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Baratas e mofo: creche no Sudoeste é fechada após casos de maus-tratos

PCDF deflagrou operação para apurar denúncias de maus-tratos contra crianças na creche. Foram constatadas diversas irregularidades no local

atualizado

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1 de 1 Creche - Metrópoles - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Alvo de operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por suspeita de maus-tratos, a creche Casa da Nanny, localizada no Sudoeste, já havia sido interditada outras três vezes antes de ser denunciada por pais de alunos no início deste mês.

A ação policial desta semana ocorreu após o registro de 22 ocorrências na 3ª DP, com relatos sobre crianças de até 3 anos que teriam sofrido maus-tratos na instituição. Diante de graves informações, a delegacia iniciou uma investigação aprofundada e, nessa terça-feira (28/5), cumpriu mandado de busca e apreensão na instituição de ensino.

A Secretaria DF Legal informou que já havia interditado a creche em 12 de maio do ano passado por estar com o licenciamento irregular. “Na semana passada, a pasta retornou ao endereço, verificou que havia o descumprimento da interdição, a continuidade de pendências no licenciamento e aplicou uma multa de R$ 4.660, além de encaminhar ofício para a PCDF com o intuito de que se apure o crime de desobediência”, disse a pasta.

Vídeo mostra esgoto e baratas na cozinha de creche em área nobre do DF

De acordo com o delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, os policiais constataram diversas irregularidades na creche como: condições insalubres, pois a creche apresentava higiene precária, com presença de muitas baratas no local; falta de licenciamento, em razão de a instituição ter sido interditada por três vezes pela Vigilância Sanitária, mas continuava a funcionar mesmo com as advertências; e possibilidade de danos à saúde das crianças.

“Desde 2023, já iniciaram as reclamações, tanto na Secretaria de Educação como na Vigilância Sanitária e, apenas neste ano, nós tivemos essas informações. Nós instauramos o inquérito, iniciamos as investigações e constatamos ontem que há evidências de maus-tratos e outros crimes que a gente vai definir ao longo da investigação”, comentou o delegado.

Os peritos realizaram perícia no local para atestar a qualidade dos alimentos, presença de insetos na creche e a estrutura. “Fomos surpreendidos com a situação em que o proprietário estava, um pouco antes da gente chegar, estava saindo até com um forno e o jogou em um container. Conseguimos recuperar o forno, quando fomos olhar, estava com baratas”, disse Victor.

A operação resultou na apreensão de documentos e outros materiais, que serão analisados pelos investigadores. A PCDF ainda busca identificar todos os responsáveis pelos supostos maus-tratos cometidos contra os alunos e por eventuais crimes contra a saúde pública.

“Há também evidências de violência não só física como também psicológica. Temos diversos autos de infração, a creche foi diversas vezes interditada, mas mesmo assim continuaram a funcionar. Uma situação que chamou atenção em relação a parte psicológica foi onde uma criança desenha diversos insetos baratas e as denominam como Nicole”, contou.

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Vídeo flagrou condições insalubres de creche no Sudoeste
Crianças passaram mal e tiveram sinais de intoxicação alimentar
Mães deixaram creche em lágrimas após flagrarem condições do local
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Famílias relataram que cardápio prometido não condizia com o oferecido

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Crianças passaram mal e tiveram sinais de intoxicação alimentar

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Mães deixaram creche em lágrimas após flagrarem condições do local

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Denúncia dos pais

Vídeos gravados na creche revelaram a presença de esgoto em uma janela, além de baratas e mosquitos no local de preparo dos alimentos. Algumas mães deixaram a creche em lágrimas após flagrarem a situação.

Assista:

 

Pais de estudantes questionaram a direção da creche sobre a qualidade da alimentação oferecida na instituição de ensino. Inicialmente, a equipe de diretores negou a existência de qualquer falha na merenda e argumentou que as crianças teriam passado mal por causa de uma virose.

À época, aproximadamente 15 crianças apresentaram sintomas de intoxicação alimentar. Além das condições insalubres da cozinha, os pais encontraram mofo em panos e babadores, bem como diversos muitos buracos nas paredes.

A direção da creche comunicou aos pais que pretendia fechar a unidade por uma semana para corrigir os problemas e direcionou os alunos para receberem atendimento em uma unidade na Asa Sul.

Cardápio em xeque

O cardápio da creche era semanal. Mas, segundo algumas famílias, a lista não foi apresentada na primeira semana de maio. Assim, os pais não souberam o que estava sendo servido para as crianças.

No dia 9 de maio, o cardápio apresentado para a janta coincidiu com os alimentos que as crianças vomitaram: arroz, feijão e frango. A creche havia previsto galinhada e caldo de feijão.

O almoço daquela data previa um feijão preto com carne, beterraba, brócolis e arroz. As famílias tiveram acesso a um prato que só tinha arroz, feijão e metade de um brócolis.

Pelas redes sociais, uma das mães desabafou e pediu Justiça. Ela classificou as condições da creche como “uma cena de horrores”.

Ouça:

 O que diz a Casa da Nanny

Por meio de nota, a Casa da Nanny afirmou que “sempre operou com verdade, responsabilidade e profundo respeito em relação às crianças, pais e colaboradores”, e que “o corpo jurídico da escola externa grande preocupação com os fatos publicizados e considera ser temerária qualquer conclusão ou acusação antes da investigação ser concluída, como tem ocorrido até o presente momento”.

O comunicado elenca 12 medidas que, segundo ela, são tomadas.

Leia a íntegra abaixo:

Desde 11 de maio de 2024, a Casa da Nanny Sudoeste tem sido alvo de acusações relacionadas a situações sanitárias na unidade do Sudoeste. Diante da seriedade das questões levantadas, a instituição reitera que sempre operou com verdade, responsabilidade e profundo respeito em relação às crianças, pais e colaboradores. O corpo jurídico da escola externa grande preocupação com os fatos publicizados e considera ser temerária qualquer conclusão ou acusação antes da investigação ser concluída, como tem ocorrido até o presente momento.

Prezando pela transparência, a direção lista medidas que vêm sendo tomadas desde então:

1 – Análise de alimentos
Desde que foi informada sobre a condição de saúde desses alunos e das colaboradoras, que apresentaram os sintomas de vômito e febre, a equipe diretiva da Casa da Nanny, prontamente, agiu de forma diligente para lidar com a situação de maneira responsável. Depois de enviar uma amostra dos alimentos servidos para perícia, o resultado do laudo do laboratório Quinosan, divulgado em 17 de maio, confirmou que os alimentos estavam seguros para consumo, em total conformidade com os rigorosos padrões legais vigentes. Essa conclusão elimina qualquer dúvida sobre a ocorrência de intoxicação alimentar.

2 – Suspensão temporária das aulas e reparos
A direção tomou a decisão proativa de fechar a unidade por uma semana. Entre 13 a 17 de maio, foram feitos reparos, manutenção e melhorias nas instalações do Sudoeste. Nesse período, a unidade da Asa Sul acolheu famílias que optaram pelos serviços. As atividades no Sudoeste foram retomadas em 20 de maio, após reparos necessários para garantir a saúde e o bem estar dos alunos.

3- Contratação de consultoria especializada
Em paralelo, foi contratada consultoria especializada para reestruturar as instalações físicas nas unidades do Sudoeste e Asa Sul. A consultoria também está encarregada de revisar e aprimorar todos os processos internos, além de treinar todos os colaboradores.

4- Estudo epidemiológico
No dia 17/05/2024, a Casa da Nanny foi informada que a Vigilância Epidemiológica realizaria estudo detalhado para determinar se os sintomas observados foram causados por uma virose.

5 – Vistoria e início das investigações
Durante vistoria nesta terça-feira (28), a Polícia Civil coletou amostras de água para análise e controle de qualidade. As investigações foram iniciadas após a divulgação do vídeo por parte dos pais, em 10/05/2024, uma vez que a primeira página do inquérito policial está datada em 14/05/2024, sendo inverídica a informação de que a escola seria alvo de investigação há mais de três meses.

6 – Descarte do forno
Quanto à acusação de que um profissional teria “fugido com o forno”, a realidade dos fatos é que, desde que a Casa da Nanny iniciou o processo de reforma e limpeza, o referido forno, que não estava sendo utilizado por meses, foi descartado. As acusações são infundadas, tendo em vista que, se a intenção da escola fosse atrapalhar as investigações, não teria aguardado o mandado de busca e apreensão da Polícia Civil, na terça-feira (27). A instituição não tem conhecimento dos supostos insetos dentro do forno, considerando que – até o presente momento – não teve acesso ao laudo da perícia ou às imagens.

7 – Coletiva à imprensa
Quanto às informações apresentadas pelo delegado em sua coletiva à imprensa, realizada na data do dia 29/05/2024, o corpo jurídico esclarece que apenas após a elaboração dos laudos periciais e a comprovação quanto a eventual nexo de causalidade entre as condições da escola e os sintomas apresentados pelos alunos é que será possível a conclusão da investigação, sendo absolutamente temerária qualquer conclusão ou acusação sem elementos probatórios mínimos, como ocorre até o presente momento.

8 – Boas práticas
A Casa da Nanny Sudoeste foi advertida e orientada em 11/04/2024 a melhorar suas práticas de higiene, as quais foram prontamente corrigidas. Além disso, foi realizada uma dedetização nas instalações em 26/04/2024, com o objetivo de eliminar pragas e garantir um ambiente seguro.

9 – Licenciamento para Day Care
A Casa da Nanny Sudoeste funciona na modalidade Day Care e, como já informado, possui todas as autorizações de funcionamento:

10 – Licenciamento para funcionar como creche
Por exigência da Vigilância Sanitária, a Casa da Nanny foi orientada a se regularizar como creche. Em 17/04/2024 foi iniciado o processo de credenciamento como creche junto à Secretaria de Educação. No mesmo dia, os pais foram comunicados da medida via aplicativo da instituição.

11 – Transferência de alunos
Os alunos da unidade do Sudoeste foram remanejados para a unidade da Asa Sul enquanto a instituição cumpre as orientações de uma notificação da Vigilância Sanitária.

12 – Novas medidas
Para melhorar a experiência e a segurança dos alunos e colaboradores da unidade da Asa Sul, a Casa da Nanny está estruturando, a pedido dos pais, um Conselho Consultivo, que se reunirá uma vez por mês para discutir assuntos pertinentes entre pais e direção. Para manter as famílias atualizadas, serão enviadas diariamente duas fotos pela manhã (atividades e almoço) e duas à tarde (atividades e jantar).
Além disso, para garantir o conforto dos alunos e colaboradores, a Casa da Nanny continua realizando um processo de manutenção de rotina, que inclui: limpeza dos aparelhos de ar-condicionado, pintura das paredes da cozinha, manutenção dos armários e das persianas das salas de aula. A equipe de limpeza também foi reforçada com uma nova colaboradora para apoio à limpeza externa e interna.

A diretoria da Casa da Nanny gostaria ainda de expressar sinceras desculpas por qualquer inconveniência que possa ter causado às famílias envolvidas. A instituição enfatiza que esse tipo de incidente não reflete a qualidade dos serviços prestados pela Casa da Nanny que, ao longo dos últimos quatro anos, opera em perfeitas condições para prestar um atendimento de excelência.

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