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Bernardo e outros 50: por mês, DF registra 7 mortes por arma branca

Além das mortes, outras 158 tentativas de homicídios foram registradas na capital do país entre janeiro e julho deste ano

atualizado

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Bernardo Brasil 4
1 de 1 Bernardo Brasil 4 - Foto: Reprodução

O tipo de instrumento usado no assassinato do jovem Bernardo Brasil Peres (foto em destaque), 18 anos, uma arma branca, foi empregado em outros 51 homicídios registrados no Distrito Federal nos primeiros sete meses de 2022. Mesmo com queda de 28% em relação ao mesmo período do ano passado, especialistas ouvidos pelo Metrópoles consideram alta a média de 7 óbitos por mês provocados pelo emprego de objetos cortantes. Há, ainda, 158 tentativas de homicídio, onde o agressor utilizou tal meio para atacar.

Os especialistas apontam que são diversas as razões que levam um bandido a cometer delitos com o uso de facas.

“O crime de oportunidade não precisa ser planejado. O autor pode se valer do calor do momento. A depender, a situação pode se desenvolver para um latrocínio”, explica o professor de antropologia do direito na Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança (NEViS/CEAM/UnB), Welliton Caixeta Maciel.

Para Maciel, o tipo de arma nem sempre é um fator decisivo para a prática de crimes como o latrocínio. “É o que está na mão, o que está mais próximo, o que é mais barato. Pega uma faca, um pedaço de pau, uma pedra. Nem sempre há uma premeditação, uma preparação. Eles geralmente ocorrem no início de mês e no final do ano, em datas festivas, quando há maior circulação de dinheiro e bens”, completa.

Um exemplo recente e que chocou o país foi o caso do jornalista da TV Globo Gabriel Luiz. Em abril deste ano, ele foi vítima de tentativa de latrocínio perto de casa, no Sudoeste. Ficou hospitalizado e só retornou às atividades profissionais em agosto. Na ação praticada por um jovem de 19 anos e um adolescente, Gabriel foi imobilizado por um, enquanto o outro desferia facadas. A dupla fugiu levando o celular e a carteira do jornalista, que tinha R$ 250. Eles retiraram o dinheiro e, depois, descartaram os objetos na rua.

O adolescente que esfaqueou o repórter cumpre medida socioeducativa acusado de ato infracional análogo ao crime de tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte). Já José Felipe Leite Tunholi, 19, está preso na no Complexo Penitenciário da Papuda.

Nos últimos anos, como mostrou o Metrópoles, a apreensão de armas de fogo vem aumentando no DF. Em três anos, por exemplo, a quantidade de revólveres, pistolas, espingardas e outros retirados das ruas subiu 21%. Para a especialista em direito penal Jéssica Marques, a coibição feita pelas forças policiais dificulta a vida de bandidos e muitos optam por praticar delitos com armas brancas, que são vendidas sem qualquer tipo de restrição.

“A apreensão de armas de fogo contribui para que haja a diminuição dos crimes como o de roubo, entretanto, de certa forma, o recolhimento desses artefatos pode fazer com que aquele que pretende praticar um crime se utilize de outras armas mais acessíveis para a prática delitiva, a exemplo de facas”, diz.

Para o delegado aposentado e especialista em segurança pública Moisés Martins de Sousa, de maneira geral, criminosos que se utilizam de armas brancas são bandidos “não qualificados”. Ele pondera que independentemente do tipo de instrumento empregado por uma pessoa fora da lei, o mais importante é que as forças de segurança estejam conectadas para agirem o mais rapidamente possível. Dentro desse contexto, Moisés ressalta que a participação da população é fundamental no processo:

“A sociedade precisa participar denunciando; a Polícia Militar do DF precisa fazer o trabalho ostensivo, seja por abordagem ou pela presença nas ruas; e o trabalho da Polícia Civil precisa ser efetivo”, elenca.

Caso Bernardo

O brutal assassinato do jovem Bernardo ocorreu no último dia 2. Ele foi esfaqueado no coração em uma praça na QR 208 de Samambaia quando conversava com a namorada no momento do crime.

Até o momento, o que se sabe é que a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) tipifica o caso como latrocínio — roubo seguido de morte. A linha de investigação é reforçada pelo que disse Anna Lívia Barroso, 19, na noite do crime, e pelas imagens de câmeras de segurança de um lava-jato.

Na filmagem, é possível ver o momento em que dois suspeitos passam pela praça e percebem a oportunidade de realizar o assalto. Um deles, com camisa de manga comprida azul e bermuda, aproxima-se com uma faca e dá um golpe no peito de Bernardo.

Veja


Ainda não se sabe se a vítima disse algo que possa ter motivado o criminoso a dar a facada ou se, simplesmente, o assassino já tinha intenção de matar.

A 26ª DP (Samambaia Norte) afirma que já identificou um dos autores do crime, mas optou por não divulgar mais informações, para evitar possível interferência nas investigações. Até a última atualização deste texto, a corporação não havia efetuado prisões referentes ao caso.

6 imagens
Ele estudava para medicina
Jovem morreu na madrugada de sábado (3/9)
Bernardo e o pai, José Gustavo
Local em que Bernardo foi esfaqueado, em Samambaia
Lá, foi deixada uma homenagem ao adolescente: "Você esteve aqui. Mas agora está na morada do Pai Celestial"
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Bernardo Brasil Peres tinha 18 anos

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Ele estudava para medicina

Arquivo pessoal
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Jovem morreu na madrugada de sábado (3/9)

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Bernardo e o pai, José Gustavo

Arquivo pessoal
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Local em que Bernardo foi esfaqueado, em Samambaia

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Lá, foi deixada uma homenagem ao adolescente: "Você esteve aqui. Mas agora está na morada do Pai Celestial"

Hugo Barreto/Metrópoles

Sofrimento da mãe

Andréia Melate Brasil, 47 anos, mãe de Bernardo Brasil, afirma que o golpe recebido pelo filho foi fatal porque acertou o coração do jovem.

“A equipe médica disse que ele chegou com vida (ao Hospital Regional de Taguatinga), que foi resgatado rapidamente pelo Corpo de Bombeiros, mas a equipe médica não conseguiu salvá-lo porque a faca acertou o coraçãozinho dele, e não tinha o que fazer”, lamentou a mãe da vítima.

Assista à entrevista:

Andréia conta que Bernardo deu um beijo nela antes de sair para visitar a namorada. O jovem morava com a mãe em Águas Claras e era filho único. No vídeo, a mãe ainda mostrou um bilhete que o filho havia escrito para ela em maio.

“Ele saiu de casa às 14h, e eu pedi: ‘Volta cedo, meu filho’. Sempre explicava que era perigoso ficar até tarde na rua. Ele saiu, fechou a porta, mas voltou para me dar um beijo, e ainda disse: ‘Não me deixou com marca de batom, né, mãe?’. E essa foi a última vez que vi meu filho”, detalhou Andréia.

Ela contou ao Metrópoles que Bernardo terminou o ensino médio no ano passado e estudava para cursar medicina. O sonho do jovem era participar da organização internacional Médico Sem Fronteiras.

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Andréia Melato Brasil, mãe de Bernardo
Ela contou que o filho deu um beijo nela antes de sair para visitar a namorada. Foi o último contato deles
Mulher contou ao Metrópoles que o garoto estudava para entrar na faculdade de medicina
Segundo ela, o sonho de Bernardo era participar do Médico Sem Fronteiras
Mãe e filho moravam juntos em Águas Claras
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Andréia mostra recado que filho escreveu para ela em maio

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Andréia Melato Brasil, mãe de Bernardo

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Ela contou que o filho deu um beijo nela antes de sair para visitar a namorada. Foi o último contato deles

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Mulher contou ao Metrópoles que o garoto estudava para entrar na faculdade de medicina

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Segundo ela, o sonho de Bernardo era participar do Médico Sem Fronteiras

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Mãe e filho moravam juntos em Águas Claras

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