Brasilienses lamentam morte de amigo em caverna na Tailândia
Camila Nicolau e Guilherme Pahl integravam equipe esportiva de Saman Kunan e o descreveram como “companheiro, solidário e sempre motivador”
atualizado
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“Companheiro, motivador e sempre solidário”. Essas foram as palavras usadas pelo casal brasiliense Camila Nicolau, 32 anos, e Guilherme Pahl, 37, para descrever o amigo Saman Kunan, 38. O mergulhador tailandês voluntário morreu, na sexta-feira (6/7), após entrar na caverna na tentativa de salvar 12 adolescentes e um treinador de futebol.
O gesto altruísta do esportista comoveu o mundo. Segundo o comandante Arpakorn Yookongkaew, da força SEAL da Marinha, enquanto voltava da caverna para o centro de controle, depois de levar suprimentos para o grupo, Saman sofreu com uma drástica perda de oxigênio e não conseguiu retornar ao local.
O casal brasiliense compartilhava com o tailandês a paixão por um esporte: corrida de aventura. A categoria esportiva é marcada por longas competições que envolvem atividades exaustivas como corridas, circuitos de bicicleta e canoagem. Camila conta ter sido durante um desses “rallys humanos” que ela e o marido conheceram Saman.
Em 2012, viajaram até a China para a disputa de uma das edições desta categoria. No país asiático, conheceram o gerente de equipe Ryan Blair, responsável por “garimpar” atletas para o grupo The North Face Adventure Team. Saman era um dos integrantes do time.
Foi Ryan quem nos convidou para fazermos parte da equipe e começamos todos a conversar e se comunicar via rede social. Foi lá que ficamos amigos e nos conhecemos, mas sem nos encontrarmos pessoalmente”, explica Camila.
Só em 2016, em uma corrida na Malásia, que o casal pôde enfim conhecê-lo. “Já éramos praticamente amigos. Sempre foi muito companheiro, mesmo distante e sem nos vermos, motivando a todos do grupo. Ele era muito solidário e disposto a ajudar o próximo. Estava sempre positivo e disponível”, contou Camila.
“Planos congelados”
Quando souberam da notícia do falecimento, lamentaram a perda do amigo. “Mas o que vemos como uma tragédia é, na verdade, um momento de elevação e comoção muito grande, reverenciado por seus familiares”, disse Camila.
De acordo com a brasiliense, por ser budista, gestos altruístas vindos de Saman nunca foram novidade. “Deu a vida a uma causa maravilhosa”, orgulha-se a atleta.
O casal planejava retornar ao país asiático para mais uma competição. Porém, após a notícia trágica, não sabe se conseguirá ir até a China. “Estamos de luto. Nossos planos de competir novamente congelaram por um tempo e depois vemos o que iremos fazer”, contou.
O resgate
Nesta terça (10), todos os 12 meninos e o treinador foram resgatados com sucesso da caverna no norte da Tailândia, onde ficaram por 17 dias. O grupo segue internado em uma unidade hospitalar nas proximidades. De acordo com as autoridades locais, a preocupação agora gira em torno de possíveis infecções provocadas pelas condições precárias em que viveram nas últimas semanas.