Auditor do TCU preso por tráfico será transferido para a Papuda
Em audiência de custódia, magistrada decidiu converter o flagrante em prisão preventiva. Lucas Ribeiro traficava maconha em órgãos públicos
atualizado
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O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Lucas Ribeiro Pereira, 32 anos, preso por traficar drogas para uma clientela formada por servidores públicos federais, permanecerá na cadeia. Em audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira (20/06/2019), o suspeito teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele será transferido a uma das celas do Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo Penitenciário da Papuda.
A juíza Maria Rita Marques afirmou em sua decisão que os crimes praticados são graves e o autor devia continuar preso, mesmo levando em consideração o fato de ele ter residência e trabalho fixos. “No tocante aos pressupostos da prisão provisória, encontram estes amparo na necessidade de se acautelar a ordem pública, pois a prática criminosa, em tese, praticada pelo autuado coloca em evidente risco a segurança social”, apontou.
Lucas Ribeiro foi preso nessa quarta (19/06/2019) por investigadores da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil (PCDF). Ele mantinha extensa lista contábil – com nomes, telefones e valores – relacionada ao tráfico de drogas que movimentava em parceira com um servidor do Senado Federal. Segundo a PCDF, a dupla faturava alto com a venda de uma espécie de maconha gourmet, geneticamente modificada e com alto poder alucinógeno.
Cada grama da erva chegava a custar R$ 200. O quilo da droga saía por R$ 20 mil. A operação foi deflagrada em conjunto com a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Divisão de Operações Especiais (DOE) e Divisão de Operações Aéreas (DOA). Os policiais apontam que os contatos com os clientes eram feitos por meio de redes sociais pelas quais os dois servidores ofereciam a droga. O volume de venda era grande, principalmente porque esse tipo de maconha contém alto teor alucinógeno e não exala cheiro quando consumida.
Integrantes da Cord encontraram 3 kg de maconha já pronta para a venda, além de outros 30 pés da erva que estavam em pleno cultivo em um terraço da casa do auditor, no Altiplano Leste, que fica entre o Lago Sul e o Paranoá. Em um dos cômodos da residência, Lucas Ribeiro mantinha um laboratório artesanal usado para potencializar os efeitos da maconha.
Antes de ser consumida, a droga passava por vários processos para ter seus efeitos potencializados. O servidor público está em período probatório, tendo sido nomeado em 2017, e recebe remuneração líquida de R$ 14 mil. Procurados pela reportagem, o TCU e o Senado não haviam se manifestado até a última atualização desta matéria. A defesa do auditor também não foi localizada.
Maconha gourmet
De olho no alto poder aquisitivo de usuários do Plano Piloto, Lago Sul e Lago Norte, traficantes do Distrito Federal passaram a apostar no tráfico de ervas geneticamente modificadas. Com diferentes aromas e sabores, as maconhas gourmet podem ter gotas de limão, framboesa, cereja e chocolate. As apurações policiais apontam que apenas um grupo seleto de usuários consegue ter acesso a esse tipo de droga, devido ao elevado valor do produto. Uma pequena porção chega a custar R$ 1,4 mil.
Ao contrário do entorpecente vendido nas ruas e em bocas de fumo, as substâncias especializadas são negociadas em rodas de amigos. Em quase 100% dos casos, quem vende e compra se conhecem. Portanto, consideram a transação segura. Os grupos de WhatsApp tornaram-se um dos principais meios para os traficantes repassarem a oferta de maconha gourmet.
Cardápios com uma infinidade de ervas modificadas muitas vezes são expostos pelos criminosos. Apontada como a mais potente do mundo, a Super Lemon Haze, criada em laboratório, tem concentração de THC (tetraidrocanabinol) superior a 20% e sabor cítrico.