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Economia e qualidade de vida: brasilienses trocam o carro pela bike

Brasilienses que pedalam no cotidiano comentam sobre a qualidade de vida, a economia e o prazer proporcionados pelo hábito de andar de bike

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1 de 1 ciclistas-6 - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Diariamente, é comum ver ciclistas profissionais e amadores circularem de bicicleta pelas ruas do Distrito Federal, seja em vias internas, de quadras nas regiões administrativas, ou pelos 675 quilômetros da malha cicloviária da capital do país.

Enquanto alguns deles usam a bike para fazer passeios ou deslocamentos mais curtos, outros optam por esse meio de transporte para se deslocar diariamente aos locais de estudo ou trabalho.

Na semana do Dia Nacional do Ciclista, celebrado em 19 de agosto, o Metrópoles descreve três histórias de quem optou por abrir mão do carro e desistiu de enfrentar transtornos com o transporte coletivo para adotar a bike – um meio mais ecológico e saudável – como principal forma de locomoção.

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Alan Clecio, 36, vai de bike para o trabalho há oito anos
Ele percorre cerca de 15 km
Alguns trechos não têm ciclovia
Júlio César dos Santos, 46, vai da QNL ao P Sul
Ele começou por causa do filho
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Luigi Bellei, 26, pedala desde os 18

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Alan Clecio, 36, vai de bike para o trabalho há oito anos

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Ele percorre cerca de 15 km

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Alguns trechos não têm ciclovia

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Júlio César dos Santos, 46, vai da QNL ao P Sul

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Ele começou por causa do filho

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Hoje, faz trilhas e até cicloviagens

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Júlio passou 14 dias pedalando de Brasília (DF) a Juazeiro do Norte (CE)

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O economista Luigi Bellei, 26 anos, escolheu a bicicleta em 2016, quando ia para a faculdade na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Depois de se mudar para Brasília (DF), em 2022, o desejo de pedalar só aumentou.

“Lá em Florianópolis [SC], há muitos morros. O clima é úmido, e eu chegava suado e cansado nos lugares. Aqui [no DF], o clima é quase sempre linear, e a cidade é plana. É muito agradável e estimulante andar de bicicleta por aqui”, contou.

Todas as manhãs, Luigi sai de casa, na 912 Norte, e pedala até o trabalho, no Setor Hoteleiro Norte. “Eu realmente me sinto mais feliz por ir de bicicleta. É um momento em que eu posso estar em movimento, diferentemente do resto do dia, em que, provavelmente, estarei parado no escritório ou em sala de aula. Faz muito bem para meu corpo e para minha saúde mental”, ressaltou o economista.

Luigi faz o trajeto de casa ao trabalho em 40 minutos. Ele conta que consegue reduzir o tempo às vezes, mas costuma ir devagar para curtir a paisagem e a música. “Onde há ciclovia, é super possível ouvir algo nos fones de ouvido. Esse é o momento em que minhas ideias fluem. Não abro mão [de pedalar] de maneira alguma”, acrescentou.

“Sem dúvida, para mim, é mais confortável ir de bicicleta do que de carro. A bike me dá um gás para o resto do dia e até me ajuda a ser mais de bem com a vida. Sem contar a linda natureza que é possível observar na ciclovia da Asa Norte. Impagável para mim”, descreveu.

Incentivo no trabalho

Assim como Luigi, o servidor público federal Alan Clécio (foto em destaque), 36, pedala há oito anos, em vez de usar carro, motocicleta ou ônibus. E a distância que ele percorre é maior: vai do Núcleo Bandeirante à Esplanada dos Ministérios, em um trajeto aproximado de 15 quilômetros.

Em média, são 27 minutos, para chegar ao trabalho. “Passei a inserir a bicicleta como meio de transporte em meu cotidiano em 2016. À época, o órgão em que trabalho fez uma campanha para incentivar os servidores a irem de bicicleta. Eles disponibilizaram vestiário e bicicletário para isso, com a ideia de reduzir a emissão de poluentes”, contou Alan.

A campanha fez diferença na vida do servidor. “Desde então, faço esse percurso [de casa para o trabalho] de bike e, para mim, é muito bom. Faço minha atividade física diária e economizo tempo e dinheiro, porque não fico preso em trânsito nem gasto com gasolina”, comparou.

Viagens interestaduais

Fora do Plano Piloto, também há casos em que a população preferem a bicicleta para se deslocar ao trabalho. O ciclista Julio César dos Santos, 46, por exemplo, trabalha como soldador em uma empresa no P Sul, em Ceilândia.

Morador da QNL, em Taguatinga Norte, Júlio César pedala de uma região a outra. “Faço isso há cinco anos e meio. Comecei por necessidade, pois meu filho era pequeno, e eu usava o dinheiro da passagem dado pela empresa para comprar coisas a ele”, disse o soldador.

Porém, a prática da atividade física motivou Júlio César a pedalar para mais longe. “Hoje, sou ciclista por amor e até faço cicloviagens. Em 2022, passei 14 dias pedalando, de Brasília a Juazeiro do Norte, no Ceará”, acrescentou.

Todo o trecho feito pelo soldador para ir do trabalho para casa e vice-versa conta com ciclovias. “Eu levo uns 18 minutos. Sem a pista exclusiva para as bicicletas, eu teria de dividir espaço com os carros e gastaria uns 25 minutos”, calculou.

Problemas estruturais

Apesar dos benefícios individuais e para o meio ambiente proporcionados pelo hábito, nem tudo é fácil para quem opta por pedalar pelas ruas do Distrito Federal. Enquanto Júlio leva vantagem por ter uma pista exclusiva para bicicletas à disposição no trajeto que percorre, Alan, por outro lado, enfrenta dificuldades em alguns trechos.

“A única desvantagem que vejo hoje em pedalar é que eu não consigo fazer todo o percurso em ciclovias. Quando saio do Núcleo Bandeirante, há ciclovia, mas ela acaba na Candangolândia. Só volto a encontrar uma na L4 Sul. E, ainda assim, de lá até a Esplanada, há trechos sem espaço [para bicicletas]”, contou o servidor público, que acaba obrigado a se arriscar ao dividir espaço nas pistas com veículos maiores.

Luigi também precisa pedalar entre carros, por mais que o trecho percorrido seja curto e no Plano Piloto, devido à falta de ciclovias ou à baixa qualidade de algumas das existentes na capital federal. “É inegável a necessidade de haver melhorias urbanas para quem anda de bicicleta. Meu trajeto até o início da Asa Norte é ótimo. Depois, porém, começa a apertar, eu sou obrigado a dividir a estrada com os veículos”, observou.

Acidentes com morte

As críticas levantadas pelos ciclistas entrevistados pela reportagem jogam luz aos casos recentes de acidentes sofridos por quem pedala nas vias do Distrito Federal.

No último dia 18, o pioneiro de Brasília Edilson Gonçalves Vieira, 86 anos, morreu atropelado por uma caminhonete, em frente à igreja que frequentava, no Gama.

A família de Edilson relatou que, todo domingo, a vítima de bicicleta visitar o irmão, a cerca de 700 metros de onde morava. Na última quarta-feira (21/8), a Justiça do Distrito Federal concedeu liberdade provisória ao motorista, identificado como Roberto da Silva Santana, 49.

Dias antes, em 1º de agosto, um jovem de 20 anos foi atropelado por um pastor, de 63, na BR-080, na altura de Brazlândia. A vítima dividia espaço com os carros, quando foi atingida por um automóvel. O motorista do automóvel fugiu sem prestar socorro, mas foi preso no dia seguinte. Os envolvidos não tiveram o nome divulgados.

Em 3 de agosto, na BR-020, em Planaltina, outro ciclista perdeu a vida, após ser atropelado por um carro de passeio. A vítima, que também não teve o nome divulgado pelas autoridades, morreu na hora.

Morte de brasiliense marca a data

O Dia Nacional do Ciclista existe há seis anos. A Lei Federal nº 13.508/2017 instituiu a data como forma  de homenagear os ciclistas do país.

O dia 19 de agosto foi escolhido, pois, na mesma data, em 2006, o ciclista e biólogo Pedro Davison foi atropelado por um motorista embriagado, no Eixão Sul. A vítima tinha 25 anos.

O data também marca o dia do aniversário da filha de Pedro, Luiza Davison, atualmente com 26 anos. A jovem é atriz e protagonista do curta-metragem Lulu Vai de Bike, que celebra a história do pai.

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