Babel: caminhoneiros integravam esquema de roubo de cargas
Segundo investigadores, eles eram aliciados e recebiam remuneração para desviar mercadorias. Depois, ocorrência de roubo era registrada
atualizado
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A megaoperação da Polícia Civil do Distrito Federal para desarticular uma organização criminosa interestadual que atua no tráfico de drogas e roubo de cargas prendeu 46 pessoas. Destas, 16 no Distrito Federal e Entorno. Dois acusados estão foragidos.
A ação coordenada pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco) foi deflagrada nessa quarta-feira (10/10) simultaneamente na capital do país e em seis estados: Goiás, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Bahia e Pernambuco.
A investigação teve início no começo do ano, quando a PCDF recebeu uma denúncia anônima de que Antônio Cesar Campanaro, mais conhecido como Toninho do Pó, estaria envolvido com tráfico de drogas. Ele já havia sido preso em 2009, após ser encontrado com 20kg de cocaína em uma rodovia do Distrito Federal. Ficou cerca de um ano e meio detido, mas depois voltou à atividade.
Com o aprofundamento das investigações, descobriu-se que Toninho do Pó liderava duas organizações criminosas que eram conectadas: uma responsável pelo desvio de cargas e outra pelo tráfico de drogas.
De acordo com os policiais, os caminhoneiros eram aliciados e desviavam as cargas vindas do Sul. Depois, registravam falsas ocorrências de roubo. A atividade era arriscada e envolvia muitas pessoas, por isso os criminosos escolhiam apenas mercadorias com valores acima de R$ 500 mil. As cargas eram pagas com carros de luxo. Não havia movimentação de dinheiro, o que dificultou as investigações.
Ou seja, os caminhoneiros eram remunerados e, muitas vezes, recebiam uma parte da carga desviada, segundo informaram os policiais civis envolvidos na operação.
A família de Toninho do Pó (esposa, filho, filha e enteada) foi presa durante a operação Torre de Babel. Acredita-se que a mulher dele tinha certo nível de autoridade sobre a organização. O homem morava no DF, mas viajava para Morro de São Paulo, na Bahia, frequentemente, por causa do tráfico de drogas. Lá, ele foi preso com o filho.
O líder do grupo criminoso é dono de vasto patrimônio, mas nenhum dos imóveis estava em seu nome, de acordo com os policiais. Familiares eram usados como laranjas. Inclusive, o acusado era dono de uma pousada na cidade baiana, onde foi preso. O local, simples, segundo os investigadores, era usado para traficar drogas.
A polícia informou que Toninho do Pó contava com o apoio de dois “gerentes”. Eles eram responsáveis por recrutar motoristas que traziam cargas especialmente do Sul do país e falsificar notas fiscais dos produtos roubados. Parte das mercadorias era levada para o Paraguai e trocada por contrabando.
Em outra vertente do esquema, Toninho do Pó mantinha negócio “com vigorosa atuação na seara do tráfico de drogas”, conforme informou a PCDF. Dentro da Hilux do líder da organização, os policiais encontraram R$ 76 mil escondidos em um fundo falso do banco.
Ao todo, foram 25 veículos apreendidos. A investigação do esquema desvendado na operação terá continuidade.
A PCDF pediu auxílio do Ministério da Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Receita Federal, do Exército Brasileiro e da Aeronáutica. O nome da operação refere-se à grande quantidade de cidades alvo da atuação do grupo criminoso e ao grande número de forças mobilizadas para desarticular o esquema.
Números da operação:
– 46 prisões e dois foragidos;
– 72 mandados de busca e apreensão;
– No DF e Entorno: 16 prisões (três em flagrante por porte de arma de fogo em casa), 23 mandados de busca e apreensão;
– No DF: 50 delegados envolvidos, 210 agentes, 29 escrivães, 58 viaturas, quatro aviões, três helicópteros.
Confira imagens dos presos chegando ao DF nessa quarta (10):