Amigos se despedem de bombeiro morto por PM dentro de casa: “Honrado”
Walter Leite, 2º sargento do Corpo de Bombeiros, deixou esposa e quatro filhos após ser vítima de tiro dado por PM, dentro de casa
atualizado
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Família e amigos do bombeiro Walter Leite da Cruz, morto por disparo de um policial na última quinta-feira (10/11), despediram-se do militar neste sábado (12/11). Velado no Cemitério Campo da Esperança em Taguatinga, ele recebeu homenagens de pessoas próximas.
O 2º sargento do Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) deixa a esposa e quatro filhos. O crime ocorreu dentro da casa da vítima, na QNO 6, no Setor O, em Ceilândia.
Centenas de pessoas participaram do velório. Um helicóptero do Corpo de Bombeiros sobrevoou o cemitério e jogou pétalas de flores sob a cerimônia. Amigos e parentes descreveram Walter como alguém que sempre se preocupou mais com os outros do que consigo mesmo.
“Ele chegava em casa, nem tirava a farda, ia fazer a janta, dar banho nos filhos. Depois disso, lá para 1h da manhã que ele ia descansar”, lembra a cunhada Daniela Andrade, 47.
Ela conta que o bombeiro era uma pessoa muito respeitosa, honrada e de fé. “Foi uma perda sem tamanho. Para nós, vai fazer uma falta como de um pai. Minha irmã sente falta do companheiro, mas todos vão sentir a falta de alguém que era muito mais do que um amigo. Mesmo com a rotina que eles tinham, com quatro filhos, davam conta. Se tivesse um filho que não conseguia pegar no sono, o meu cunhado ficava acordado com ele até dormir.”
Bruno Monteiro, segundo sargento do CBMDF, fez o curso de formação e trabalhou com Walter. “Era um homem tranquilo, calmo, bom de serviço, dedicado, de ótimo coração. Um cara família e profissional. Ficamos muito abalados. No quartel, desabamos. Ainda mais do jeito que ele se foi”, lamenta.
Confira homenagem dos colegas para Walter:
Walter era condutor da ambulância da corporação. Pai de quatro filhos, entre 1 e 7 anos, ele era um exemplo na igreja, como conta José Pereira, 69, bombeiro veterano e catequista da vítima.
“Ele sonhava em ser bombeiro. Sentia esse desejo, tinha admiração pela corporação. Estudou muito, chegou ao posto de segundo sargento. Preocupou com sua profissão. Fez vários cursos para auxiliar nos salvamentos. Dentro da corporação, um militar exemplar. Um servo tanto nos aspectos da fé quanto no seu sacerdócio de salvar mesmo com o sacrifício da própria vida. A cada momento que a população chamava, para ele era ir em busca daquele com necessidade, que é a missão dos bombeiros”, declarou José Pereira.
Relembre
A Polícia Militar estava perseguindo um suspeito de agredir a esposa. Com a chegada da PM, o agressor teria pulado um muro e iniciado a fuga, pelos telhados das casas do conjunto G da QNO 6.
Após alguns minutos, o acusado teria entrado na casa do bombeiro. A PM chegou logo depois e, um dos militares, ao tentar acertar o criminoso com um disparo, acertou em Walter.
O suspeito de violência doméstica foi preso e encaminhado à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam II). O bombeiro foi socorrido em estado grave e levado, inconsciente, para o Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Após dar entrada na unidade de saúde, o militar não resistiu aos ferimentos e morreu.
“Pessoa excelente”
Segundo vizinhos, o militar era uma pessoa muito querida pelos amigos. Morador da casa em frente à de Walter, o aposentado Sebastião de Paula, 60, conta que o bombeiro já teria trabalhado como professor no Centro de Educação Fundamental (CEF) 26. “Ele era uma pessoa excelente. Minha esposa é professora aposentada e já trabalhou com ele na escola”, conta.
Os amigos se conheciam havia cerca de cinco anos. Para Sebastião, ainda é difícil acreditar na tragédia que abateu a família do bombeiro. “Quando eu cheguei em casa e vi o movimento aqui na frente, liguei para ele para saber o que tinha acontecido. Só depois soube que ele era a vítima”, lamenta o vizinho.
Também moradora do conjunto G da QNO 06, Tereza de Souza, 68, diz que o portão da casa da vítima estava entreaberto no momento em que o suspeito entrou. “Escutei o tiro e entrei correndo na hora. Depois, já chegou a polícia e levou o cara”, narra.