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Cães bombeiros do DF que trabalharam em Brumadinho vão se aposentar

Zeca e Thor participaram de inúmeros resgates durante os últimos anos e devem passar para a inatividade nos próximos dias

atualizado

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Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Thor-resgate
1 de 1 Thor-resgate - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

Thor (foto em destaque) é o nome de um herói já conhecido. Mas este, no lugar do martelo, usa seu faro como arma. São cerca de 220 milhões de células olfativas a serviço de um trabalho nobre: encontrar vítimas de desabamentos, deslizamentos e outros desastres. Entre esses está a tragédia de Brumadinho (MG), onde os cães de busca Thor e Zeca atuaram juntos, na lama, à procura de atingidos pelo rompimento da barragem.

Cerca de 10 dias após a catástrofe, os bombeiros do Distrito Federal foram acionados para prestar socorro em Minas Gerais. E lá se foram os dois cachorros. O sargento Oliveira Santos, um dos militares responsáveis pelo treinamento dos animais de busca, esteve na missão e contou o modus operandi das equipes de salvamento no município mineiro.

“Foram 15 dias de trabalho intenso, começando às 6h da manhã e parando de vez só às 17h30. Isso todos os dias, de domingo a domingo. O trabalho era árduo e, como não havia só lama, mas também restos de metais e construções, tanto nós como os cachorros acabávamos nos ferindo”, comenta. Terminado o prazo, o grupo de salvamento retornou ao DF, mas os integrantes acabaram convidados a voltar cerca de um mês depois para a realização de novas buscas. Ficaram lá por mais 15 dias.

As equipes faziam pequenas pausas para descanso a cada uma hora e meia. Um hospital de campanha oferecia suporte ao grupo de salvamento. Uma bateria de exames foi feita após o desastre, e até hoje são feitos e refeitos a fim de averiguar a saúde dos bombeiros e dos cães. Segundo o sargento, todos estão bem.

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Zeca, cão de busca dos bombeiros, está prestes a se aposentar
Os cães ficam na Divisão de Busca e Salvamento
Barragem rompe e deixa mortos e feridos em Brumadinho (MG)
É colocado um cheiro específico dentro de um brinquedo, escondido nos escombros. Quando o cão não alcança, ele late para o bombeiro mais próximo
Para identificar vítimas vivas, os cães se guiam pelo cheiro de suor. Já para as falecidas, o cheiro de cadáver é inserido no treino com o brinquedo
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Thor, cão de busca do Grupamento de Busca e Salvamento do DF

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Zeca, cão de busca dos bombeiros, está prestes a se aposentar

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Os cães ficam na Divisão de Busca e Salvamento

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Barragem rompe e deixa mortos e feridos em Brumadinho (MG)

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É colocado um cheiro específico dentro de um brinquedo, escondido nos escombros. Quando o cão não alcança, ele late para o bombeiro mais próximo

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Para identificar vítimas vivas, os cães se guiam pelo cheiro de suor. Já para as falecidas, o cheiro de cadáver é inserido no treino com o brinquedo

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Sargento Oliveira Santos, treinador de cães de busca e salvamento no DF

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Cão que ajudou em vários casos incluindo o de Brumadinho

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Nove anos de trabalho

Após nove anos de serviços prestados ao Distrito Federal e ao país, Thor terá seu merecido descanso. Um cão de buscas se aposenta, em média, com oito anos de serviço. De acordo com um dos treinadores, retirá-lo de combate nessa idade se faz necessário para que ele possa aproveitar a vida de um “cachorro normal”. “Claro que para eles é tudo apenas uma brincadeira. Eles vão atrás do brinquedo como ensinamos no treinamento. Mas, para nós, é trabalho sério”, completa Oliveira.

O treinamento começa com os bichos ainda filhotes. Os labradores são aqueles a apresentarem comportamento mais indicado para o trabalho, com 1 ano são incorporados ao serviço de resgate. Animais dessa raça são recomendados para tais missões, ainda, por terem pelagem curta, o que facilita a passagem deles por lugares com água e lama. Ademais, têm temperamento dócil e demonstram mais resistência.

Zeca é um exemplo. Completando 10 anos de bombeiros e à beira da aposentadoria, ele ainda esbanja energia e força. “Ele é muito forte, fez um trabalho excelente. É o mais experiente que temos. Ele é o cara!”, elogia Oliveira. Além de Brumadinho, o cão atuou em desastres como as enchentes em Santa Catarina, além de nos desabamentos na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011. Também foi Zeca o responsável por encontrar o corpo de uma vítima do desabamento de um prédio em Vicente Pires, em outubro de 2018.

Zeca já tem para onde ir quando sair da ativa: vai ficar com um de seus treinadores, o sargento Isaac Ferreira. Ao que tudo indica, ano que vem Thor seguirá o mesmo caminho e passará a morar na casa do sargento Oliveira. “É comum os cães acabarem ficando com seus treinadores. São oito ou nove anos de trabalho juntos. É impossível não criar um vínculo”, afirma Oliveira. Ele ainda ressalta ser importante, mesmo após o fim da carreira, os animais se manterem na ativa, com exercícios e uma rotina rica para não perderem a saúde e não ficarem depressivos.

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Barragem rompe e deixa mortos e feridos em Brumadinho (MG)
“São muitos anos de rotina intensa. Eles precisam continuar ativos ao se aposentar, senão morrem”, explica o sargento Oliveira
Zeca nem parece que vai completar 10 anos: é muito forte e experiente
Antes de se aposentarem, os cães são castrados e adotados
“São de oito a nove anos de trabalho juntos. É impossível não criar um vínculo”, afirma Oliveira
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Thor nadando às margens do Lago Paranoá, próximo ao Grupamento do Corpo de Bombeiros

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Barragem rompe e deixa mortos e feridos em Brumadinho (MG)

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“São muitos anos de rotina intensa. Eles precisam continuar ativos ao se aposentar, senão morrem”, explica o sargento Oliveira

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Zeca nem parece que vai completar 10 anos: é muito forte e experiente

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Antes de se aposentarem, os cães são castrados e adotados

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“São de oito a nove anos de trabalho juntos. É impossível não criar um vínculo”, afirma Oliveira

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Thor se aposenta ano que vem e Zeca, já na próxima semana

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Substituto

Apesar da saudade que Zeca deixará no Corpo de Bombeiros, um substituto já está sendo treinado. “É um trabalho que nunca para, pois, infelizmente, as tragédias não param. É o nosso trabalho.”

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