Bicicleta branca em homenagem a ciclista morto é alvo de vândalos
Fincada num canteiro na altura da L2 Norte, onde Raul foi morto, a bike presta homenagem ao jovem
atualizado
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Paz nem mesmo à memória. Uma homenagem ao ciclista Raul Aragão, atropelado e morto aos 23 anos na L2 Norte, em 2017, foi vandalizada na madrugada desta terça-feira (2/11). A bicicleta do ativista e estudante de Ciências Sociais, que havia sido colocada no local onde Raul foi atingido, foi encontrada derrubada neste Dia de Finados.
Quem percebeu o vandalismo foi o designer gráfico e ciclista Rafael Araújo, 31 anos, amigo de Raul e companheiro de pedaladas. “Eu não sei o que aconteceu, mas sei que não foi um carro. Tem um jardim em volta da Dory [nome da bicicleta de Aragão] que está intacto”, declarou. Segundo ele, não há câmeras próximas ao local – o que, conforme ele, já era sabido desde a morte do jovem.
Em contato com a mãe de Raul – que não quis gravar entrevistas –, o ciclista foi informado que, às 19h de segunda (1º/11), a bicicleta ainda estava lá. E não é a primeira vez que isto acontece.
Logo após fincarem Dory no canteiro da L2 Norte, na altura da 107, uma tentativa de roubo, dispersada por porteiros da vizinhança, motivou a fixação da bicicleta no concreto. Em outra oportunidade, um motorista subiu o meio-fio e bateu no veículo.
Coordenadora de Comunicação da ONG Rodas da Paz – na qual Raul atuava como voluntário –, Ana Júlia Pinheiro conversou com o Metrópoles e se disse cética de que o ato tenha sido “coincidência”. “No dia 29 teremos uma bicicletada em homenagem ao Raul, e no dia 2, Dia de Finados, a bicicleta aparece assim?”, questiona a ativista.
“Raul não vai morrer nunca. Queremos que ele não morra, também, para quem não o conheceu. Mesmo com pouca idade, ele fez muito pelos outros. A ideia de fincar a bicicleta veio de São Francisco, quando um artista começou a fazer intervenções com bikes pintadas de branco. No Brasil, chegou em 2006. Nós tomamos conhecimento e fizemos essa homenagem a ele”, explicou Pinheiro.
Velocidade
Ana Júlia não esconde a revolta pela morte do amigo e companheiro de ONG. Conforme disse à reportagem, ele inclusive impulsionou a atuação da entidade ao propor “dados e pesquisas nos posicionamentos” do Rodas da Paz. “O que aconteceu com Raul foi um crime”, indignou-se.
Na tarde do dia 21 de outubro de 2017, Raul trafegava pelo canto da via, quando foi atingido por um veículo que estava em velocidade superior a 95 km/h, de acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML) – o limite da via é de 60 km/h. O condutor foi submetido ao teste do bafômetro, mas nenhuma incidência de álcool no sangue foi detectada.