Aulas virtuais de escolas públicas do DF têm 525 mil cadastrados no 1º dia
Ao todo, a comunidade escolar tem 630 mil pessoas entre professores, alunos e gestores. Até o dia 29, as atividades não contam presença
atualizado
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O primeiro dia de aulas à distância para os alunos da rede pública de ensino do Distrito Federal teve o cadastro de 525,7 mil pessoas da comunidade escolar, composta por 630 mil indivíduos entre professores efetivos, substitutos, gestores e estudantes. As atividades começaram nesta segunda-feira (22/06) para contextualizar e enturmar os envolvidos, além de testar e aperfeiçoar o sistema.
Até o fim da semana, os 630 mil cadastros devem ter sido concluídos. O ponto de partida do novo modelo de aulas, adotado para conter o avanço do novo coronavírus no DF, envolveu todas as 683 escolas da rede pública. O objetivo inicial delas é enturmar virtualmente os 456.109 estudantes da rede pública do DF.
Assim, eles poderão retomar o ano letivo, na próxima segunda-feira (29/06), com validação de frequência nas três opções ofertadas pela Secretaria de Educação: internet, com a plataforma Google Sala de Aula; teleaulas; e atividades impressas entregues pelas unidades escolares.
“Considerando que temos esta semana para trabalhar, com certeza vamos iniciar o ano letivo, na semana que vem, com todos a bordo”, afirmou David Nogueira, coordenador do Escola em Casa DF, esclarecendo que as contas ativas ainda não indicam uma preferência dos estudantes entre a internet, TV ou impressos, pois todos devem abrir uma conta de e-mail para participar do programa.
A conta dos estudantes é terminada em @estudante.se.df.gov.br. Só será possível indicar a preferência dos alunos até o final desta semana. Todos os participantes do programa devem ter contas ativas, por isso o número ultrapassa muito a soma simples de professores e estudantes. Inclui ainda todo o pessoal da carreira de assistência à educação e das instituições parceiras da Secretaria de Educação, que atendem à educação infantil.
Problemas
A semana de acolhimento também teve dúvidas e problemas de acesso. Pais reclamaram que os filhos não conseguiram o código para entrar nas videoaulas e também se mostram preocupados ou com a instabilidade da internet ou por não terem meios digitais em casa.
A pedagoga da equipe especializada de apoio à aprendizagem do Caic JKO Núcleo Bandeirante, Sirlene Bastezini, afirmou que está acompanhando todo o processo e esclarecendo dúvidas de pais e alunos.
“Fizemos vários tutoriais e acreditamos num retorno muito positivo. Ainda temos relatos de dificuldades em relação à internet e acessos à plataforma. O quantitativo, nós vamos ganhando com um certo tempo e buscando alternativas para que todos participem. É uma corrente para atingir o máximo de alunos.”
Ainda de acordo com a pedagoga, os professores estão tendo que se reinventar. Muitos, inclusive, estavam em processo de aposentadoria, nunca tiveram acesso à informática e agora estão se virando para atender os alunos. “Acreditamos que todos, e também as famílias, vão estar mais próximos, participando mais de todo o processo educacional. É um momento de união. Estamos fazendo posts de rotina nas redes sociais da escola para que todos consigam se adaptar à ferramenta”, disse.
Muitas dificuldades
Para o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), são muitas as dificuldades encontradas pelos professores para a execução do trabalho remoto. Entre elas, a falta de investimento ao longo dos anos na formação dos docentes para atuar com os meios tecnológicos e a estrutura deficiente das escolas. Além disso, o fato de muitos alunos não possuírem equipamento eletrônico deve ser levado em conta.
“Infelizmente, esses alunos serão excluídos e irá aumentar ainda mais a desigualdade social. As atividades impressas e entregues aos alunos também não irão garantir a aprendizagem dos mesmos”, afirmou o diretor do sindicato Samuel Fernandes.
Ainda de acordo com Samuel, a melhor solução para evitar a exclusão de milhares de estudantes seria o governo garantir, além da internet, os aparelhos eletrônicos para os alunos da rede pública que não têm acesso a esses meios tecnológicos.
“Não adianta disponibilizar internet gratuita para o acesso à plataforma se o aluno não tem o tablet, um celular ou um computador para ingressar na plataforma on-line. Não podemos aceitar nenhuma medida que possa excluir alguém. O governo precisa cumprir sua função e ofertar todas as condições para que os alunos tenham o direito a uma educação pública, gratuita e de qualidade”, concluiu.
Confira como vai funcionar cada modalidade:
Teleaula
Nesta modalidade, as aulas serão transmitidas pela TV Justiça. A emissora de TV aberta não cobrará nada do Executivo local para reproduzir as atividades no canal. A programação começa com três horas por dia. O conteúdo veiculado mais cedo, por volta das 9h, será para a educação infantil. A programação vai progredindo com o passar dos minutos até chegar ao ensino médio. O cronograma completo foi divulgado.
As teleaulas não vão substituir as presenciais ou contar na frequência dos estudantes. Elas servem para que os alunos não percam conteúdo nesta época de quarentena.
A Secretaria de Educação também fechou parceria com a TV Gênesis e a TV União, que vai exibir o conteúdo, mas ainda sem data marcada para o início das transmissões, e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que cede os estúdios para as gravações. A pasta tenta contratar uma quarta emissora.
Webaula
Os alunos da rede pública de ensino do DF com disponibilidade de computador e internet terão aulas mediadas por meio da plataforma Google Sala de Aula.
A modalidade permite aferir a presença dos estudantes e a aplicação de avaliações. Os primeiros a testar o formato serão os estudantes do ensino médio, a partir desta segunda-feira (22/06).
Para fazer o uso da plataforma, é preciso registrar login no site. Um código usado no acesso e específico para cada estudante consta no boletim escolar do aluno. Em casos de problema com o cadastro, é preciso comunicar à Secretaria de Educação pelo telefone 156, opção 2.
Conteúdo impresso
Apesar de minoria, parte dos estudantes afirmou não ter acesso à internet nem à televisão. Para esse grupo, a Secretaria de Educação informou que produzirá materiais didáticos impressos.
Caberá aos pais e responsáveis dos alunos irem à escola pública para coletar o material. A data de devolução dos exercícios resolvidos será estabelecida pela própria instituição de ensino e professores.