Bióloga é levada a DP após tentar entrar em mercado sem máscara no DF
Segundo a PM, a mulher se recusou a assinar o Termo Circunstanciado e, por isso, foi encaminhada à 5ª DP
atualizado
Compartilhar notícia
No primeiro dia de fiscalização do uso de máscaras no Distrito Federal, a bióloga Paula Moreira Félix, 46 anos, foi levada à 5ª Delegacia de Polícia (área central) após tentar entrar em um supermercado do Sudoeste sem o item de proteção. Ela teria se recusado a colocar o acessório mesmo depois de o gerente fazer o pedido. A PM foi acionada.
A moradora do Sudoeste responderá a um Termo Circunstanciado, relacionado a crimes de menor potencial ofensivo. De acordo com a Polícia Civil, a bióloga foi autuada no artigo 268 do Código Penal – infringir determinação do poder público destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa. Se condenada, a pena pode variar de um mês a um ano, além de multa.
Em entrevista ao Metrópoles, Paula Moreira afirmou que foi ao supermercado por volta de 11h desta segunda-feira (11/05), como costuma fazer pelo menos três vezes por semana. “Tenho ido bastante ao mercado para comprar comida para os meus filhos. Desta vez, um gerente me proibiu de entrar no estabelecimento sem máscara, por conta do decreto do governo. Quem tem que decidir sobre questões sanitárias é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não o GDF”, argumentou.
Até as 14h desta segunda, a moradora ainda aguardava na delegacia para ser ouvida pela PCDF. A multa aplicada pela ausência da máscara ainda não havia sido estipulada. Segundo os policiais militares que conduziram a ocorrência, a bióloga se recusou a assinar o TC e foi conduzida para a delegacia. A reportagem acionou o Pão de Açúcar para falar sobre o caso. A rede informou que cumpre integralmente a determinação dos decretos do Governo do Distrito Federal em relação à obrigatoriedade do uso de máscaras.
A loja, ao identificar a cliente sem a máscara na entrada da unidade, ofereceu gratuitamente uma, o que foi recusado. “Como alternativa, propôs que um funcionário fizesse as compras, enquanto ela aguardaria do lado de fora – o que também foi recusado pela cliente. A polícia foi acionada pelas demais pessoas que estavam no local. A loja segue à disposição das autoridades para prestar eventuais esclarecimentos”, ressaltou o supermercado, por meio de nota.
Punição valendo
Já está valendo a punição para quem não usar máscara no Distrito Federal. Desde as primeiras horas do dia, o Metrópoles percorreu regiões administrativas, como Taguatinga e Ceilândia, e pôde observar que a maior parte das pessoas está usando o item de proteção. Quem insistir em desrespeitar a regra pode desembolsar multa de R$ 2 mil.
Em Taguatinga Centro, na manhã desta segunda-feira (11/05), a doméstica Creuza Gomes, 52 anos, que iria pegar um ônibus para trabalhar em Vicente Pires, estava devidamente protegida. “A maioria está se prevenindo. Eu acho certo. Temos que respeitar as orientações e cuidar uns dos outros. A gente ainda vê alguém que não usa, mas é a minoria”, disse.
Marina Fernandes, 53, também aguardava ônibus na parada nesta manhã e estava com o acessório cobrindo a boca e o nariz. “Esse vírus está matando e a gente precisa usar a máscara e o álcool em gel. Eu não saio de casa há um bom tempo. Consegui uma diária e, como estou precisando do dinheiro, resolvi aceitar hoje. Vi poucas pessoas nos ônibus sem a proteção. Acho que a maioria está conscientizada”, afirmou.
Tanto nas paradas de ônibus do centro de Taguatinga como no metrô, a reportagem não flagrou muitas pessoas sem a máscara. Também não havia fiscalização. Na estação Praça do Relógio, uma pessoa entrou no local sem a proteção, mas não foi barrada. O funcionário entregou o item e orientou o usuários sobre o uso.
O movimento no centro de Ceilândia está atípico na manhã desta segunda-feira (11/05). Há poucas pessoas circulando e sem máscara. Entre elas, ambulantes que ainda insistem em desrespeitar a determinação. Alguns populares, quando perceberam a presença da equipe de reportagem, tiravam o acessório do bolso e colocavam no rosto.
A punição entra em vigor 11 dias após o governador Ibaneis Rocha (MDB) instituir o uso obrigatório do acessório a fim de evitar a disseminação do novo coronavírus. Além da multa, o infrator poderá responder por crime de infração de medida sanitária, que tem pena de prisão de até 1 ano.
No transporte público, a orientação é clara: motoristas, cobradores e operadores do metrô devem trabalhar com o item e têm de exigir que o passageiro utilize o equipamento desde o momento do embarque, durante a viagem, até o desembarque. Quem ainda não tiver a proteção, pode retirar em postos distribuídos nos terminais rodoviários.
A fim de evitar complicações e também para contribuir com os passageiros, muitos cobradores indo até as filas de embarque oferecer máscaras para quem ainda não recebeu. Segundo dados da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), até agora, mais de 90 mil foram entregues.
Caso o passageiro sem o equipamento insista em fazer a viagem, o motorista está autorizado a pedir ajuda policial. Se for permitido o acesso de qualquer usuário sem a proteção, a empresa será multada pela Subsecretaria de Fiscalização, Auditoria e Controle (Sufisa).
A obrigatoriedade do uso também é aplicada aos motoristas de táxi e de serviço de transporte por aplicativo. A multa, nesse caso, é de R$ 200. Quem usar serviço de app ou de táxi têm de usar a máscara.
Comércio
O decreto ainda estabelece que as lojas deverão impedir a entrada e a permanência de pessoas sem o adereço. A recomendação do GDF é de que os cidadãos usem modelos caseiros, seguindo orientações do Ministério da Saúde.