um diagnóstico precoce, tendo em vista que as neoplasias prostáticas são altamente metastáticas” completou Nayara.

Flávia Façanha Viana, 36 anos, veterinária especializada em oncologia veterinária conta que a melhor forma de cuidado é o acompanhamento regular dos pacientes, principalmente a partir dos 7 anos.

Segundo Flávia, o exame de toque retal é utilizado para identificar aumento prostático. “Em casos suspeitos de câncer de próstata existe um teste feito por PCR, para identificar se há mutação de um gene chamado BRAF. Esta mutação ocorre em aproximadamente 85% dos carcinomas prostáticos em cães”, afirmou.

Existem diversas abordagens terapêuticas que podem ser realizadas para os casos de câncer de próstata, mas variam a cada caso, como por exemplo tipos de cirurgia, uso de radioterapia, tratamentos medicamentosos, entre outros. A melhor forma de se informar é procurando a avaliação de um veterinário especializado.

Assim como para os seres humanos, é recomendado que os animais pratiquem exercícios físicos e consumam uma dieta balanceada. Lembrando que o diagnóstico precoce normalmente é acompanhado de um melhor prognóstico com maiores possibilidade terapêuticas.

Serviço

O HVEP, serviço veterinário público do DF funciona das 07h30 às 17h, de segunda a sexta-feira e fica na QNF, Parque Lago do Cortado, em Taguatinga Norte.
Para mais informações, o número de WhatsApp do hospital é: (61) 9938-5316

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