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Balanço positivo: BRB cresce 18,9% em meio à crise

O Banco de Brasília fechou o balanço do primeiro semestre de 2019 com lucro líquido de R$ 160,9 milhões

atualizado

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Prédio do BRB no Setor de Bancário Sul – Brasília – DF 04/11/2015
1 de 1 Prédio do BRB no Setor de Bancário Sul – Brasília – DF 04/11/2015 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O Banco de Brasília (BRB) fechou o balanço do primeiro semestre de 2019 com lucro líquido de R$ 160,9 milhões. O valor representa um crescimento de 18,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O resultado faz parte da demonstração financeira apresentada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nesta quarta-feira (28/08/2019).

Essa é a primeira divulgação de resultados após a crise provocada no banco público devido às investigações da Operação Circus Maximus, que  apura a prática de crimes contra o sistema financeiro, corrupção e lavagem de dinheiro iniciados em 2014, portanto, todos referentes à gestão anterior, que levou ex-dirigentes à prisão.

Devido ao período das análises, apresentação de documentos à polícia e ao foco em dar transparência às operações, dois dos três balanços da instituição financeira estavam pendentes. Por isso, a demonstração apresentada nesta quarta-feira (28/08/2019) traz os números de 2018, do primeiro e do segundo trimestre de 2019. De acordo com os dados, na iminência de completar 53 anos, o BRB bateu recordes. Saiu de uma situação de crise para o maior resultado da história no acumulado de um um primeiro semestre e em um trimestre.

“São três demonstrações, das quais duas estavam pendentes em função das investigações que estávamos conduzindo. Temos um resultado de R$ 160,9 milhões de lucro líquido em seis meses. Quando falamos do segundo trimestre de 2019 (abril, maio e junho), o lucro líquido é de R$ 95,3 milhões, um crescimento de 45,3% em relação ao primeiro trimestre deste ano e de 69,6%, comparado com o segundo trimestre de 2018”, ressalta o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa.

Dessa forma, o patrimônio líquido dos últimos 12 meses alcançou R$ 1,50 bilhão, em junho de 2019. No mesmo mês de 2018, o acumulado era de R$ 1,38 bilhão, o que representa crescimento de 8,5%.

Estratégia

Para chegar aos dados positivos, o banco controlou gastos e se reposicionou estrategicamente. Lançou novos produtos, reviu taxas de juros, buscou clientes, aumentou a carteira de crédito e atuou na recuperação de créditos. Enquanto o BRB reduziu despesas administrativas em 4,2%, aumentou sua base de clientes em 5,4% e ampliou a receita com tarifas e operações de serviço em 10,2% no segundo trimestre de 2019 em comparação ao mesmo período do exercício anterior.

“O banco teve uma exposição de imagem negativa em relação à Operação Circus Maximus. Trabalhamos duro para que a investigação forense avançasse e apurar os fatos que levaram a essa situação. Fizemos um conjunto de ações internas, de controle, criamos um programa de integridade, que está aprovado e será lançado com 63 ações. Elas visam o fortalecimento do controle, da governança , o estímulo à conduta ética e o aumento de transparência do banco”, completou Costa.

Programa para os superendividados

As tratativas iniciadas em fevereiro de 2019 para servidores com comprometimento de suas rendas superior a 50%, os chamados superendividados, tiveram resultado. As condições especiais de juros e parcelamento para os superendividados gerou 5 mil contratos em um público de 8 mil pessoas. Ao todo, foram renegociados R$ 450 milhões em dívidas.

O programa contempla ainda educação financeira para as pessoas que entraram nessa situação. Em uma agência específica do BRB, elas recebem consultoria financeira para que o problema não volte a ocorrer.

A recuperação de crédito se manterá como uma política do banco, aliada a outras iniciativas. Em entrevista ao Metrópoles, o presidente do BRB falou do balanço e adiantou planos para o futuro. Comentou sobre parcerias, investimentos, o papel do BRB como banco público e de fomento.

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
Paulo Henrique Costa: atual gestão investe em transparência

 

O BRB cresceu no acumulado dos primeiros seis meses? E os resultados dos trimestres?

Em relação ao primeiro semestre de 2018, tivemos um crescimento de 18,9%. O resultado é de R$ 160,9 milhões de lucro líquido, o maior recorrente da história do BRB. Divulgamos três demonstrações, pois duas estavam pendentes em função das investigações que estávamos conduzindo. Gostaria de focar nos números do segundo trimestre. Nesse período, o lucro foi de R$ 95,3 milhões, um crescimento de 45,3% em relação ao primeiro trimestre deste ano e de 69,6% comparado com o segundo trimestre de 2018. Esses também são os maiores da história, considerando a análise trimestral.

Em janeiro deste ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Circus Maximus. As investigações apontaram supostas irregularidades praticadas pela antiga gestão no BRB envolvendo fundos de investimentos, com a atuação de agentes públicos, empresários e agentes financeiros autônomos. A movimentação em propina teria sido de R$ 40 milhões. Isso prejudicou a imagem do banco?

Sim. Houve uma exposição negativa de imagem e credibilidade. Nosso trabalho foi apurar os fatos que levaram a essa situação e atuar com um conjunto de ações para reverter os problemas e mostrar à população o papel do Banco de Brasília. Mesmo diante da crise e em um cenário econômico pouco favorável, conseguimos bons resultados. Vamos fortalecer ainda mais a conduta ética e a transparência do BRB, com um conjunto de 63 ações que será lançado em breve.

Como chegou aos números positivos?

A principal ação foi o reposicionamento estratégico do banco. O BRB pensou novos produtos, reviu as taxas de juros, buscou clientes, aumentou significativamente a carteira de crédito e atuou na recuperação de crédito. Existiam várias operações em atraso que recuperamos no segundo trimestre. Reajustamos todo o portfólio de crédito, o consignado continuou a ser o carro-chefe, mas também revimos o crédito rural e o crédito imobiliário, lançamos financiamento de lotes e um produto de investimento. Esse reposicionamento fez com que a gente voltasse a crescer no crédito.

Como banco público, qual é hoje o papel do BRB no desenvolvimento de políticas públicas?

Estamos trabalhando no fortalecimento do nosso papel como banco de desenvolvimento e principal banco de políticas públicas do DF. No primeiro semestre, voltamos a operar o cartão material escolar, estamos assumindo o sistema de bilhetagem, estamos atuando com a integração com diversas secretarias do GDF. Temos uma estratégia para a população perceber que o BRB agrega valor. É um banco que investe tudo que gera de resultado na capital.

Além de aumentar a quantidade de clientes em 5,4%, qual produto teve destaque no balanço?

Estamos produzindo três vezes mais crédito consignado do que no mesmo período de 2018. Aumentamos também em três vezes a venda de cartão de crédito. No início do ano, vendíamos 80 cartões por dia. Neste mês, estamos vendendo, em média, 700 cartões. Nos primeiros seis meses, foram 25 mil cartões. Isso alimenta o aumento dos negócios e a gente consegue ver no balanço. Nossa receita com tarifas e operação de serviços cresceu 10,2% na comparação do segundo trimestre deste ano com o ano passado: aumentou de R$ 88 milhões para R$ 97 milhões.

Houve corte de gastos?

Sim. Nossas despesas administrativas caíram 4,2%. Conseguimos reduzir gastos com terceiros, com processamento de dados, custeio, manutenção e tecnologia. A política de pessoal também fez a folha crescer 1,8%, abaixo do acumulado da inflação do período de 3,75%. Abrimos o Programa de Demissão Voluntária, que teve 134 adesões.

O BRB terá novidades até dezembro deste ano?

A maior novidade é a revisão de todas as taxas de juros e tarifas em setembro, que é o nosso mês de aniversário de 53 anos. Na sequência, devemos lançar nossa plataforma digital de investimentos para que clientes tenham um BRB completo. No último trimestre, vamos ter um novo aplicativo para smartphones.

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