Aulas voltam e 120 escolas do DF precisam de reformas em cozinhas ou refeitórios
O Conselho de Alimentação Escolar flagrou diversas irregularidades, como uma cozinha tomada por rachaduras com risco de acidentes
atualizado
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Mesmo com o retorno das aulas presenciais, 120 escolas públicas não receberam obras em cozinhas e refeitórios. Segundo o Conselho de Alimentação Escolar do Distrito Federal (CAE-DF), os problemas de infraestrutura oferecem risco de propagação do novo coronavírus e de acidentes para alunos, merendeiras e professores.
Antes da chegada da pandemia de Covid-19, ainda em 2019, o conselho havia listado 142 escolas com graves problemas em cozinhas e refeitórios. A Secretaria de Educação montou um plano de obras para sanar a situação. Pelas contas do CAE, contudo, 85% desses colégios não receberam as reformas necessárias nas áreas de preparo de alimentos e realização das refeições.
“Muitas destas escolas sequer sabiam do plano de obras. São muitas escolas com infraestrutura ruim ou muito antiga”, pontuou o presidente do CAE-DF, Thiago Dias. Pelo diagnóstico do conselho, 75% das unidades de educação pública não têm refeitório adequado e 60% possuem falhas nas cozinhas, indo de lâmpadas quebradas a rachaduras.
A situação da cozinha do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 3 do Paranoá é crítica. “Você vai ver que a estrutura de um canto a outro, parece que o teto vai cair. De uma pilastra à outra, a viga de sustentação rachou”, contou Dias. “E o prédio é de andar. E em cima da cozinha tem duas salas de aula”, alertou.
Veja o vídeo:
Segundo Dias, a escola é a junção de dois prédios. “Há duas pilastras de um lado e do outro, e duas vigas. Só que não fizeram a amarração. De um lado a pilastra trabalha, mas do outro fica parada. A parada começa a sofrer danos e rachaduras”, pontuou. Em 31 de agosto de 2018, parte do teto do teto da cantina do CEF 3 desabou – uma pessoa ficou ferida.
Outras unidades receberam reformas fora dos padrões, a exemplo da Escola Rural EC Guariroba, em Samambaia (foto em destaque). “Ao invés de instalarem ralos, fizeram canaletas, como se fosse uma piscina”, relatou o presidente do CAE-DF. As canaletas oferecem risco de contaminação e presença de insetos, como baratas, na cozinha.
Veja imagens da cozinha com canaletas:
Protocolos sanitários
Para o conselho, a rede pública não está preparada para manter os protocolos de segurança para a merenda escolar durante a pandemia de Covid-19. “Tem cozinha apertada, onde você tem de três a quatro merendeiras fazendo a cocção dos alimentos para os alunos”, acrescentou.
Sem refeitórios adequados, alunos acabam tendo de se alimentar dentro de sala de aula, pátios ou em quadras esportivas. Os refeitórios são necessários para assegurar o distanciamento, a ventilação e higienização depois das refeições, três medidas necessárias para preservar a saúde dos estudantes.
No entendimento do CAE-DF, a volta das aulas presenciais é um passo importante para a retomada da educação dos estudantes. Nesse sentido, famílias carentes dependem da merenda escolar para a nutrição correta dos filhos. Apesar disso, são necessários investimentos para garantir a segurança sanitária nas cozinhas e refeitórios, nesta etapa.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Educação do DF para falar sobre a questão. A pasta afirmou que mantém contratos de manutenção. Eventuais reformas e novas obras serão conduzidas pela Diretoria de Engenharia. O órgão não comentou se possui novo cronograma de obras e não respondeu aos apontamentos do CAE-DF.
Confira a nota completa da pasta:
“A Secretaria de Educação mantém contratos cujo objeto é a execução de serviços de manutenção preventiva e corretiva predial nas instituições de ensino. Para atendimento das demandas, a Diretoria de Engenharia, em parceria com as regionais de ensino, define aquelas que serão atendidas ao longo do ano, tendo em vista os recursos financeiros destinados aos contratos.”