Autores de 2 feminicídios em 4 dias no DF eram colegas de trabalho
Leandro de Barros Soares, que matou a psicóloga Melissa Mazzarello, era chefe de Osmar de Sousa Silva, que assassinou Thaís Campos
atualizado
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Os autores dos dois feminicídios ocorridos em Sobradinho em um espaço de quatro dias eram colegas de trabalho em uma empresa de análise de sistemas. Leandro de Barros Soares, 41 anos, assassino da psicóloga e professora Melissa Mazzarello de Carvalho Santos Gomes, 41, era chefe de Osmar de Sousa Silva, ex-companheiro da cirurgiã-dentista Thaís Campos, 27.
A informação foi apurada pelo Metrópoles com investigadores da 13ª DP. Até o momento, a ligação entre os dois é considerada apenas uma coincidência, principalmente pelo fato de Osmar já ter comprado a arma do crime há mais tempo.
Outro fato é que Osmar estava de saída do emprego onde tinha Leandro como chefe. Com uma proposta para trabalhar em Portugal, ele já tinha até as passagens para a Europa marcadas antes de cometer o crime.
Casos ocorreram em menos de uma semana
Osmar de Sousa Silva, ex-companheiro da cirurgiã-dentista Thaís Campos, 27 anos, confessou em depoimento ter cometido o feminicídio da jovem, na noite de domingo (20/6). Ele foi preso por policiais da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), na tarde desta segunda-feira (21/6).
Segundo o delegado-chefe da 13ª DP, Hudson Maldonado, Osmar confessou, com detalhes, como assassinou a ex-mulher com tiros à queima-roupa.
“Osmar disse ter feito uso de bebidas alcoólicas durante todo o dia de domingo e ter comprado a arma de fogo já há alguns meses, por pouco mais de R$ 5 mil. Falou ter chegado e, sem proferir uma única palavra, iniciou os disparos no rosto da ofendida. Se disse arrependido, o que não nos convenceu. Ele está, agora, em prisão temporária decretada pelo Judiciário, pelo prazo de 30 dias”, afirmou o delegado.
Osmar e Thaís estavam separados há aproximadamente cinco meses. Os dois têm uma filha de 2 anos. A criança está na casa de um familiar, em Planaltina.
Thaís foi morta com tiros à queima-roupa, às 18h35 de domingo. Imagens da câmera de segurança da casa, localizada em Sobradinho, mostram o momento do crime. A jovem foi atingida por pelo menos três disparos. Osmar fugiu em um Honda Civic branco. Ele foi preso quando se preparava para apresentar-se espontaneamente, na tarde de segunda-feira.
Osmar foi alvo de uma denúncia envolvendo a Lei Maria da Penha, em 2016. A ocorrência foi registrada por uma outra mulher, no Paranoá, segundo informações da Polícia Civil do DF (PCDF).
O crime cometido por Leandro de Barros Soares ocorreu na manhã de quinta-feira (17/6). Segundo revelado em depoimento aos investigadores da 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho), Leandro assassinou a esposa por ciúmes. Ele disse à polícia que não tinha intenção de matá-la.
Na delegacia, o acusado contou ter descoberto uma traição, em setembro do ano passado, quando a família morava em São Sebastião. À época, Leandro acabou preso por agressão e, na ocasião, ficaram instituídas medidas protetivas.
Em janeiro deste ano, o casal reatou o relacionamento. “Segundo a narrativa do infrator, na data de ontem, ele teria descoberto que a vítima continuava com a traição. Ao indagá-la, segundo ele, ela reagiu com fúria, partindo para cima do autor”, detalhou o delegado Hudson Maldonado.
“Na versão dele, ele teria feito apenas um abraço de contenção e, com a força empregada, de forma não voluntária, teria ensejado a morte dela”, revelou o delegado.
Entretanto, para o investigador, o que houve foi um feminicídio. “Algo doloso, intencional e injustificável. Prova-se inclusive pelo fato de o delinquente ter deixado a residência sem ao menos pedir por socorro”, completou Maldonado.
Após Leandro matar a esposa, ele buscou os filhos do casal na escola, de 6 e 8 anos, e deixou as crianças na casa dos avós. Em seguida, entrou em contato com um irmão, que o aconselhou a se entregar, o que ocorreu horas depois, na 307 Sul, no começo da noite de quinta-feira.