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Áudio: médica revela falta de aparelhos e pessoal em hospital de campanha do DF

Em ligação com familiar de paciente internado no Autódromo, profissional diz que não conseguia fazer diálise como deveria. Homem morreu

atualizado

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Hospital de campanha Covid-19 autódromo
1 de 1 Hospital de campanha Covid-19 autódromo - Foto: Igo estrela/Metrópoles

Familiares de um paciente com Covid-19, de 73 anos, internado no Hospital de Campanha do Autódromo, denunciam que ele morreu por falhas no atendimento. O homem, segundo a família, ficou 12 dias internado, sendo 10 deles intubado.

“O médico falou que iria fazer a hemodiálise, mas no dia seguinte não foi feito. Eu questionei o motivo de não ter sido feito o procedimento nem ele soube explicar”, desabafa um dos filhos, que pediu para não ter os nomes divulgados.

Ainda de acordo com o filho, quando viram que o pai não conseguiria fazer a diálise diariamente, os familiares decidiram entrar com um pedido na Defensoria Pública do DF para a transferência dele para outra unidade de saúde.

“A Defensoria me pediu documentos, que precisei buscar no hospital. Lá, comecei a discutir com a chefe do plantão, que sem nenhum aviso me falou que meu pai tinha morrido. Foi assim que fiquei sabendo”, lamenta.

A família mostrou à reportagem um áudio em que uma das filhas do paciente é informada pela médica sobre a situação do pai, ainda quando ele estava vivo. Ao explicar o quadro de saúde do homem, a profissional afirma que existe apenas um equipamento de hemodiálise para quem está em estado grave.

“O ideal é que se faça diariamente a diálise. Porém, a gente tem uma escassez de aparelhos nessa unidade. Vou falar porque eu conto a verdade, e eu quero que a senhora confie em mim”, afirma a profissional.

“Só tem um aparelho de diálise na unidade. No lugar onde ele está são 20 pacientes e uns 10 precisam de diálise. É um procedimento que leva muito tempo, a gente não consegue eventualmente realizar em todos os pacientes todos os dias, tá? Por uma questão de escassez de recurso pessoal e material também, tá?”, continua. A médica ainda informa que como o estado de saúde do homem é grave, eles estão tentando priorizar o atendimento dele.

Ouça um trecho da conversa. As vozes das pessoas envolvidas foram modificadas para que elas não sejam identificadas, conforme pediram:

O outro lado

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde repassou a demanda à empresa gestora da unidade. Em nota, a administração dos Hospitais de Campanha negou que tenha havido falha no atendimento: “A denúncia em questão é improcedente. No Hospital de Campanha do Autódromo existe disponibilidade de serviço de nefrologia 24h/dia e máquinas de diálise suficientes e disponíveis para atender o número de pacientes internados”.

Ainda de acordo com a administração, “o óbito em questão não tem qualquer relação com a indisponibilidade de máquinas, e sim com a gravidade do quadro clínico”.

A nota destaca, também, que “o quantitativo de aparelhos tem seu dimensionamento adequado ao contrato e ao número de pacientes que necessitam dessa terapia”.

Hospitais de campanha

A criação de hospitais de campanha para tratamento de pessoas com Covid-19 foi anunciada em 8 de março. À época, o DF foi atingido pela segunda onda da pandemia. Inicialmente, a promessa era que as três unidades (Autódromo, Ceilândia e Gama) fossem entregues em 15 dias com 300 leitos – 100 em cada – de unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Os hospitais foram entregues em maio e sem UTIs, mas com unidades de cuidados intermediários (UCIs). Diferentemente da UTI, destinada a pacientes em estado grave, a UCI é um serviço hospitalar para aqueles em situação clínica de risco moderado. Além disso, as UCIs têm menos recursos humanos por leito.

Na época, a Secretaria de Saúde informou que cada um dos três hospitais teria 100 leitos de unidade de cuidados intermediários (UCI), “com suporte ventilatório pulmonar e suporte dialítico, atendendo assim as principais necessidades dos pacientes com Covid-19”.

A empresa vencedora da licitação para administrar as três unidades é a Mediall Brasil. O contrato do GDF tem duração de 180 dias. A contratada deverá fornecer manutenção e insumos necessários ao funcionamento dos equipamentos (incluindo computadores e impressoras) e atendimento dos pacientes (medicamentos, materiais médico-hospitalares, gases medicinais e esterilização de equipamentos e materiais, além de alimentação, nutrição enteral e parenteral).

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