Auditor do Ibram é atacado por cães durante fiscalização no DF
Servidor do Instituto Brasília Ambiental foi ferido por sete animais durante operação em parque do Varjão
atualizado
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“Pensei que ia morrer. Pedi que Deus me desse forças para sair dali”, disse um auditor fiscal de atividades urbanas, lotado no Instituto Brasília Ambiental (Ibram), ao lembrar do ataque que sofreu na última terça-feira (18/7), quando foi mordido por cerca de sete cachorros raivosos. Com ferimentos graves, o servidor precisou ser socorrido e levado ao hospital.
O caso ocorreu por volta das 17h no Parque Ecológico e Vivencial do Varjão. O auditor de 31 anos, que pediu para não ser identificado, conta que foi chamado para acompanhar a presidente do Ibram, Jane Maria Vilas Boas, em uma visita à região. “Como se trata de área de proteção ambiental, já havíamos feito diversos trabalhos no parque. Mas, desta vez, a equipe foi mobilizada para visitar uma suposta associação que funcionava no Recanto das Orquídeas”, ressaltou o homem.
Ao chegar no local na DF-005 (km 1, chácara 1), o auditor desceu de um dos dois carros que transportava o grupo de seis pessoas e bateu palmas. “Estava no fim da tarde. Apesar de os raios de sol atrapalharem um pouco a minha visão, pude identificar que um carro estava estacionado no lote. Porém, quando percebi, já estava cercado por cães e os meus colegas corriam de volta para os carros”, relatou a vítima.
O servidor conseguiu escapar do ataque escalando um muro e, em seguida, se lançando pela janela de um veículo do Instituto, que encostou para socorrê-lo. Após o ataque, ele foi levado ao Hospital Santa Helena, na Asa Norte, onde foram constatados diversos ferimentos.“Cada um mordeu em um lugar. Eles não são do tipo que latem, já chegaram atacando. Só consegui pensar que não poderia desmaiar e nem cair ali, senão acabariam me matando. Aí eu fui me arrastando até conseguir chegar num muro, tentei tirar as minhas pernas das bocas dos cachorros e foi onde consegui subir”. Ainda atordoado, ele completa: “Eles me mastigaram por uns 30 segundos”.
O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), mas será investigado pela delegacia da área onde ocorreu o ataque, a 9ª DP (Lago Norte). A vítima fez exames no Instituto Médico Legal (IML). O laudo, entretanto, ainda não está pronto. Por se tratar de invasão de área pública, o dono da chácara já foi intimado a deixar o local.
O homem está com atestado de 10 dias, mas ainda não sabe se vai voltar a trabalhar. “Não estou em condições psicológicas. Os cães conseguiram arrancar a minha roupa. Celular e carteira ficaram no local”, concluiu.
Segundo o servidor, outros colegas já foram feridos ou ameaçados durante o trabalho. “Soubemos de ataques feitos pelos mesmos cachorros a colegas que foram ao local após o que aconteceu comigo. Os animais rasgaram os pneus dos carros e morderam o para-choque. Também existem casos de fiscais baleados ou esfaqueados em serviço”, destaca o auditor.
Para ele, é necessário que o Ibram evite mandar funcionários a campo antes de um planejamento prévio. O homem também defende que os servidores passem por cursos de defesa pessoal, participem de fóruns sobre segurança para se qualificarem, entenderem e aprenderem a evitar os riscos do trabalho.
Confira a íntegra da nota enviada pelo Ibram:
O Instituto Brasília Ambiental (IBRAM) informa que o incidente ocorreu durante uma vistoria em uma área protegida que está sendo alvo de invasores.
No momento do ataque, estavam presentes dois auditores fiscais, um agente de unidades de conservação, um coordenador e a presidente do Instituto, em dois carros oficiais do órgão. Não havia no local qualquer sinalização informando sobre a presença de cães e tampouco os mesmos eram mantidos de maneira apropriada.
O auditor conseguiu se desvencilhar do ataque a buscou refúgio em um muro, possibilitando seu resgate e posterior encaminhamento ao hospital. O servidor teve total apoio de seus colegas, que se dividiram entre o acompanhamento do atendimento hospitalar e a recuperação de seus bens, que ficaram no local.
A presidente do Instituto, imediatamente, solicitou suporte da procuradoria jurídica do órgão e um boletim de ocorrência foi lavrado na 1ª Delegacia de Polícia, que investiga o caso.
A presidente do IBRAM lamenta o ocorrido e afirma que o episódio apenas reforça a necessidade de se combater invasões de áreas públicas.