Banana, chinelo e pasta de dente são esconderijos de drogas na Papuda
Apenas nos primeiros três meses deste ano, 48 pessoas foram presas tentando, de diversas formas, entrar com drogas nos presídios do DF
atualizado
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Circular pelos pátios das unidades prisionais, no Complexo Penitenciário da Papuda, com pequenas porções de droga gera respeito e poder de barganha aos detentos. Vendidas a peso de ouro, trouxinhas de maconha e cocaína são constantemente apreendidas em operações contra o tráfico nas cadeias. Por isso, criminosos usam de muita criatividade para bolar engenhosos esconderijos a fim de entrar com os entorpecentes nas cadeias e repassá-los a seus comparsas.
Apenas nos primeiros três meses deste ano, 48 pessoas foram presas enquanto tentavam passar com drogas escondidas. No ano passado, 201 visitantes foram levados para a delegacia após serem flagrados com porções dentro dos objetos mais inusitados. Vale tudo para tentar enganar a revista, como embalar e acondicionar as trouxinhas dentro de bananas, sem que as frutas aparentem ter sido abertas, ou mesmo cortar e colar meticulosamente solados de chinelos de borracha para esconder os produtos ilícitos.
Objetos de uso pessoais e de higiene, como pastas de dente, também são usados. Em alguns casos identificados pela polícia, os tubos são abertos e a cocaína, inserida. Depois, o recipiente é cuidadosamente fechado e lacrado. Os flagrantes são realizados por agentes de atividades penitenciárias durante os procedimentos de revista. Os entorpecentes são localizados com a ajuda de scanners corporais.
Além das drogas encontradas nos objetos, os agentes também costumam flagrar o esforço de visitantes para entrarem com grandes quantidades de dinheiro. Somente é permitido entrar com valores pré-determinados a serem entregues ao detento para consumo no interior da cadeia, mas é proibido sair com qualquer valor monetário do local.
Após a realização de um flagrante, o visitante infrator é conduzido ao Instituto Médico Legal (IML). Nos casos em que há droga escondida dentro do corpo, ele pode ser levado à rede hospitalar, com escolta policial. Há casos de pessoas que ficam dois ou três dias internadas para a retirada dos entorpecentes. Em seguida, o suspeito é levado à 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) para o registro da ocorrência policial e a realização do auto de prisão em flagrante.
De acordo com o subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe), delegado Adval Cardoso, as apreensões são constantes nos dias de visita. “Nosso principal alvo é reduzir ao máximo a entrada de drogas nas unidades prisionais da Papuda. Os entorpecentes provocam instabilidade dentro do sistema e vamos evitar isso”, disse.
Cardoso explicou que, ao longo de 2018, também foram realizadas buscas periódicas de celulares em todas as cadeias do DF. No período, não foi localizado nenhum aparelho nos estabelecimentos penais de regime fechado.
A população pode ajudar por meio da realização de denúncias anônimas pelo site da Sesipe (www.sesipe.ssp.df.gov.br), na opção “Denúncia Anônima Online”.