Banho em balde gigante acalma bebês internados no Hospital de Base
O espaço e o conforto térmico fazem com que o bebê se sinta na barriga da mãe. Durante o banho, pode-se fazer leve massagem de relaxamento
atualizado
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Uma técnica desenvolvida em 1997 na Holanda está sendo utilizada com sucesso no Hospital de Base (HB) para ajudar na recuperação de bebês submetidos a cirurgias ou procedimentos médicos mais agressivos. O “banho de balde” é o que o próprio nome diz: o bebê é banhado num balde com água morna.
A ideia é simular os estímulos e as sensações que o recém-nascido sentia quando ainda estava no útero da mãe. Alguns minutos na água morna proporcionam relaxamento, tranquilidade e segurança.
Recomendada pelo Ministério da Saúde, a técnica vem sendo adotada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do HB há três anos. Os pediatras do HB agora vêm atuando para que hospitais públicos de outros estados também adotem essa método, inspirada numa tradicional banheira de origem japonesa: o ofurô.
O método é simples: basta um balde (de metal ou de plástico) em formato oval e cheio de água morna, com temperatura entre 36°C e 37°C. O espaço e o conforto térmico fazem com que o bebê se sinta na barriga da mãe.
“Essa técnica é indicada para bebês com até seis meses de idade, mais de 1,2 quilos e pode ser feita várias vezes em um mesmo dia”, destaca Thais Ferraz, fisioterapeuta
O recém-nascido deve ficar imerso até o ombro por no máximo 10 minutos (depois disso, a água começa a esfriar). Durante o banho, pode-se fazer leve massagem de relaxamento no bebê.
“Essa técnica é indicada para bebês com até seis meses de idade, mais de 1,2 quilos e pode ser feita várias vezes em um mesmo dia”, esclarece a fisioterapeuta Thais Ferraz, uma das responsáveis pela aplicação do banho na UTI Pediátrica do HB. Ela ressalta que não precisa usar sabonete nem xampu. “Se for usá-los, basta uma única vez ao dia”, ensina.
No Hospital de Base, a técnica é aplicada somente por profissionais habilitados. “Normalmente o método é desenvolvido por um fisioterapeuta com a ajuda de um técnico de enfermagem”, explica Thais. O banho ocorre na presença dos pais, para que eles aprendam e repitam em casa.
Os benefícios do “banho de balde” são diversos. “Além de acalmar, ajuda no aumento do fluxo sanguíneo, na redução de espasmos musculares e no alívio de dores e cólicas intestinais”, enumera a fisioterapeuta.
Calmo e disposto
A terapia permitiu que o bebê Miguel Silva, de três meses, estivesse naturalmente tranquilo para ser operado.
“Só foi entrar no banho que ele já melhorou, ficou mais calmo e disposto”, disse Janiffer Silva, mãe do bebê Miguel
Miguel nasceu com insuficiência respiratória. Teve que ser intubado. Ao ser extubado, passou a ter crises de choro, irritação e falta de sono. Foram 20 dias nessa agonia até que o bebê fosse operado para corrigir o volume do diafragma, que comprimia os pulmões.
Na véspera da cirurgia, para acalmá-lo, os pediatras recorreram ao “banho de balde”. “Só foi entrar no banho que ele já melhorou, ficou mais calmo e disposto”, conta Janiffer Silva, 23 anos, mãe de Miguel. Logo depois, ao sair do banho, o bebê caiu no sono. “Ele conseguiu dormir por três horas seguidas”, relembra.
Com o bebê mais tranquilo, a cirurgia pôde ser feita. “Foi um sucesso total”, comemorou Janiffer. “Agora só estou aguardando o restabelecimento completo dele para irmos pra casa”. E ela garante: vai comprar um balde para Miguel tomar banho.