Bandidos aplicam golpe em quem tem direito ao coronavoucher
Estelionatários estimulam pessoas a clicarem em falsos links relacionados ao pagamento dos R$ 600 a trabalhadores informais
atualizado
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A fragilidade, o medo e a preocupação provocados pela pandemia imposta pelo novo coronavírus se tornaram armas para criminosos especializados em golpes cibernéticos. No Distrito Federal, a Polícia Civil tem recebido uma enxurrada de denúncias de tentativas de crimes aplicados por meio das redes sociais.
Os estelionatários se valem de informações falsas sobre a Covid-19 para terem acesso a dados pessoais ou até mesmo infectar computadores das vítimas.
Uma das “iscas” usadas pelos bandidos são links relacionados à entrega de um voucher, no valor de R$ 600, a trabalhadores informais. A medida foi anunciada pelo governo federal.
Mesmo antes de o pagamento do coronavoucher começar a ocorrer, circulam pelo WhatsApp diversas mensagens falsas. Alguns ataques foram identificados e são apurados pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC).
Parte dos links maliciosos, os chamados Malwares, tem o intuito de roubar dados pessoais e financeiros das vítimas ou levá-las a páginas falsas para visualizar publicidades excessivas. No entanto, existem links que, após um simples clique, de são capazes de capturar todos os dados cadastrais das vítimas.
Segundo o delegado-chefe da DRCC, Giancarlos Zuliani, os bandidos que utilizam o novo coronavírus como pano de fundo têm dois objetivos: infectar dispositivos eletrônicos, como celulares, notebooks e computadores de mesa, e extrair dados cadastrais para usá-los na prática de outros delitos.
“É preciso ter muito cuidado e jamais clicar em qualquer anúncio de governo sobre pagamento de benefício. Essa é uma atividade chamada ‘fishing’, em que o criminoso pesca os dados. Essa atividade criminosa está crescendo muito”, destacou o investigador.
Ataque em massa
De acordo com as investigações, os ataques cibernéticos que utilizam links maliciosos costumam ser jogados em massa em diferentes plataformas de redes sociais. “Geralmente, alguns scripts são disparados cerca de 100 mil vezes para centenas de cidades Brasil afora. Se dessas 100 mil tentativas 15 derem certo, os criminosos já estão no lucro”, disse Zuliani.
“A tendência é de que nas próximas semanas as tentativas de golpe se intensifiquem”, alerta o delegado. O número de ataques nos próximos dias pode aumentar, principalmente em decorrência do agravamento da situação do país neste momento de crise”, ressaltou.
O titular da DRCC frisou ainda que, após caírem nos golpes, as vítimas não descobrem imediatamente. Existe um prazo de até 30 dias para que os efeitos do crime comecem a surgir. Depois que os dados pessoais são extraídos, eles podem ser usados na clonagem de cartões, aberturas de contas bancárias ou contratação de serviços.
O Metrópoles localizou uma aposentada de 70 anos que sofreu prejuízo de R$ 4 mil depois de clicar em um link malicioso recebido via WhatsApp. Maria das Graças Falcão só percebeu o golpe após tirar o extrato bancário e perceber que a quantia havia sido usada para pagar boletos bancários.
“Foi um susto, porque ninguém do banco chegou a entrar em contato comigo. Apenas depois de perceber que tinham invadido minha conta que ressarciram o valor retirado pelos golpistas”, relatou a vítima.
Golpe da ocorrência
A DRCC também apura uma série de e-mails falsos em que criminosos virtuais se fazem passar por policiais civis do DF. Na mensagem, os bandidos se identificam como agentes da PCDF e pedem que os usuários cliquem em links para que uma ocorrência relacionada à Covid-19 seja homologada.
Após as vítimas caírem no golpe, os dados sigilosos são extraídos. “A PCDF não envia esse tipo de e-mail. As pessoas precisam ficar atentas e jamais preencher qualquer formulário. Na dúvida, não clique em qualquer link”, enfatiza o delegado.
Todos os assuntos que envolvem a pandemia de coronavírus servem de subterfúgio para uma infinidade de crimes. Outro golpe apurado pelos investigadores da DRCC acontece por meio de aplicativos fraudulentos – que também são usados para obter dados bancários e cadastrais das vítimas.
“Esses suspeitos desenvolvem aplicativos que simulam a temperatura do corpo ou mapas atualizados com os números de infectados no Brasil para seduzir vítimas a fazerem o download. No entanto, esses programas são usados para invadir dispositivos eletrônicos”, explicou.
A Polícia Federal também alerta: os criminosos estão usando até mesmo babás eletrônicas para aplicar os golpes.