Bombeiros usam cães para procurar cabeça de vigilante assassinado
Militares colocaram cachorros para farejar o aterro sanitário, em Samambaia, mas o excesso de odores prejudicou o trabalho dos animais
atualizado
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Com ajuda de cães farejadores, militares do Corpo de Bombeiros tentaram encontrar a cabeça do vigilante esquartejado no Aterro Sanitário de Brasília, situado às margens da DF-180 de Samambaia. Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida, 32 anos, foi assassinado no sábado (09/11/2019) por um casal e teve partes do corpo cortadas e jogadas em locais distintos da região administrativa.
Os cachorros chegaram a ser soltos no local destinado ao depósito de lixo, mas tiveram o trabalho prejudicado devido ao excesso de odores.
O homem e a mulher suspeitos de cometer o crime brutal tiveram a prisão temporária decretada por 30 dias nesta terça-feira (12/11/2019). Segundo as investigações conduzidas pela 32ª Delegacia de Polícia (Samambaia Sul), a vítima teria tido um relacionamento com a mulher e, no sábado, após voltar do trabalho, supostamente passou na casa dela. A suspeita não aceitava o fim do namoro e teria armado uma emboscada para Marcos Aurélio, com a ajuda de um comparsa.
O vigilante foi esfaqueado e mutilado. Para encobrir o crime, os pedaços do corpo foram colocados em sacos plásticos e descartados pelas quadras da cidade.
Família cobra justiça
Familiares do vigilante mostram revolta com o crime. A mãe de Marcos Aurélio, Sônia Maria Rodrigues de Almeida, 56, não se conforma com a crueldade. “Eu quero justiça, só justiça. Só vou ter paz e sossego quando eu ver a pessoa na cadeia”, chora.
“O que fizeram com ele não tem perdão. Tiraram um pedaço da minha vida. Eu só tinha ele e outra filha [Marcele]. Eu era pai e mãe deles, criei sozinha”, afirma Sônia. Ela não come ou dorme direito desde sábado (09/11/2019). Na manhã daquele dia, Marcos fez o último contato, dizendo que estava saindo do trabalho e indo para casa.
Na madrugada de quarta-feira (13/11/2019), a PCDF encontrou uma coxa que pertenceria a Marcos, na Quadra 325. Estava em um beco no Conjunto 2 da quadra. Outras partes de Marcos Aurélio foram localizadas desde o início da semana. O tronco do segurança estava em um saco de lixo localizado na manhã de terça-feira (12/11/2019), em um bueiro na QR 327. Na segunda (11/11/2019), foram achados os braços e as pernas (abaixo do joelho). A cabeça ainda não foi encontrada.
Por toda essa crueldade, Sônia exige que os responsáveis sejam presos. “A dor que eu estou passando nunca vai acabar, mas quem fez isso vai pagar. Não quero que outra mãe sofra o que eu estou sofrendo”, diz a mãe. “Eu confio nos policiais de Brasília, que são muito bons”.
“Rapaz trabalhador”
Sônia havia construído uma casa para Marcos e a irmã, Marcele. O vigilante, com casamento marcado para janeiro de 2020, iria morar no imóvel. “Não deu tempo”, lamenta-se a mãe.”A gente estava fazendo planos para o casamento, para comprar os móveis. A falta que ele está fazendo abriu um rombo no coração da família toda”, confirma Francisleide Braga de Souza, 38, noiva da vítima.
“Marcos era responsável, não vinha de malandragem. Estava trabalhando. Era de casa para o trabalho. Não era de sair e não tinha inimigos”, aponta Sônia. “Um rapaz trabalhador, um pai honesto, um filho digno. Não tinha inimizade com ninguém”, garante a noiva (com blusa de listras na imagem em destaque).
Uma vizinha, que não quis se identificar, confirma a fama de bom moço de Marcos. “Ele era bom como vizinho e não merecia isso que aconteceu. Eu falava direto com a mãe dele. Aquele menino era tudo pra mãe dele”, diz.
Já Rafael Correia, 28 anos, mora na região. Diz que a vizinhança, no geral, é bem tranquila, mas acredita que o crime acende o alerta sobre a violência. “É uma situação complicada porque quase nunca acontece nada aqui. Nunca ouvi falar de roubos ou furtos, moro aqui há 2 anos. Fico preocupado porque tenho família”, pontua.
Primeiras informações
Na terça-feira (12/11/2019), ao Metrópoles, a irmã de Marcos disse que o corpo estava a cinco quadras do local onde ele morava. A família informou que o segurança desapareceu quando voltava do trabalho, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), e seguia rumo à Rodoviária do Plano Piloto. No terminal, pegaria um ônibus de volta para casa.
O homem deixa um filho e uma noiva. “Ele mandou mensagem para a mãe pela última vez às 8h30 de sábado [09/11/2019], informando que estava indo do SIG para a Rodoviária do Plano Piloto. Depois disso, não apareceu em casa nem manteve nenhum tipo de contato”, destacou a irmã.
De acordo com a noiva, os pés e as mãos eram parecidos com os do segurança. “Além disso, tem uma cicatriz no antebraço direito idêntica a dele”, lamentou. Segundo ela, Marcos não tinha inimigos nem qualquer tipo de desavenças.
Perícia
O cadáver, segundo apurou o Metrópoles, foi deixado no bueiro de cerca de 3 metros de profundidade há poucos dias. Após a coleta de digitais e exame de DNA, o Instituto de Medicina Legal (IML) confirmou a identidade da vítima.
Rosemberg Silva, 51, mora em uma chácara perto do terminal. Para ele, a região é segura. “Vivo há dois anos e meio aqui. Todo dia faço o trajeto do terminal até a minha casa e nunca foi perigoso. Meu filho também anda por essa região às 23h e nunca aconteceu nada com ele. É o primeiro caso que vejo de violência, mas acho que nem aconteceu aqui, devem ter cometido o crime em outra região e só desovado o corpo aqui”, destacou.
O comerciante Abimael Victor, 41, diz que a região merece atenção das autoridades da área de segurança. “É muito isolado e com pouca iluminação. Fiquei muito surpreso com essa história do corpo, porque nunca tinha visto nada com essa crueldade toda”, assinalou.