metropoles.com

Beto Carrero é condenado a indenizar advogada do DF que sofreu fratura em corrida de kart

Justiça condenou Beto Carrero World a indenizar advogada que perdeu a mobilidade da perna após sofrer acidente no kartódromo do parque

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Arquivo pessoal
Mulher com roupa verde deitada em cama de hospital
1 de 1 Mulher com roupa verde deitada em cama de hospital - Foto: Arquivo pessoal

O juiz substituto da 9ª Vara Cível de Brasília condenou a empresa responsável pelo Beto Carrero World a indenizar uma advogada do Distrito Federal que sofreu acidente no kartódromo do parque temático, em Santa Catarina, em julho de 2020. A indenização — a título de danos materiais, morais e estéticos — chegam a R$ 41 mil. Cabe recurso da decisão.

Ao Metrópoles Carolina Araújo, 36 anos, relatou que estava no segundo dia de férias e quis andar de kart pela primeira vez. Ela estava acompanhada do ex-namorado e de familiares dele no parque temático localizado no litoral norte de Santa Catarina.

“Passamos o dia no parque, e o kartódromo foi a última atração. Eram 10 minutos de corrida, e não tivemos muita orientação dos funcionários. Além disso, meu banco estava desregulado, e minha perna ficou toda esticada”, relata.

Durante a corrida, um kart à frente de Carolina derrapou, e ela desviou, para colidir com pneus em torno da pista, em vez de bater no outro veículo. “Só que os pneus estavam soltos, sendo que deveriam estar amarrados. Com a batida, eles voaram, e eu bati em uma mureta de concreto atrás deles. O impacto foi muito forte. Fez um estrago feio na minha perna”, conta.

A advogada sofreu uma fratura exposta da tíbia, da fíbula e do pilão tibial — todos os três são ossos da perna. Porém, segundo Carolina, levou um tempo até que outros corredores e funcionários do parque percebessem a gravidade do acidente.

“Depois que bati, olhei para meu pé e entrei em desespero. E me pareceu que ninguém tinha notado. Então, saí sozinha do carro e caí no chão. Aí, as pessoas começaram a parar e, depois, o pessoal do parque chegou”, detalha a advogada.

Cirurgias e sequelas

Carolina foi levada a um hospital público de ambulância e, em seguida, transferida para uma unidade particular, onde passou pela primeira cirurgia, para colocar fixadores externos na perna. Dez dias após o acidente, a advogada passou por outra operação. Meses depois, teve de se submeter a um terceiro procedimento, para enxertar pele da virilha no tornozelo e cobrir uma ferida que abriu após complicações da primeira intervenção.

Na ação contra o Beto Carrero World, ela lembrou os gastos que teve com passagens, transporte, hospedagem, alimentação, remédio, compra e aluguel de equipamento ortopédico, materiais para curativos, consultas médicas, fisioterápica e reabilitação. “Só de medicamentos, foram quase R$ 1 mil”, calcula.

5 imagens
Ela precisou fazer três cirurgias após o acidente
Advogada sofreu fraturas na perna e processou o parque temático
Acidente ocorreu no Beto Carrero World, na cidade de Penha (SC)
Caso ocorreu em 2020, durante viagem de Carolina ao parque
1 de 5

Carolina Araújo perdeu mobilidade de uma das pernas

Arquivo pessoal
2 de 5

Ela precisou fazer três cirurgias após o acidente

Arquivo pessoal
3 de 5

Advogada sofreu fraturas na perna e processou o parque temático

Arquivo pessoal
4 de 5

Acidente ocorreu no Beto Carrero World, na cidade de Penha (SC)

MTur/Flickr
5 de 5

Caso ocorreu em 2020, durante viagem de Carolina ao parque

Arquivo pessoal

Dois anos e meio depois do acidente, Carolina ainda sofre com sequelas e, agora, tornou-se uma pessoa com deficiência (PCD). “Eu não corro, não caminho longas distâncias e não consigo mais ficar muito tempo em pé. Tive redução de mobilidade”, lamenta a advogada.

“Não existe valor no mundo que pague isso, mas, se me oferecessem R$ 1 milhão ou minha perna de volta, eu iria querer minha perna”, completa Carolina.

Serviço terceirizado

No processo, o Beto Carrero World pediu que a empresa locatária do espaço se tornasse alvo da denúncia, pois seria a eventual responsável pelo acidente. Os advogados do parque também alegaram que os danos ocorreram em local diverso ao do empreendimento, com pagamento de ingresso à empresa que explora o serviço de kart.

“O acesso ao kart é desvinculado do acesso ao parque, que fecha às 19h, e o acidente teria ocorrido após as 20h”, informaram. Quanto aos pneus, os Beto Carrero World informou que eles ficam afixados um no outro, em frente a uma mureta de concreto, para que, em caso de colisão, o veículo não invada a pista do lado contrário.

Os representantes do parque de diversões também alegaram à Justiça do Distrito Federal que os visitantes são devidamente instruídos sobre o uso do kart e, portanto, o piloto seria responsável pela condução do veículo. No caso de Carolina Araújo, o Beto Carrero World defende que ela estava com “todos os equipamentos de segurança” e que “não houve falha na prestação dos serviços”, mas “culpa exclusiva da advogada”.

Decisão

Ao decidir pelo pagamento de indenização, o magistrado observou que o Código de Defesa do Consumidor visa proteger a parte mais fraca da relação e que o réu não conseguiu provar que o serviço não ocorreu de modo defeituoso ou que a culpa foi “exclusiva” da cliente, como alegado por Carolina.

“É certo que o réu atrela seu renomado nome ao kartódromo onde ocorreu o acidente, percebendo lucros e direcionando seus clientes para o locatário. [Assim,] as atividades desenvolvidas pelo parque e pelo kartódromo guardam nítida vinculação”, entendeu o juiz Matheus Zuliani.

Ainda segundo o magistrado, em momento algum a empresa comprovou que os consumidores recebiam informação de que o kartódromo se refere a outro empreendimento. Para o magistrado, ficou evidente que, no dia do acidente, a prestação dos serviços não garantiu à consumidora a segurança necessária.

Assim, a empresa foi condenada a pagar R$ 11.281,47, a título de danos materiais, além de R$ 20 mil em danos morais e de R$ 10 mil por danos estéticos.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?