BR-020 é a que mais mata no DF. Veja rodovias com maior número de acidentes de trânsito
Apesar de 2020 ter contado com menos carros nas ruas, devido à pandemia, quase não houve redução em número de ocorrências
atualizado
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A BR-020 foi, por mais um ano, a rodovia federal que acumulou mais acidentes com mortes na capital do país. Em 2020, segundo números da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 20 óbitos registrados nos 54 quilômetros da via que corta a parte norte do Distrito Federal: sete a mais que no ano anterior.
Utilizada tanto por aqueles que desejam sair do Plano Piloto para chegar a Sobradinho e Planaltina como por quem viaja em direção ao Nordeste do Brasil, a via é frequentemente alvo de chamados de socorro. Em 2020, 392 pessoas ficaram feridas em decorrência de sinistros ocorridos na rodovia.
Neste ano, a tendência continua. Em um caso recente, uma caminhonete colidiu com uma rocha do canteiro central da BR-020, deixando quatro pessoas feridas. Outra ocorrência terminou em morte, quando uma mulher colidiu com um poste, na altura de Planaltina.
Para Pamela Vieira, chefe da comunicação da PRF, a concentração de acidentes graves e mortes nesta parte do DF é devido à característica urbana de uma via de alto movimento.
“É a história da cidade sendo cortada por rodovia. As pessoas atravessam a rua, os carros atravessam todas as faixas para tentar pegar o retorno… Por isso a maioria das colisões que temos por lá é lateral”, explica.
Outro problema é a velocidade. Mesmo com radares, a maioria dos condutores só retira o pé do acelerador quando vê o conhecido pardal.
“Depois disso, já aceleram de novo. Há trechos de aclive e declive, nos quais os motoristas não reduzem. Infelizmente não conseguimos dar conta de fiscalizar toda a extensão dela. Precisamos que as próprias pessoas tenham noção do perigo”, afirma Pamela Vieira.
A segunda rodovia em número total de acidentes e mortes, mas primeira na média por quilômetro dentro do DF, é a BR-070, que segue para a parte oeste da capital. Foram oito mortos e 283 feridos em 2020, em trecho bem menor comparado à 020, apenas 14 quilômetros.
Neste caso, a PRF identificou que o trecho do Km 00 ao 10, entre Estrutural e Setor O, como ponto crítico. Conforme explica Pamela, a fiscalização não vinha sendo suficiente.
“Os principais acidentes eram do tipo colisão traseira, colisão lateral, saída de pista e colisão transversal. Fizemos uma análise e propusemos uma parceria com o DER [Departamento de Estradas de Rodagem] para efetuar a reversão das faixas no sentido contrário, nos horários de pico”, detalha.
A ação foi posta em prática e, no trecho da reversão, ocorrida em outubro, houve redução de 53,85% no total de acidentes e de 64,29% na quantidade de feridos.
Confira os dados:
Número de acidentes quase igual a antes da pandemia surpreende
Outro dado que chama atenção no levantamento é a redução ínfima do número de acidentes entre 2019 e 2020, um ano que contou com grande redução de veículos nas ruas após o surgimento do novo coronavírus. Foram 1.089 acidentes num ano e 1.040 no seguinte, respectivamente. Os custos das ocorrências registradas no ano passado foram calculadas em R$ 137 milhões pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Mônica Velloso, ex-diretora geral do DER-DF e professora de Transportes e Meio Ambiente do UniCeub, diz que esperava uma diferença maior com a pandemia, mas lista variáveis que podem ter interferido nos registros de sinistros.
“Se o volume de veículos diminuiu, a velocidade de quem ainda trafegava pode ter aumentado e causado mais acidentes. Ou então, foram menos carros de passeio, mas as motos podem ter aumentado a participação nesses casos, pelo alto número de entregas”, sugere.
Segundo o diretor executivo da CNT, Bruno Batista, se por um lado os acidentes não apresentaram redução expressiva, as mortes tiveram queda considerável. O total de óbitos é o menor registrado desde 2007, segundo levantamento da entidade. “Saiu de 54 em 2019 para 39 no ano passado. Os acidentes, pelo menos, foram menos graves”, ressalta.
O que diz o Dnit
Procurado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela fiscalização das rodovias federais, informou empregar “uma abordagem que envolve engenharia, educação e aplicação das leis”.
Na área de engenharia, o órgão diz que os projetos de implantação e manutenção das rodovias federais têm por premissa “a segurança e o conforto dos usuários”. Isso, segundo a nota enviada ao Metrópoles, “se traduz em obras de duplicação, eliminação de pontos críticos” e outros.
Do ponto de vista da educação, o foco é em “ações educativas nas rodovias e nas escolas localizadas próximo à rodovias. Também participa de campanhas como o Maio Amarelo, Semana Nacional do Trânsito e blitz educativas”.
Por fim, do ponto de vista da aplicação das leis, o DNIT “fiscaliza excesso de velocidade e de peso nas rodovias federais sob sua administração.”