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Áudio. “Estou lúcida, mas quebrada”, disse jovem que morreu após rave

A mensagem foi encaminhada a um amigo por Ana Carolina na noite de domingo (24/6). A jovem morreu às 15h de segunda (25)

atualizado

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Ana Carolina
1 de 1 Ana Carolina - Foto: Facebook/Reprodução

“Estou lúcida, mas quebrada”. Essa foi uma das últimas frases ditas por Ana Carolina Lessa, 19 anos, antes de morrer. A mensagem foi enviada a um amigo na noite de domingo (24/6), por volta das 21h, um pouco antes de a jovem começar a se queixar de dores mais intensas pelo corpo.

A universitária morreu por volta das 15h dessa segunda-feira (25), no Hospital São Matheus, no Cruzeiro. Na noite de sábado (23), ela esteve em uma festa rave chamada Arraiá Psicodélico, na zona rural do Recanto das Emas, que tinha autorização para ser realizada. A jovem chegou a ser dada como desaparecida, mas foi localizada na tarde de domingo, na casa de um colega, em Ceilândia.

A estudante de enfermagem teve duas paradas cardíacas e falência renal no hospital. No laudo médico, constam hematomas e escoriações nas pernas e braços, além de ferimentos na região genital e no ânus. Os médicos suspeitam que ela tenha sido estuprada.

Nesta terça (26), o delegado responsável pelas investigações, Alexander Traback, da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), ouviu quatro amigos de Ana Carolina, além da mãe da vítima, Valda Lessa.

Assista ao desabafo da mãe de Ana Carolina ao Metrópoles:

 

De acordo com o delegado, apesar de o corpo dela apresentar sinais de violência no ânus e na vagina, somente o laudo cadavérico feito pelo Instituto Médico Legal (IML) poderá confirmar se ela foi abusada durante ou depois do evento de música eletrônica.

Nesta terça-feira, o corpo de Ana Carolina foi liberado pelo IML e está sendo velado no cemitério Campo da Esperança na Asa Sul. O enterro está marcado para as 11h desta quarta (27). O instituto coletou material e enviou para análise. O exame vai apontar se havia traços de substâncias ilícitas e álcool no organismo da estudante.

Segundo a família, Ana Carolina nunca utilizou drogas. Assim, os parentes suspeitam que, caso seja confirmada a ingestão de substâncias psicotrópicas, a menina tenha sido forçada a usá-las. “Minha filha nunca usou nada. Ela ingeria bebida alcoólica como muitos jovens da idade dela, mas droga, nunca”, disse a mãe, Valda Lessa, em depoimento na 3ª DP.

Promotores serão ouvidos
Os investigadores também vão chamar para depor os organizadores do evento. Apesar de a festa contar com autorização da Administração Regional do Recanto das Emas, eles podem ser apontados como negligentes. “Vamos ouvi-los para saber se houve algum procedimento que pudesse colocar em risco a integridade dos frequentadores”, disse o delegado.

O estudante Isaac Barbosa da Silva, 20 anos, viu Ana Carolina na festa e estranhou o comportamento dela. Segundo ele, a universitária aparentava estar fora de controle.

Ela derrubou várias mesas do bar. Chegava a correr e se jogar com tudo na grade e depois começou a rastejar no chão feito cobra

Isaac Barbosa da Silva

Isaac conhecia Ana Carolina, mas não chegou a ir com ela para a festa. Ele conta que, depois desses episódios, só voltou a ver a jovem às 14h de domingo (24/6), já no estacionamento da Fazenda Ferradura, onde ocorreu a rave. “Eu até me assustei, porque, nas condições que eu a vi à noite [no sábado, 23], achei que ela já estivesse em casa. Estava um pouco machucada, mas parecia bem melhor. Estava até dançando um pouco”, disse.

Mistério
A morte da menina é cercada de mistério. Por volta volta de 0h40 de domingo, o irmão da moça postou uma foto na qual aparece ao lado dela em casa. Ana Carolina não aparenta ter hematomas pelo corpo. Ela foi levada para uma residência no Pôr do Sol, em Ceilândia, mas o dono garante que Ana não estava machucada.

Quem levou Carolzinha – como a jovem era chamada pelos mais próximos – para o Pôr do Sol foi o também estudante Lucas Brito, 21 anos, amigo dela. Segundo ele, uma amiga em comum o interceptou e relatou que Ana Carolina estava desmaiada perto de uma grade.

De acordo com a versão de Lucas, ele ficou acompanhando a jovem a partir desse momento. Teria, inclusive, ligado para a melhor amiga dela, Jaissa Barbosa da Silva, 19 anos, para perguntar o que deveria fazer. “Eu disse para ele alimentá-la e colocá-la pra descansar”, disse Jaissa ao Metrópoles.

De acordo com Jaissa, Lucas queria deixá-la em casa, mas, como não havia ninguém lá, levou-a para a residência de um outro colega, na Ceilândia. Lá, a garota teria recebido roupas novas, tomado banho e almoçado.

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