Bolsonaristas do QG ironizam PM e DF Legal após remoção frustrada
Durante a manhã, uma operação chegou a ser montada para remoção de estruturas do local, mas não ocorreu por falta de segurança
atualizado
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A fracassada operação para remover estruturas do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (29/12), deixou o ambiente festivo entre os bolsonaristas.
O Metrópoles esteve no acampamento durante a tarde e acompanhou discursos dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em um caminhão com caixas de som, um dos manifestantes disse: “Mexer com a gente vai ser o mesmo que mexer em um vespeiro”, comparou.
Segundos depois da fala, ao microfone, uma morada de Goiânia desafiou as forças de segurança. “Não tem efetivo para tirar a gente daqui. Somos muitos”. Após as falas, músicas cristãs, o hino nacional e do Exército foram tocados, enquanto alguns apoiadores marchavam.
Veja:
Mais cedo, o comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Fábio Augusto Vieira, disse, durante coletiva de imprensa para divulgar o esquema de segurança da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que o cancelamento da operação de retirada de ambulantes, barracas e energia elétrica do acampamento bolsonarista ocorreu porque o Exército Brasileiro não conseguiria fazer a operação sozinho.
“A coordenação da operação é do Exército. Tínhamos 500 policiais militares em condições, e o Exército desistiu da operação. Optou por eles mesmos fazerem a retirada do local. Não houve falta de segurança de nenhum servidor. Eles tentaram [uma ação] com o DF Legal e, quando viram que os manifestantes seriam hostis, desistiram da operação por entender que o Exército conseguiria fazer a operação sozinho”, pontuou o oficial.
O secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, disse que o Exército entendeu que conseguiria fazer a retirada sem a necessidade da cooperação.
“Foi planejada uma ação para hoje, como anteriormente outras foram planejadas. Equipes do DF Legal e da PMDF estavam no local, mesmo porque em qualquer tipo de ação a gente trabalha de forma preventiva para que não haja reação. No determinado momento, a coordenação da operação estava com o Exército e, por decisão do Exército, suspendeu-se a ação mais incisiva neste momento. Eles continuam desocupando, retirando as instalações, e nós seguimos à disposição”, acrescentou o secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo.
Ação
A coluna Na Mira teve acesso a um documento, assinado em 6 de dezembro, e enviado ao DF Legal e à SSP-DF, no qual o Exército pede a retirada de ambulantes e barracas do local. De acordo com o ofício classificado como “urgentíssimo”, a ação deveria ter ocorrido no dia 7 de dezembro, às 6h30, mas acabou remarcada para esta quinta.
A reportagem também teve acesso a um outro documento assinado nesta quinta que define o papel de cada órgão na operação. A coordenação das ações ficou a cargo do Comando Militar do Planalto do Exército Brasileiro. Contudo, fontes ligadas à operação relataram à coluna que oficiais do Exército e da PMDF discutiram para ver quem teria o comando e faria a proteção dos servidores do GDF que lá estavam para trabalhar.
“O Exército tomou a frente. Porém, durante a operação, não deu a proteção e nem deixou a PM entrar no acampamento. Por segurança, as equipes se retiraram, porque o Polícia do Exército ficou a distância e os manifestantes começaram a hostilizar os servidores”, afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada.
Agora, a expectativa é que o próprio Exército retire os manifestantes, por ser a segunda vez que o GDF envia agentes ao local. Servidores argumentam que “os militares não fazem a proteção adequada e não permitem que a PM o faça também”.