Associação incentiva moradores da 216 Norte a não ajudarem sem-teto
Justificativa é de que presença de pessoas em situação de rua na área tem gerado “tráfico de drogas, perigo e desvalorização do patrimônio”
atualizado
Compartilhar notícia
A Associação da Comunidade 216 Norte criou uma campanha para incentivar moradores da quadra a não ajudar pessoas em situação de rua que ficam pela região. A justificativa é de que a presença dessa população na área tem aumentado reclamações de “tráfico de droga, perigo, aparência e desvalorização do patrimônio” na quadra.
O comunicado, compartilhada pelo Instagram, gerou polêmica e incomodou internautas que viram a postagem.
A publicação pede que moradores façam doações diretamente ao Instituto Ipês, especializado em abordagens sociais, e que cobrem “ação mais efetiva” da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).
A associação acrescentou que combinará com comerciantes da Feira da Ponta Norte para não doar alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade da quadra.
“[Esta é uma] campanha para [propor] que nós, que moramos na Ponta Norte, não devemos ajudar nenhum morador de rua. Quem quiser ajudar pode fazer [isso] diretamente [junto] ao Instituto Ipes. Aliás, o governo federal tem programa de assistência social — o Bolsa Família —, que pode ajudar essas pessoas. A orientação é que a pessoal vá um Cras [Centro de Referência da Assistência Social] e se inscreva no programa”, destaca a publicação.
Veja a postagem na íntegra:
Ver essa foto no Instagram
A campanha gerou revolta entre moradores da quadra. Alguns internautas sugeriram que a associação da Asa Norte comparou pessoas em situação de vulnerabilidade a pombos.
“Galera, esse discurso elitista de criminalização da pobreza também não é a solução — tampouco a valorização da ‘aparência’ e do patrimônio à humanidade. Pessoas em situação de rua não são pombos que ‘não devemos alimentar'”, escreveu um usuário do Instagram.
“Problemas sérios no texto: ‘Aparência’? ‘Alegando tráfico de drogas’?. Sem fundamento. Sou moradora da quadra e sou incapaz de comentar o texto e as ações propostas. Lamentável”, criticou.
“Campanha para não ajudar? Que tipo de campanha é essa? Que tipo de humanidade vocês estão praticando? Sou morador da Ponta Norte e fico triste de ver como essa página está tratando um assunto tão delicado”, acrescentou outra moradora.
O perfil da Comunidade 216 Norte no Instagram não respondeu nenhum dos comentários da postagem. Alguns internautas também pediram que a Feira da Ponte Norte se manifestasse quanto à campanha.
O Metrópoles entrou em contato com a associação de moradores, mas não teve retorno até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.