Buracos aumentam lucros de oficinas, que veem procura por reparos crescer 50%. Veja vídeos
Prejuízos para os motoristas podem variar de R$ 500 a R$ 3 mil. Problema nas ruas motivou o projeto #bsburaco, no qual grafiteiros fazem intervenções nas crateras do asfalto. Confira os novos trabalhos, produzidos na sexta (5/2) e no sábado (6)
atualizado
Compartilhar notícia
“É até ruim dizer, mas a desgraça de uns acaba sendo a nossa felicidade.” O relato, sincero e direto de Cleber Portacio, gerente da Impacto Pneus e Rodas, em Taguatinga, reflete o momento vivido por vários centros automotivos especializados no DF. Com a proliferação de buracos nas vias da cidade, motoristas correm para as oficinas mecânicas na intenção de consertar os estragos ocasionados pelas crateras que se abrem no caminho dos moradores da capital durante este período do ano. Empresários estimam um aumento de até 50% no movimento de clientes nas lojas.
“Tem motorista que chega de guincho, porque o carro fica sem condições de rodar”, conta Portacio. A buraqueira sem fim acaba sendo prejudicial, principalmente, para a parte relacionada com a geometria do veículo, que contempla o alinhamento, a direção e a suspensão. Sem contar, é claro, os pneus e rodas, que são os primeiros itens atingidos no momento do impacto.“Todo ano é a mesma coisa. Para se ter uma ideia, o crescimento na procura por alinhamento e balanceamento alcança 50% nesses meses”, calcula Luiz Eduardo da Silva, gerente da Fort Lub. Segundo ele, o valor dos gastos muda de acordo com o modelo de automóvel do cliente e pode variar de R$ 500, quando apenas um pneu e roda são atingidos, e chega a R$ 3 mil, se os danos alcançarem outras peças como suspensão, pivô e amortecedores. Porém, uma coisa é certa: quase sempre quem tem que arcar com o prejuízo é o cidadão.
Motorista relata momento em que caiu em um buraco em via do Lago Sul.
Wanderson Araújo, vendedor da Omega Super Troca, no Gama, calcula que, em outros meses do ano, atende, em média, três clientes por dia com problemas ocasionados pelas crateras. Porém, com a chegada das chuvas e com o consequente aumento das irregularidades no asfalto, esse número dobra neste período do ano. “Perto da oficina, há um buraco enorme. Outro dia, sete motoristas passaram por ele e ficaram pelo caminho. Aí acabaram vindo direto para a loja”, conta.
Teve, inclusive, uma cliente que trocou o pneu num dia e, no outro, retornou com ele furado, porque não conseguiu desviar de um buraco
Wanderson Araújo, vendedor
Há uma semana, coube ao ourives Émerson Maciel ficar no prejuízo quando contornava o balão principal do Recanto das Emas e não viu uma cratera na via. “Tive que trocar os dois pneus, desempenar as rodas e fazer alinhamento. No total, gastei R$ 1.000”, diz. “Sem contar o constrangimento de ficar no meio da rua com minha família”, completa.
O motorista do Uber Rodolfo Marra também teve uma baita dor de cabeça (e no bolso) quando passou, há duas semanas, pela via marginal do Pistão Sul, em Taguatinga. “Havia acabado de receber o chamado de um cliente. Cheguei a desviar de um buraco, mas não vi um outro e tive os dois pneus danificados”, conta. Além do prejuízo de R$ 1.150, Marra ficou dois dias sem trabalhar. “Se não pagamos o IPVA, o carro é recolhido, mas quando entramos com uma ação contra o Estado para sermos ressarcidos por causa dos danos sofridos temos que esperar meses, até anos”, reclama.
O problema que se repete anualmente motivou o projeto #bsburaco, no qual sete grafiteiros da cidade— Ju Borgê, Toys, Omik, Yong, Siren,Gurulino e Rato — promovem intervenções artísiticas nas falhas espalhadas ao longo das ruas e avenidas do DF.
Na madrugada deste sábado (6/2), o grafiteiro Daniel Toys transformou um buraco no balão da Samambaia, próximo ao Sesc. Na sequência, pintou a rua perto do Museu da República. Confira a galeria de fotos:
Ao longo da manhã deste sábado (6), foi a vez do grafite do artista Rato em Sobradinho II:
Na sexta, Pedro Sangeon, artista que criou o personagem Gurulino, também fez intervenções. Uma delas foi em São Sebastião. Confira vídeo: