Blackface no Águas Claras Shopping. Saiba o resultado do processo
Em acordo firmado com o MPT-DF, centro comercial assume compromisso de ficar atento a campanhas que possam flertar com preconceito
atualizado
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Acusado de pintar mulheres de preto para a campanha da “Black Friday”, em novembro de 2018, o Águas Claras Shopping assumiu o compromisso de não repetir a prática chamada de “blackface“.
O Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF) processou o Condomínio do Águas Claras Shopping & Office após o polêmico episódio. Na quarta-feira (23/2), as partes firmaram um acordo de conciliação.
Para o procurador Paulo dos Santos Neto, autor da Ação Civil Pública (ACP), o blackface é uma forma de opressão muito distante do humor e pode, sim, ser enquadrado como ato racista e mecanismo de discriminação. “Tal atitude não pode mais ser admitida como normal nos dias de hoje, vez que blackface é um recurso que desumaniza, avilta e aniquila o outro, atentando diretamente contra a nossa Constituição da República”, cravou.
Compromisso firmado
Segundo o compromisso firmado, o shopping assume o compromisso de não praticar qualquer forma de blackface, direta ou indiretamente. Neste caso, deve ficar atento para não repetir campanhas que flertem com temas polêmicos que envolvam raça, sexo, cor, idade, pensamento, consciência, crença religiosa, convicção filosófica ou política e estado civil.
Para reversão do dano moral, serão destinados recursos a entidades de interesse social criadas com objetivo de combate a toda forma de discriminação. O compromisso foi homologado pela juíza Luana Marques Domitilo Azaro D Lippi, da 20ª Vara do Trabalho de Brasília. O MPT-DF foi representado pela procuradora Maria Nely Bezerra Oliveira.
O caso
Em novembro de 2018, o Metrópoles noticiou o episódio em que o shopping utilizou modelos com o corpo pintado de preto e perucas crespas para promover vendas promocionais. As funcionárias seguravam faixas com os anúncios em um semáforo ao lado do centro comercial. O registro foi feito por vários moradores da cidade e repercutiu nas redes sociais.
Uma das moradoras de Águas Claras chegou a procurar a administração do comércio para reclamar da prática de “blackface”. A expressão ficou conhecida no teatro e cinema, no século passado, quando atores brancos se pintavam de forma exagerada para interpretar pessoas negras. No entanto, a prática é considerada como uma forma de preconceito racial.
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