Brasilienses enfrentam fila e medo para tomar vacina contra Covid-19
Ouvidos pelo Metrópoles, moradores dizem preferir tomar a AstraZeneca a ficar sem qualquer tipo de imunização
atualizado
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Os brasilienses decidiram atender ao chamado da Secretaria de Saúde do DF para receber a vacina contra a Covid-19, independentemente do fabricante, na manhã desta terça-feira (20/4). A pasta havia registrado uma queda na procura pelo imunizante da AstraZeneca nos últimos dias na capital do país. Em raríssimos casos, houve registros de problemas vasculares após a aplicação da vacina.
Na UBS 1 de Taguatinga, as pessoas com 64 anos ou mais na fila para tomar a primeira dose da vacina AstraZeneca estavam ansiosas. “Eu vim querendo tomar a Coronavac, mas minha dose vai ser AstraZeneca. Eu tenho receio, mas vou tomar”, contou a aposentada Amélia Gonçalves, 64 anos. A moradora de Taguatinga disse que está feliz de ter chegado sua hora de vacinar.
Estáquio da Silva, 64 anos, afirmou ao Metrópoles que não tem medo de tomar a vacina. O morador da zona rural de Brazlândia disse que estava aguardando por sua vez. “Independentemente do fabricante, eu tenho que tomar.”
Leonilda da Rocha, 65 anos, estava com medo de não tomar a vacina. “Medo de vacinar eu não tenho não, tenho medo de ficar sem vacina”, contou. A cabeleireira ressaltou que aguarda ansiosa, agora, pela segunda dose: “Estarei aqui sem falta”.
Osana Cordeiro, 70 anos, também informou não ter medo de tomar a AstraZeneca. “Chegou minha vez e eu vim correndo, sem medo algum. O importante é imunizar”, finalizou a moradora de Taguatinga aposentada.
Na Unieuro, em Águas Claras, mais de 100 carros esperavam na fila do drive-thru para a vacinação. Além da imunização da faixa etária a partir de 64 anos, a unidade espera receber os 400 agentes de segurança marcados para hoje.
Enfermeiros ouvidos pela reportagem contaram que, semana passada, cinco idosos se recusaram a tomar o imunizante da Fiocruz. “Muitos chegam aqui e quando descobrem que a vacina é AstraZeneca, vão embora”, disseram.
Gessie Tavares, 68 anos, estava na fila com o filho para tomar a segunda dose da Coronavac. “Estou ansiosa para que a vacina chegue em todas as idades logo. Todo mundo tem que ser vacinado”, disse a aposentada.
Maria Gomes da Silva, 64 anos, aproveitou a carona de Gessie para também receber a segunda dose do imunizante. As duas são vizinhas e moradoras de Águas Claras. “Eu estou super feliz. Estava aguardando esse dia”, se animou a aposentada.
Vacina é segura
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, vêm garantindo que a fórmula é segura e o evento adverso – formação de coágulos, bastante raro. Até aqui, a taxa é de um caso relatado a cada 1 milhão de doses da vacina contra Covid-19 aplicadas. Além disso, os coágulos nem sempre são fatais e podem ser solucionados com tratamento.
Outro argumento usado para dirimir eventuais inseguranças é que o risco de ser contaminado pelo coronavírus e falecer em decorrência da Covid-19 é bem maior do que o de morrer por causa de um coágulo. De acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, a chance de apresentar um coágulo sanguíneo que cause trombose venosa cerebral (TVC) é de oito a 10 vezes maior depois de ter Covid-19 do que após tomar vacina.
O efeito adverso, entretanto, está sendo incluído na bula da fórmula na maioria dos países, e as autoridades de saúde têm alertado para que as pessoas vacinadas estejam atentas para sintomas relacionados à formação de coágulos nos 20 primeiros dias após a imunização. Caso o paciente sinta falta de ar, dor no peito, inchaço nas pernas, dor abdominal persistente, sintomas neurológicos (dor de cabeça forte e visão borrada) ou apresente pequenos pontos de sangue debaixo da pele na região onde a vacina foi aplicada deve procurar atenção médica urgente.
A formação de coágulos sanguíneos não é algo incomum, e pode acontecer em pessoas com problemas de coagulação ou que passem muito tempo sentadas, por exemplo. Pessoas acima do peso, que têm mais de 60 anos de idade, gestantes e fumantes estão entre as mais vulneráveis à trombose venosa profunda, termo técnico que designa a condição. Outros fatores de risco para a formação de coágulos incluem uso de pílula anticoncepcional, câncer, insuficiência cardíaca, varizes e desidratação.
Os coágulos mais comuns aparecem nos braços ou nas pernas. Os mais graves se localizam no cérebro e no abdômen. O risco seria o desprendimento do trombo e sua queda na circulação sanguínea, o que poderia provocar uma embolia pulmonar ou um AVC (acidente vascular cerebral).
Eventos adversos
Segundo a Secretaria de Saúde, até o dia 18/04 foram notificados no sistema 1.700 casos de eventos adversos associados temporalmente às vacinas contra Covid-19: 1.120 relacionados à vacina Coronavac e 546 à AstraZeneca.
Do total, 34 eventos foram encerrados como erro de imunização, pois o usuário foi vacinado de maneira inadvertida com as duas vacinas contra a Covid-19. Em um caso, o intervalo entre as doses foi inferior a 14 dias, sendo então a segunda dose considerada inválida.
Até o momento, 476 fichas foram analisadas e encerradas. Após avaliação de causalidade, 93 casos foram classificados como causados por outros fatores que não as vacinas, e 379 casos foram associados aos imunizantes.
Em relação à Coronavac, 211 casos foram classificados como não graves, 42 erros de imunização (4 com evento não grave associado) e 3 graves,
pois houve internação por mais de 24 horas. Entre os sintomas apresentados após a vacina, no geral, 116 pessoas relataram cefaleia, 47 mialgia, 35 diarreia e 11 reação de hipersensibilidade cutânea.
Já com relação à AstraZeneca, 80 foram classificados como não graves, 8 erros de imunização (2 com evento não grave associado), e 1 grave, pois o usuário apresentou paralisia facial periférica. Os sintomas mais relatados foram: cefaleia (40), mialgia (35), febre (21) e reação no local de aplicação (18).
Vinte e dois óbitos foram notificados por estarem temporalmente associados à Coronavac e nove óbitos associados temporalmente à AstraZeneca. Após investigação, foi concluído que os 31 óbitos foram coincidentes com as vacinas, e não causados por elas.