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Autista agredido em Águas Claras tem rejeição de prótese ocular e sangramentos nasais

Em lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Autistas, jovem relatou drama que enfrenta desde que foi agredido, em janeiro

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1 de 1 Jovem - Metrópoles - Foto: Pedro Iff / Metrópoles

As noites continuam a ser doloridas para Wtsherdhay Gonçalves dos Santos, 22 anos. O jovem negro e autista perdeu um dos olhos após ser barbaramente espancado em Águas Claras, no Distrito Federal, em 2 de janeiro de 2023. Além de precisar de uma cirurgia reparatória no nariz, ele chegou a receber uma prótese ocular, mas o organismo rejeitou o item.

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O jovem de 22 anos não consegue dormir bem e sente dores no nariz
Família de Wtsherday cobra por justiça
Wheda, mãe da vítima, conta que o filho não teve acesso ao tratamento adequado
Câmara Legislativa lançou Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo, presidida pelo deputado Eduardo Pedrosa (foto)
Diretor-presidente do Moab, Edilson Barbosa, afirma que o DF precisa de políticas públicas para acolher e defender direitos dos autistas
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Wtsherdhay Gonçalves dos Santos ainda sofre com sequelas após espancamento

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O jovem de 22 anos não consegue dormir bem e sente dores no nariz

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Família de Wtsherday cobra por justiça

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Wheda, mãe da vítima, conta que o filho não teve acesso ao tratamento adequado

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Câmara Legislativa lançou Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo, presidida pelo deputado Eduardo Pedrosa (foto)

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Diretor-presidente do Moab, Edilson Barbosa, afirma que o DF precisa de políticas públicas para acolher e defender direitos dos autistas

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Durante lançamento da frente parlamentar, diversas instituições cobraram políticas públicas para os autistas

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Participantes também exigiram centros de acolhimento e políticas mais atualizadas para pessoas com autismo

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Por enquanto, Wtsherdhay vive dias de aflição e indignação, porque os agressores continuam livres e impunes. O jovem conversou com o Metrópoles na noite de segunda-feira (3/4), na Câmara Legislativa (CLDF), após o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo.

Assista ao depoimento de Wtsherdhay:

A notícia da possibilidade de uso de uma prótese pelo jovem levou alívio à família. No entanto, após a colocação do item, a cavidade ocular de Wtsherdhay ficou tomada por secreção e dor. “Minha vida não está bem. Meu olho dói para dormir”, diz.

O jovem encontrou na arte uma forma de conforto. Além de voltar a frequentar festas com a família, começou a aprender a tocar instrumentos musicais com ajuda da banda Segunda da Resenha. “Música é tudo na minha vida. Fico alegre e faço a alegria de todo mundo”, conta.

Devido à lesão sofrida, o que provoca dores e sangramentos, Wtsherdhay precisa de uma cirurgia reparatória.

O jovem foi espancado após defender o irmão mais novo, Solomon Gonçalves Chwukuemeka Maha, e sofreu ferimentos em diversas partes do corpo, inclusive com perda da cartilagem do nariz.

Crises de choro

Mãe do jovem, Wheda Gonçalves dos Santos descreve a situação como “muito complicada”. Além de não conseguir dormir bem, Wtsherdhay tem vivido crises de ansiedade. Em algumas noites, ele chora e pede ajuda para ter um olho novamente. Ao lado do filho, ela ora e lamenta a situação.

“Ele teve duas crises de choro, e fiquei desesperada. Tive de levá-lo para o hospital. Ele entrou no box [do banheiro], gritava e chorava muito. Sentou-se no chão e deu murros na parede. Creio que ele tenha de mudar os medicamentos, mas não tenho condição de pagar”, desabafa Wheda.

A mãe considera que recebeu uma pena “prisão perpétua” após o ocorrido, mas os autores do crime seguem impunes. “Quem cometeu o crime com o meu filho, que arrancou o olho, quebrou o nariz, rachou a testa, perfurou o pé dele com um canivete está solto e feliz da vida. Eu não. Eu estou presa para o resta minha vida. A Justiça não vai devolver o olho do meu filho”, completa Wheda.

O presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo, deputado distrital Eduardo Pedrosa (União Brasil), promete buscar justiça para a família. “O caso do Wtsherdhay foi muito emblemático. Precisamos mostrar que quem agir com preconceito vai pagar pelo que fez”, ressalta.

Rede de ensino

Para o parlamentar, mesmo com direitos previstos na legislação brasileira, autistas enfrentam exclusão e abandono nos serviços públicos. A criação da frente parlamentar visa garantir acolhimento e respeito a pessoas com essa condição, segundo o deputado distrital.

Diretor-presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), o advogado Edilson Barbosa cobra a abertura de ao menos um centro de referência em tratamento a autistas em cada região administrativa do Distrito Federal, assim como ocorre com as Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Outro desafio é ampliar a oferta de monitores e salas de recursos e educação precoce para estudantes com deficiência (PCDs) nas escolas públicas.

Atualmente, esses colégios têm, aproximadamente, 7 mil estudantes diagnosticados como PCDs. “A rede ainda não está assistida. Há [acompanhamento adequado] em alguns lugares, e parabenizamos os profissionais que estão lá, auxiliando estudantes autistas e pessoas com deficiência, mas precisamos melhorar. Temos de ter um núcleo em cada regional de ensino”, enfatiza Edilson Barbosa.

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