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Assassinos de Galdino no serviço público abrem precedentes para Suzane

Condenada por matar os pais, Suzane von Richtofen prestou concurso para o TJSP e pode seguir passos do quinteto que queimou indígena vivo

atualizado

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Reprodução
Suzane von Richthofen na cadeia
1 de 1 Suzane von Richthofen na cadeia - Foto: Reprodução

A notícia de que Suzane von Richthofen (foto em destaque), 41 anos, prestou concurso para ingressar no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) jogou luz ao caso de outros condenados por crimes hediondos que conseguiram se tornar servidores públicos.

Um caso emblemático que ocorreu no Distrito Federal e mancha a história da capital do país é o assassinato do cacique do povo Pataxó-Hã-Hã-Hãe Galdino Jesus dos Santos (foto abaixo), à época com 44 anos.

Imagem do indígena Galdino
O cacique indígena do povo Pataxó-Hã-Hã-Hãe Galdino Jesus dos Santos, queimado vivo e morto por jovens de classe média alta de Brasília, em 1997

Em 20 de abril de 1997 – na noite seguinte ao antigo Dia do Índio e atual Dia dos Povos Indígenas –, Galdino dormia na parada de ônibus da Quadra 704  da Asa Sul, quando cinco jovens de classe média alta moradores de Brasília atearam fogo nele.

O cacique teve 95% do corpo queimado e morreu no dia seguinte, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência no atendimento a esses tipos de caso no Distrito Federal.

Atualmente, quase 30 anos após o crime, os cinco participantes do crime são servidores em diferentes órgãos públicos.

Saiba quem são e onde trabalham:

  • Tomás Oliveira de Almeida, 45 anos, é técnico legislativo no Senado Federal e recebe salário de R$ 18 mil por mês;
  • Max Rogério de Souza, 46 anos, é analista judiciário no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e do Territórios (TJDFT) e recebe salário de R$ 17 mil por mês;
  • Antônio Novely Cardoso Vilanova, 46 anos, é servidor da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), lotado no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), e recebe salário de R$ 12 mil por mês;
  • Gutemberg Nader Almeida Júnior, 44 anos – e menor de idade à época do crime –, ocupa cargo de chefia na Polícia Rodoviária Federal (PRF) e recebe salário de R$ 12 mil por mês;
  • Eron Chaves Oliveira, 46 anos, trabalha no Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) e recebe salário de R$ 9 mil.

No caso de Suzane von Richthofen, a estudante de direito da Universidade São Francisco – instituição de ensino superior privada localizada no município de Bragança Paulista (SP) – ainda não poderia concorrer a um cargo público.

Apesar de ter prestado concurso para o TJSP, ela não teria como ser empossada, pois ainda não concluiu o curso de direito e porque a Corte exige atestado de antecedentes criminais, segundo o tribunal informou ao jornalista e escritor Ullisses Campbell, titular da coluna True Crime, do jornal O Globo.

Dependendo do delito cometido, o candidato pode ser desclassificado. Ainda assim, Suzane poderia recorrer à própria Justiça e, quem sabe, ingressar na carreira pública, tal como os cinco envolvidos no caso do assassinato de Galdino.

Condenada a 39 anos de prisão, Suzane foi a mandante do assassinato dos pais, Manfred Alfred e Marísia von Richthofen, em 31 de outubro de 2002. À época, a atual estudante de direito namorava Daniel Cravinhos. Ele também foi condenado pelo duplo homicídio, assim como o irmão Cristian Cravinhos. O motivo por trás do crime seria conseguir a herança da filha do casal para que fosse dividida entre o trio.

Caso Galdino

morte de Galdino chocou todo o país. Na semana em que foi assassinado, o cacique participava de um encontro de líderes indígenas em Brasília.

Após uma das reuniões, Galdino seguiu para a pensão onde estava hospedado, na W3 Sul, mas o estabelecimento estava fechado, e ele decidiu dormir no banco de uma parada de ônibus próximo ao local.

Tomás, Max Rogério, Antônio, Gutemberg e Eron, jovens entre 17 e 19 anos, passeavam pela via quando encontraram Galdino adormecido.

O grupo, então, saiu para comprar dois litros de gasolina, voltou ao local onde o indígena estava, despejou o combustível sobre o corpo dele e ateou fogo na vítima.

Posteriormente, em depoimento, o quinteto “justificou” o crime com a alegação de que confundiu o cacique com uma pessoa em situação de rua.

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