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Áudios: servidores do DF caem no golpe dos precatórios pelo WhatsApp

O golpe teve repercussão após o GDF anunciar a antecipação do pagamento de R$ 300 milhões em precatórios, na última quinta-feira (9/2)

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1 de 1 Mulher digitando em celular de lado - Metrópoles - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

Filiados ao Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta (Sindireta-DF) têm sido alvo de golpistas que se passam por advogados da entidade e pedem dinheiro das vítimas para liberação de valores supostamente referente a precatórios.

O golpe teve repercussão após o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciar a antecipação do pagamento de R$ 300 milhões em precatórios, na última quinta-feira (9/2). Os precatórios são débitos do governo gerados em processos judiciais em que o Estado perdeu e não pode mais recorrer.

No caso dos servidores públicos, os golpistas estariam se passando por pessoas que trabalham no departamento jurídico do sindicato para entrar em contato com as vítimas por meio de mensagens no WhatsApp e falar sobre o dinheiro que teriam para receber na Justiça.

Ao Metrópoles, o presidente do Sindireta-DF, Ibrahim Yussef, contou que os criminosos abordam servidores que, de fato, possuem ações ajuizadas na Justiça.

“Eles informam às vítimas que têm processo para sair, precatório para receber, mas que, para terem acesso ao dinheiro, tem que pagar uma determinada taxa. Infelizmente, alguns caem no golpe e transferem valores que seriam referentes a impostos e certidões. Alguns transferiram até mais de uma vez”, explica Ibrahim.

Para dar maior credibilidade ao golpe, os estelionatários fazem um primeiro contato se apresentando como pessoas que trabalham no departamento jurídico do sindicado e pedem que os filiados acionem um outro golpista que se passa pelo advogado do Sindireta-DF, Marconi Marques de Oliveira, que é um nome conhecido pelos filiados.

De acordo com o sindicato, mais de 60 servidores públicos já foram abordados pelo grupo, nos últimos dias. Desses, nove caíram no golpe e transferiram quantias para os criminosos.

Tanto o sindicato, como as vítimas e o escritório de advocacia que representa a entidade já registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil do DF (PCDF). O prejuízo estimado é de R$ 80 mil.

O advogado do Sindireta-DF, Marconi Marques, que teve o nome usado no golpe, relatou que a forma como os golpistas chegaram até os servidores está sob investigação. Porém, inicialmente, eles tomam conhecimento dos processos judiciais em nome dos filiados por meio de informações públicas no site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

Alerta de golpe: TJDFT não pede dinheiro para pagamento de precatórios

“Suspeita-se que os golpistas estão tendo conhecimento do ajuizamento das ações, momento em que são os servidores contatados por meio de perfis fakes, ora com a minha foto, ora com a logomarca do Sindireta, ora do escritório. Não está claro como os números dos telefones dos servidores foram obtidos, o que também está sob investigação”, esclareceu Marconi.

A servidora Sandra Maria Duarte Sousa, 57 anos, foi uma das pessoas abordadas pelos estelionatários. Ela conta que, a princípio, não desconfiou que poderia ser um golpe, pois confirmaram seu nome completo, CPF e, até mesmo, o número de filiação dela no sindicato.

“A pessoa me enviou mensagem se apresentado como o advogado Marconi. Disse que eu tinha R$ 79 mil para receber referente a uma ação do pagamento de vale-refeição retroativo, ao qual entrei na Justiça há mais de 15 anos. Confesso que nem me lembrava mais desse processo”, detalha Sandra.

A mulher desconfiou que poderia se tratar de um golpe quando informaram que ela deveria transferir R$ 1,4 mil para o contador do escritório de advocacia. A taxa seria referente a duas certidões: uma de encerramento do processo a outra para isenção do imposto de renda.

“Desconfiei por conta dessa taxa. O criminoso também insistiu que, se eu não transferisse o quanto antes, teria que pagar ainda mais caro. Isso não existe. Antes que algo pior acontecesse, eu entendi que era golpe”, conta.

A reportagem teve acesso aos áudios enviados pelos golpistas as vítimas. Na gravação, eles pedem para os servidores públicos confirmarem os dados pessoais, explicam do que se trata a ação judicial e alegam que o TJDFT está solicitando a apresentação de alvarás de liberação em nome do filiado para dar continuidade ao suposto pagamento.

Em determinado momento, o golpista que se passa pelo advogado fala para a vítima “usar o dinheiro com sabedoria”, garante que o valor cairá na conta do indicado em 24 horas e alerta para manter a informação em sigilo porque o mundo está mau e é preciso ter cuidado com as pessoas”. Ouça:

 

Servidora aposentada da Defensoria Pública do Distrito Federal, uma aposenta de 68 anos, que prefere não se identificar, também foi procurada pelos criminosos e acabou caindo no golpe. Ela chegou a transferir R$ 1,9 mil via Pix para o supostos contador do escritório de advocacia, com a promessa de que receberia R$ 100 mil de uma ação judicial.

“Eu fui servidora por mais de 30 anos e sou filiada ao sindicato há muito tempo. Realmente estava esperando receber um valor de precatórios e havia sido comunicada anteriormente pelo sindicato. Conheço já o advogado Marconi. Apareceu a foto dele na mensagem e eles imitaram muito bem a voz, o logotipo do Sindireta, por isso que eu caí”, lamenta a vítima.

Ao contrário de Sandra, a vítima só descobriu que se tratava de um golpe depois de ter transferido a quantia solicitada pelos criminosos. “Quando comecei a desconfiar, resolvi ligar para o telefone que eu já tinha do advogado Marconi e questionei se ele havia me solicitado essa transferência, foi aí que ele me alertou de ter caído em um golpe, pois outros servidores também estavam sendo abordados da mesma forma”, relembra.

Por conta da grande quantidade de servidores abordados, o Sindireta-DF postou um comunicado alertando os filiados a ficarem atentos contra o golpe. “O nosso sindicato não cobra qualquer tipo de taxa para que o servidor tenha acesso ao que ele tem direito, proveniente de processo judicial”, pontou.

Precatórios

O Governo do Distrito Federal (GDF) decidiu antecipar o pagamento de R$ 300 milhões em precatórios. Em contrapartida, será aplicado um deságio (ou desvalorização) de 40% sobre o valor atualizado do título.

A Procuradoria-Geral do DF (PGDF) lançou a 10ª Rodada do Acordo Direto para pagamento de precatórios a partir dessa segunda-feira (13/2). O serviço é exclusivamente on-line. O edital está disponível neste link.

Segundo a PGDF, nessa 10ª rodada, pela primeira vez, estão habilitados a participar os precatórios emitidos em menos de um ano, ou seja, até abril do ano passado.

Como funciona?

Podem participar os titulares originários, ou aqueles que tenham herdado o título em decorrência de óbito do credor originário – causa mortis.

Os precatórios não podem: ter sido objeto de cessão para terceiros; ter decisão administrativa ou judicial pendente; ter sido oferecidos em processo de compensação tributária; ter sido quitados em razão de preferência constitucional.

As propostas devem ser apresentadas por meio de requerimento eletrônico (www.acordoprecatorio.pg.df.gov.br) até 24 de março, preenchido pelo credor ou por representante (advogado ou procurador).

 

 

 

 

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