Brasilienses fazem peregrinação por túmulos de Ana Lídia, JK e Roriz no Dia de Finados
Sepultura de personalidades famosas na história da capital federal receberam visita de amigos, familiares e anônimos nesta segunda-feira
atualizado
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Familiares e amigos levaram orações e carinho para o túmulo de Ana Lídia, nesta segunda-feira (2/11), Dia de Finados. A menina foi sequestrada e morta em 11 de setembro de 1973, na saída do colégio onde estudava, no Plano Piloto. A criança foi encontrada em uma cova rasa, no dia seguinte. O crime chocou o país, por conta da crueldade e impunidade do caso. Ninguém foi condenado.
Lúcia Ribeiro, 60 anos, e o marido, o marmorista Antônio Cícero Mendes, 72 anos, visitaram o túmulo de Ana Lídia, em um gesto de amor. Segundo Lúcia, Ana Lídia concedeu uma graça à sua família. “Minha nora estava esperando minha neta. E ela sempre vinha aqui (no túmulo de Ana Lídia). E pedia muito para a filha nascer bem e com saúde”, conta ela.
A nora de Lúcia teve uma gestação conturbada. A equipe médica, que fez o pré-natal e a acompanhou durante os nove meses pré-parto, disse que era uma gravidez de risco. Para a alegria da família, a pequena “nasceu perfeita”, e os créditos são dados a Ana Lídia pela graça alcançada. “Desde estão nunca deixamos de vir todos os anos. É sagrado”, contou Lúcia.
O coração de Antônio é repleto de sentimentos bons e piedade por Ana Lídia. “Ela era uma criança. Não merecia o que aconteceu”, resumiu. Com os olhos tomados por lágrimas, ele ora pela menina.
“Nas minhas orações, peço que Deus a proteja. E que ele proteja as crianças”, afirmou com a voz embargada. Dona Lúcia também pelo conforto para Ana Lídia. “Que ela fique nos braços de Jesus. Peço muito. Essa criança morreu muito inocente. Ela é um anjo. Que o Senhor fique com ela sempre nos braços”, disse.
JK e Roriz
Os túmulos do ex-presidente e fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek, e do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz receberam visitas e orações de muitos cidadãos brasilienses neste Dia de Finados. Em função da pandemia, o público foi menor na comparação com anos anteriores, mas não faltou emoção e homenagens.
A dona de casa Elenita Araldi, 51 anos, visita frequentemente o túmulo de JK. “É uma lembrança, não é?”, comentou. Nascida no Paraná, Elenita mora em Brasília há 8 anos.
A auxiliar de serviços gerais Maria Vivian Terecio Cruzeiro, 40 anos, se emocionou em frente do túmulo de Roriz. “Nunca mais teremos um governador como ele. Como cidadão, foi exemplar. Ele pensava mais no povo do que nele mesmo. Eu nunca tive nada dado por ele. Mas tenho família, e se hoje eles têm uma casa é por causa dele” comentou.
“Ele olhava para as pessoas, como olhava para os filhos dele. Ele pensava em ajudar os pobres. É tanto que hoje se a Samambaia existe, porque eu moro lá. É por causa dele. Se a maioria das pessoas tem um teto digno, é por causa dele”, completou.
Coronavírus
De acordo com o Decreto nº 41.392, de 28 de outubro, o distanciamento social mínimo de dois metros entre pessoas e grupos de visitantes precisa ser respeitado, com risco de punição. Os grupos, formados por núcleos familiares, por exemplo, devem ter, no máximo, seis pessoas.
De máscara, e respeitando a recomendação do distanciamento social na pandemia, brasilienses prestaram homenagens aos parentes e amigos falecidos neste Dia de Finados (2/11), nos cemitérios do Campo da Esperança. Poucas pessoas não respeitaram as recomendações de prevenção contra o novo coronavírus.
Nós arredores do cemitério, ambulantes montaram pontos de venda de flores, velas, respeitando o distanciamento para evitar aglomerações. De máscara, Cida Ribeiro, vendedora de flores, atendia com carinho cada cliente. Há 15 anos, ela trabalha no feriado. Neste ano, ela presenciou o menor movimento em toda carreira.
Servidores da Secretaria do DF Legal fiscalizavam a atividade dos vendedores ambulantes, nos arredores dos cemitérios. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) mobilizou equipes para garantir a segurança da população e evitar aglomerações.
Caso Bernardo
O caso do menino Bernardo da Silva Marques Osório, de 1 ano e 11 meses, que foi assassinado pelo próprio pai, Paulo Roberto de Caldas Osório, 45 anos, chocou o Brasil no ano passado. A barbárie teve ampla divulgação na mídia nacional, pela crueldade. O menino foi envenenado.
O corpo do pequeno também foi enterrado no cemitério Campo da Esperança na Asa Sul. Segundo funcionários do local, a sepultura da criança tem sido cuidada com zelo pela família. A grama está viva, aparada e o túmulo está limpo. Nos corações da população, não falta caridade e desejo de paz para o pequeno Bernardo.