Aumento no Restaurante Universitário da UnB passa a valer nesta quinta
Reajuste chega a mais de 100% para estudantes de graduação e pós. Preços foram alterados após corte de verbas na instituição
atualizado
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O aumento nos preços das refeições no Restaurante Universitário (RU) da Universidade de Brasília (UnB) entra em vigor nesta quinta-feira (12/7). O grupo que tem direito à isenção continua com o benefício garantido, mas os alunos que costumavam pagar de R$ 1 a R$ 2,50 terão de desembolsar R$ 2,80 no café da manhã e R$ R$ 5,20 no almoço e jantar. O aumento mais significativo será aplicado a servidores e terceirizados, que passam a pagar o mesmo valor cobrado dos visitantes: R$ 7 no café e R$ 13 nas outras refeições.
Mergulhada na pior crise financeira de sua história, a UnB vem adotando medidas com o objetivo de economizar e, assim, frear o déficit de R$ 92,3 milhões no orçamento de 2018. Além do aumento do preço das refeições servidas no RU, a universidade recorreu a demissões de terceirizados e estagiários para reduzir gastos.
Mudanças no subsídio
Por meio de nota encaminhada ao Metrópoles, a UnB explicou que a nova proposta para os subsídios do RU foi aprovada no dia 28 de junho pelo Conselho de Administração (CAD). Segundo o texto, a medida prevê a reorganização dos grupos de usuários do restaurante.
“Em 2017, o valor pago pela UnB para o RU foi de R$ 27,4 milhões. Este ano, se nada for feito, a previsão é que a fatura chegue a R$ 31 milhões – em um cenário no qual os recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) estão congelados, desde 2015, em cerca de R$ 30 milhões”, disse a instituição. “O valor do Pnaes serve, ainda, a todas as outras formas de auxílio destinadas aos estudantes em situação de vulnerabilidade, de forma que, atualmente, a universidade precisa lançar mão de seu orçamento de custeio para cobrir os gastos com o RU”, acrescentou.
Confira as principais mudanças nos preços das refeições para os grupos atendidos no RU:
Segundo a nota da universidade, a criação de uma comissão para análise da situação do RU foi uma demanda do próprio CAD, depois de a Câmara de Administração e Planejamento (Cplad) ter indicado a necessidade de ajustes em todos os contratos de prestação de serviços da UnB. O valor pago pelos usuários da comunidade acadêmica não sofre reajuste desde 1994.
O coordenador jurídico do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Bruno Henrique Moura, lembra que o estatuto da UnB permite apelação contra decisões do CAD. “A gente entrou com um recurso contra a decisão no dia 4 de julho e estamos tentando resolver nas instâncias administrativas, para não sermos acusados de falta de diálogo caso judicializemos a questão”, disse Moura.
Reflexo da crise
No total, a universidade precisa cortar R$ 39,8 milhões do orçamento e aumentar a receita em R$ 50,8 milhões. A decana de planejamento, Denise Imbroisi, apresentou os dados e informou que, em 2018, a UnB terá R$ 137 milhões de recursos do Tesouro, além de R$ 40 milhões de arrecadação. No entanto, o custo anual será de R$ 214,5 milhões.
Assim, a previsão é que haja um corte de 15% nos contratos de prestação de serviços da universidade, pois é preciso reduzir os gastos em R$ 25 milhões para adequar as contas, conforme explicou a reitora Márcia Abrahão a representantes de toda a comunidade acadêmica no fim de março, quando as principais glosas foram anunciadas.
“Já estamos negociando com as empresas. Não há como não ter prejuízo, com os cortes de repasses do governo federal. Nossa perda de receita foi grande”, justificou a reitora à época.
Em 2016, quando os acertos com as prestadoras de serviço já estavam fechados, o repasse do Tesouro para a UnB foi de R$ 217 milhões. Em 2018, caiu para R$ 137 milhões, 45% a menos. A crise levou as empresas contratadas pela UnB a demitirem 350 terceirizados em 2017.