Bolsonaristas mentem e usam vídeo de 2020 para acusar petistas de ataques à PF
Para fomentar tese de que vandalismo foi cometido por infiltrados, bolsonaristas usam vídeo de testemunha à ataque a ônibus em 2020
atualizado
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Bolsonaristas vêm compartilhando um vídeo descontextualizado de 2020 para argumentar que os ataques dessa segunda-feira (12/12) foram feitos por infiltrados contra o atual presidente. No vídeo, publicado pelo Metrópoles, uma cobradora de ônibus relata um ataque ao veículo. Ela diz que um homem ateou fogo e gritou: “Fora, Bolsonaro”. O caso, no entanto, aconteceu há dois anos.
Nas redes sociais, contas com milhares de seguidores reproduzem a mentira. Deputado federal eleito por Goiás, Gustavo Gayer (PL) escreveu: “Acabou a narrativa!”. Ele já chegou a ser banido do Twitter por divulgação de notícias falsas. Uma usuária da plataforma que prega apoio a Bolsonaro, com 380,4 mil seguidores, fomentou a fake news e atacou opositores. “Ora, ora, ora. Segundo testemunha, o terrorista que colocou fogo no ônibus na noite de ontem em Brasília realmente gritou ‘Fora, Bolsonaro’. Covardes e imundos!”.
Outro usuário, que se diz “conservador e patriota”, publicou o mesmo relato descontextualizado. “A cobradora de um dos ônibus incendiados em Brasília relata o que viu. O responsável pelo crime gritou ao final: ‘Fora, Bolsonaro!’”.
O caso foi registrado pelo Metrópoles em 25 de julho de 2020. Na ocasião, um ônibus pegou fogo no fim da tarde em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. De acordo com a Polícia Militar, o responsável pelo ataque teria espalhado gasolina dentro do veículo, ateado fogo e gritado as palavras de ordem contra o presidente. Veja o vídeo da época:
Essa ocorrência e os relatos das testemunhas não têm qualquer relação com os ônibus queimados em protesto bolsonaristas dessa segunda-feira. O último balanço policial aponta pelo menos 25 carros e cinco ônibus incendiados pelos manifestantes em ato próximo à Polícia Federal.
As cenas de agressões e vandalismo ocorreram após a prisão do Cacique Tserere, suspeito de organizar movimentos que ameaçam o Estado Democrático de Direito. O indígena foi detido pela Polícia Federal por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão dele serviu como estopim para apoiadores do atual presidente adotarem posturas violentas contra forças do Estado. Um grupo de bolsonaristas tentou invadir o prédio da Polícia Federal, entrou em confronto com agentes e partiu para cima de policiais militares. Eles foram repreendidos com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta.
Os arredores do edifício da PF se transformaram em uma espécie de campo de guerra, com manifestantes ateando fogo em ônibus e carros, quebrando paradas de ônibus, arremessando objetos contra as forças de segurança e deixando rastros de destruição pelas ruas de Brasília.