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Policial que investigou chacina depõe nesta 5ª: “Resquícios de ódio”

Audiência faz parte de um rito legal que auxilia o magistrado responsável pelo caso a definir se os autuados serão levados a Júri popular

atualizado

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Jéssica Ribeiro/ Metrópoles
Audiência de instrução da maior chacina do DF - Metrópoles
1 de 1 Audiência de instrução da maior chacina do DF - Metrópoles - Foto: Jéssica Ribeiro/ Metrópoles

Continua, nesta quinta-feira (14/9), a audiência de instrução de quatro dos cinco réus presos por envolvimento no caso que ficou conhecido como a maior chacina do Distrito Federal. Além das 11 pessoas que prestaram depoimento nessa quarta-feira (13/9), agora serão ouvidas outras oito testemunhas. A audiência faz parte de um rito legal que auxilia o magistrado responsável pelo caso a definir se os autuados serão levados a Júri popular.

O crime, que chocou o país, vitimou 10 pessoas da mesma família entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, em Planaltina, e acabou com cinco pessoas presas por suspeita de envolvimento no caso. Neste momento, sentam no banco dos réus os seguintes autuados: Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Carlos Henrique Alves da Silva e Carlomam dos Santos Nogueira.

O primeiro a ser chamado para depor nesta quinta – a 12ª testemunha ouvida – foi o menor de idade que havia sido detido por envolvimento no crime, no início deste ano. O rapaz começou a falar que havia sido chamado pelos réus para ajudar em uma mudança, mas acabou voltando atrás e pediu para permanecer em silêncio.

Ele está internado em centro para menores e disse que não foi ouvido pela Vara da Infância e da Juventude.

A segunda testemunha a depor no dia foi um policial civil de Goiás. O investigador narrou como foi apurado o crime e como a polícia goiana se envolveu na situação.

O agente explicou que foi acionado após equipes encontrarem o carro de Elizamar carbonizado, em Cristalina (GO). À época, ele foi informado que um outro veículo, em Unaí, Minas Gerais, também havia sido encontrado carbonizado, na mesma data.

Após isso, as forças de segurança das duas unidades da federação trocaram informações e, então, ficaram sabendo dos desaparecimentos.

Nesse momento, a PCDF foi acionada e, em seguida, as esquipes trabalharam juntas para localizar os envolvidos na barbárie.

“Resquícios de ódio”.

Um agente da PCDF, lotado na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), foi a terceira testemunha a depor. O policial falou que os autores disseram que o crime teve como motivação a chácara da família, mas o investigador acredita que o crime tenha “resquícios de ódio”.

Segundo o policial, a investigação aponta para Gideon como o mandante do crime. Uma fala de Horácio, inclusive, ajudou nessa conclusão. Conforme relatou o PCDF, logo após ser detido, Horácio teria dito aos investigadores que estava disposto a confessar, mas que precisava falar com Gideon antes.

A testemunha aproveitou para explicar que o caso passou a ser conduzido pela 6ª DP logo após o registro do boletim de ocorrência do sumiço de Elizamar e filhos. Relatou, também, que policiais mudaram a linha de investigação ao tomarem conhecimento do carro da vítima, com os corpos carbonizados dentro.

Conforme narrou, câmeras de segurança e o próprio Google foram essenciais para a resolução do caso. Gravações indicaram quem seriam os suspeitos e a empresa estadunidense auxiliou liberando a localização dos celulares dos réus. As localizações, inclusive, apontaram o endereço do cativeiro e todos os passos dos autuados.

Conforme relatado pelo agente, Carlomam apresentou, entre as motivações do crime, a informação de que Marcos supostamente teria pedido a morte do próprio irmão a Horácio e Gideon. Contudo, a dupla descobriu, tempos depois, que, após o homicídio, Marcos planejava matar os dois.

O policial declarou não saber se o pedido existiu, mas disse acreditar que a história teria sido apresentada a Carlomam para incentiva-lo a participar do crime, “na intenção de mostrar que Marcos não era uma boa pessoa”.

A testemunha pontuou, ainda, que chegou até a PCDF informação que o irmão de Marcos teria tentado vender a chácara por baixo dos panos, o que teria deixado Marcos irritado. Apesar da denúncia, a polícia não abriu investigação.

Celulares enrolados em papel alumínio

A quarta testemunha a ser ouvida foi um agente da PCGO. De forma direta, o investigador contou que passou a atuar no caso após encontrar um carro carbonizado pertencente a Elizamar.

Ao identificar a dona, o policial entrou em contato com a família da cabeleireira e, em seguida, com a PCDF, em Brasília.

De forma conjunta com outros policias, atuou na investigação do crime. A testemunha relatou, inclusive, que integrou a equipe que localizou o cativeiro onde ficaram as vítimas. Lá, encontrou vários celulares enrolados em papel de alumínio, ao lado de colchões e roupas femininas.

O local foi descrito pelo agente da PCGO como “ambiente insalubre”.

A quinta testemunha a ser ouvida pediu para prestar depoimento de maneira sigilosa.

Relembre o caso

O crime terminou com 10 pessoas da mesma família assassinadas, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, em Planaltina. A chácara em que parte das vítimas morava, no Itapoã, avaliada em R$ 2 milhões, seria a motivação dos criminosos para matá-las.

A execução dos 10 assassinatos levou 18 dias. Para a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), os executores da chacina formaram uma associação criminosa armada.

Quatro dos acusados — Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos, Fabrício Silva Canhedo e Carloman dos Santos Nogueira — respondem por uma série de crimes, cujas penas somadas podem chegar a 340 anos de prisão para cada um. Contudo, no Brasil, o tempo máximo de permanência na cadeia não pode passar de 40 anos.

O quinto réu, Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como “Galego”, responde pelo homicídio de Thiago Gabriel.

De todos os acusados, somente Fabrício não será ouvido nesta semana. A defesa dele pediu para que o caso dele fosse desmembrado, o que foi aceito pelo juiz.

Veja quem são as vítimas e os acusados:

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Um advogado de Marcos foi a 6ª testemunha a ser ouvida. O profissional explicou que representou Marcos em ações relacionadas a chácara e que a última audiência envolvendo o caso ocorreu em dezembro do ano passado, dias antes das mortes acontecerem.

Segundo o advogado, Marcos estava disposto a deixar a chácara se recebesse pelas “benfeitorias” que teria feito no local. A vítima, conforme narrou o profissional, teria apresentado proposta aos herdeiros das terras, mas ela não foi aceita.

O advogado declarou, ainda, que Marcos tinha o intuito de sair da chácara e deixá-la sob cuidado de Horácio.

Durante depoimento, o advogado contou que em pelo menos três ocasiões Horácio o procurou para perguntar sobre o processo da chácara. A última vez, segundo explicou, ocorreu na segunda semana de janeiro.

Na ocasião, Gideon e Horácio foram até a casa do profissional e perguntaram, por outra vez, como estava o processo da chácara e se havia a possibilidade de tentarem usucapião.

Dias depois, o advogado ficou sabendo pela mídia sobre a chacina.

Último depoimento do dia

O delegado adjunto da 6ª DP, Achilles benedito de Oliveira, que atuou diretamente no caso, antes do delegado Ricardo Viana assumi-lo, foi a 7ª testemunha a depor. O delegado contou como ocorreram as investigações e como foi possível a prisão dos envolvidos.

Reafirmando pontos apresentados pelo colega de delegacia, no início da manhã desta quinta, Achilles esclareceu que, segundo as investigações, o menor apreendido participou da empreitada criminosa desde o início. Foi o adolescente que acompanhou Carlomam no falso sequestro que acabou com Marcos baleado.

O menor permaneceu ao lado dos réus até ter presenciado Marcos ser esquartejado, conforme relato dos envolvidos.

De acordo com Achilles, o falso sequestro também foi utilizado para emboscar Cláudia e Ana Beatriz.

Enquanto esclarecia detalhes do crime, o delegado informou que no dia do assassinato de Elizamar e dos filhos dela, Gideon sequer voltou à chácara. Ele teria encontrado os outros réus na estrada em que tiraram a vida da família.

Segundo relatou, Horácio, Carlomam e Gideon mataram as três crianças, com o auxílio de cordas e do cinto de segurança do carro. Carlomam teria sido o responsável por matar Elizamar.

Tempos depois, mataram Renata e Gabriela. Por último, Cláudia, Ana Beatriz e Thiago. Os três últimos foram assassinados com facas e jogados em uma cisterna.

O delegado também pontuou qual teria sido a motivação apresentada por casa acusado.

Gideon teria negado motivação econômica e declarado que a intenção era “apenas” assustar Marcos para serem “valorizado”, mas a ideia “deu errado”.

Horácio, Carlomam e Fabrício afirmaram que a motivação foi a chácara.

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