Ato contra Bolsonaro em Brasília tem botijão de gás e saco de arroz infláveis
“Gaste mais, coma menos”, diz frase escrita em saco de arroz inflado no Eixo Monumental
atualizado
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Manifestantes se reúnem, na tarde deste sábado (2/10), em Brasília, para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a favor da democracia. O público se concentrou para o início do ato entre o Museu Nacional e a Biblioteca Nacional.
Ao menos cinco trios elétricos estão estacionados no Eixo Monumental. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) fechou a pista às 13h.
Os participantes do ato pedem o impeachment de Bolsonaro e, por isso, cobram o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O parlamentar alagoano tem em sua mesa mais de 130 pedidos de afastamento contra o chefe do Executivo. Por ser o presidente da Casa Baixa, ele é o único que pode abrir um processo contra Bolsonaro.
Os manifestantes inflaram um botijão de gás e um saco de arroz com críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e a Bolsonaro: “Gaste mais, coma menos”. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação oficial do país saltou 0,87% em agosto, maior alta para o mês em 21 anos.
Veja imagens do protesto capturadas pelo fotógrafo do Metrópoles Igo Estrela:
O ato também tem críticas à reforma administrativa, que mexe nas carreiras do serviço público, à privatização da Eletrobras e à venda dos Correios. Alguns manifestantes usam adereços verde-amarelo, em alusão à bandeira do Brasil. Há ainda referências aos partidos PT, Cidadania, PDT, PSB, Rede Sustentabilidade, Solidariedade, PCdoB, além de sindicatos e movimentos sociais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
A deputada federal Érika Kokay (PT-DF) e os deputados distritais Leandro Grass discursaram em um trio elétrico. Também houve críticas ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
Uma longa bandeira verde e amarela foi estendida no Eixo Monumental, evidenciando que mais de 600 mil pessoas morreram no país em decorrência do novo coronavírus.
A advogada Fernanda Maul, de 45 anos, compareceu ao ato com o filho de 5 anos e a mãe. “Além do ‘Fora Bolsonaro’, estou aqui pois vejo que o país precisa de mudanças. A gente precisa ter uma redução na desigualdade social, onde o pobre possa ter comida e emprego. Quero as cores da nossa bandeira de volta, que as pessoas tenha uma condição de vida digna”, diz ela, ao se posicionar a favor da volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República.
A artista Dani Neri, de 38 anos, foi ao ato seminua, com os dizeres “luta pela vida” pintados de preto em seu próprio corpo.
“Estou aqui na luta pela liberdade das mulheres. Liberdade no sentido de que nada justifica o abuso sexual, a violência contra os corpos, pois não tem roupa nem falta de roupa que justifica isso. Estou aqui também pela questão do aborto. Muitas mulheres morrem no Brasil por conta de abortos clandestinos. Isso é uma questão de saúde pública, não é uma questão de opinião”, afirma a artista.
Por volta das 17h15, os manifestantes desceram em direção ao Congresso Nacional e deram a volta no Eixo Monumental. Policiais estavam revistando as pessoas e proibiram a entrada das hastes das bandeiras. Ao Metrópoles, a PMDF informou não ter registrado nenhuma ocorrência durante o ato.