Ato em Brasília relembra 5 anos da morte brutal de Marielle Franco
Dezenas de pessoas e figuras importantes para a política do DF reuniram-se na tarde desta terça-feira (14) para ato em homenagem a Marielle
atualizado
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Na data em que o brutal assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSol) completa cinco anos, dezenas de pessoas reuniram-se na tarde desta terça-feira (14/3), na praça que carrega o nome da ativista, no Setor Comercial Sul (SCS), área central de Brasília, para um ato de reflexão contra a violência política e de gênero.
A roda de conversa contou com nomes importantes para a política na capital do país, como o deputado distrital Fábio Felix (PSol); a candidata a governadora do GDF em 2022, Keka Bagno (PSol); a deputada federal Erika Kokay (PT) e o também distrital Max Maciel (PSol).
“Marielle é um símbolo importante, fundamental para a nossa geração. O dia 14 de março ainda nos entristece, um dia duro. Foi a execução de uma companheira nossa, um ataque político a uma agenda do direito de defesa a vida, dos direitos humanos”, diz Felix.
O deputado ainda comentou ter tido uma perspectiva de menos pessoas se posicionando na data. “A gente não pode deixar essa luta morrer. A luta por Marielle Franco é a luta pela defesa da democracia brasileira. A gente está falando de uma mulher eleita pelo povo, que significava pautas fundamentais e foi executada com a conivência do estado”, expõe.
Felix é o autor da lei que criou a praça onde aconteceu o evento. Em 2020, deputados distritais derrubaram o veto do governador Ibaneis Rocha (MDB) no projeto de criação do local. Com 16 votos favoráveis e uma abstenção, à época, o veto foi rejeitado na Câmara Legislativa (CLDF).
“Marielle nunca foi interrompida, mesmo com um extermínio, uma execução. Uma execução sem qualquer tipo de preocupação em colocar véus, foi no centro do Rio de Janeiro, não houve qualquer tentativa em disfarçar que ali estávamos vendo uma execução de uma força que representava as mulheres negras e outras tantas pautas”, disse Kokay.
“É um dia de elevação da consciência política, em defesa da equidade de gênero, em defesa da igualdade racial, porque Marielle representava tudo isso”, completa a federal.
“A gente quer mais do que nunca respostas, continuamos pedindo respostas de quem mandou matar. Nós já sabemos quem matou, agora quem mandou matar?”, questiona Max Maciel. “O dia de hoje é importante para relembrar a luta e a história que Marielle representa: de mulheres negras periféricas em espaço de poder”.
“Não podemos deixar essa data passar batida. O país ainda assassina muitas figuras políticas e a gente precisa combater isso de todas as formas. Marielle é a síntese de grande parte da população”, destacou o distrital.
Para Keka, a data serve para que outras falas possam ser levantadas. “Nesses últimos 5 anos a gente já espera as narrativas que vão ser ditas. Eu tenho na mente tentando trabalhar com a perspectiva de outras falas e como a gente vai reconduzir esse processo. Em algum momento a gente tem de fazer a virada de chave, mesmo que nosso trabalho seja contínuo e da urgência em ter respostas”, entende.
“É fundamental que a gente consiga trazer outras narrativas e compreender por que isso aconteceu 5 anos atrás para que não se repita.”, alerta.
Caso Marielle
Marielle e o motorista Anderson Gomes foram executados em março de 2018, no Rio de Janeiro, e a investigação nunca foi concluída. O policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ter feito os disparos que mataram a vereadora e o motorista, e o ex-policial militar Elcio de Queiroz, suspeito de dirigir o carro que perseguiu a política após ela sair de um evento na Lapa, zona central do Rio, foram presos em 2019.
Contudo, ambos jamais revelaram quem mandou matar Marielle e Anderson. Os suspeitos respondem por duplo homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, mediante emboscada e impossibilidade de defesa das vítimas. Eles permanecem detidos preventivamente, sem que o júri popular tenha sido marcado.
Em setembro de 2022, a Justiça do Rio negou recurso e manteve as prisões dos dois. Na decisão, o juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal do Rio, ainda criticou os “sucessivos” apelos por liberdade.
“Mantenho, por ora, as prisões preventivas, com base nos fundamentos já lançados na sentença de pronúncia (Pasta nº 6167), destacando que a demora na prestação jurisdicional se dá por iniciativa da defesa, que interpôs sucessivos recursos em face da decisão de pronúncia, devendo arcar com o ônus da demora, não causada pela máquina judiciária”, diz um trecho da sentença.