Atual comandante da PMDF autorizou dispensa do chefe de Operações em 8/1
Em depoimento à PF, o ex-comandante de Operações da PMDF Jorge Eduardo Naime afirmou que estava de “dispensa recompensa” na data
atualizado
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Preso desde terça-feira (7/2) sob suspeita de ter retardado a atuação da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) nos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, o ex-comandante de Operações da corporação Jorge Eduardo Naime negou acusações em depoimento prestado à Polícia Federal. Naime ressaltou que estava de folga, autorizada pelo então subcomandante-geral da corporação, coronel Klepter Rosa (foto em destaque), atualmente comandante-geral.
Nos relatos à PF, Naime rechaçou a possibilidade de ter atrapalhado a atuação da PM. Ele relatou ter feito requisição para gozar de “dispensa recompensa”, em 3 de janeiro de 2023, após trabalhar nove fins de semana seguidos. Naime assinalou que, após o sucesso da operação na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1° de janeiro, combinou informalmente com Klepter que tiraria a dispensa.
“O processo no SEI da dispensa recompensa foi formalizado em 3 de janeiro e formalmente autorizado pelo coronel Klepter Rosa, em 5 de janeiro”, disse o coronel Naime em seu depoimento.
Naime alegou que a folga seria para cuidar da saúde, descansar e fazer exames. O ex-comandante informou não ter participado de qualquer reunião de organização dos atos de 8 de janeiro porque já estava gozando do período de descanso.
No entanto, segundo ele, em 8 de janeiro, estava em um restaurante com sua esposa e seus filhos, em Sobradinho, região localizada a 28 km do Congresso Nacional. Ao ver a situação na Esplanada se complicando, por volta das 15h40, foi para casa, vestiu a farda e se ofereceu para ajudar.
Naime chegou à Praça dos Três Poderes por volta das 17h40.
Lesa Pátria
O coronel está entre os alvos dos quatro mandados de prisão cumpridos, na terça-feira (7/2), no âmbito da quinta fase da Operação Lesa Pátria. Equipes da Polícia Federal (PF) detiveram o coronel na casa dele, em Vicente Pires.
Eles são investigados devido à atuação no dia dos atentados terroristas contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, e estão detidos no 19º Batalhão de Polícia Militar (BPM), conhecido como “Papudinha”.
Jorge Eduardo Naime havia sido exonerado pelo ex-interventor federal na segurança pública do DF Ricardo Cappelli, em 10 de janeiro. A saída dele ocorreu na mesma data em que a de outros 12 servidores vinculados à secretaria responsável pela área.
A Operação Lesa Pátria visa identificar participantes, financiadores e fomentadores dos atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília.
Na data, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos por extremistas, que promoveram violência e dano generalizado nas sedes dos Três Poderes.