Assassino de índio Galdino exerceu cargo de chefia na PRF
Gutemberg Nader de Almeida Júnior é um dos cinco jovens que queimaram o indígena pataxó vivo em Brasília
atualizado
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Um dos condenados pela morte do índio Galdino Jesus dos Santos exerceu função de chefia na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele foi promovido pelo governo federal em janeiro do ano passado e ficou no cargo até dezembro do mesmo ano.
Gutemberg Nader de Almeida Júnior (foto principal), um dos cinco jovens que queimaram vivo o indígena pataxó em Brasília, em abril de 1997, assumiu, em 3 de janeiro de 2020, a chefia da Divisão de Testes, Qualidade e Implantação da PRF.
A nomeação consta no Diário Oficial da União. A gratificação recebida entre 2020 e 2021 é de R$ 2.064. Gutemberg ficou na função de chefia de divisão até o final do ano passado. A promoção do condenado perdeu validade em 8 de dezembro de 2020 e não foi renovada.
Antes de ser aprovado na PRF, Júnior passou no concurso da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), mas não tomou posse pois reprovou na etapa de sindicância de vida pregressa e investigação social.
A morte de Galdino
Por volta das 5h30 de domingo, 20 de abril de 1997, cinco amigos saíram do Centro Comercial Gilberto Salomão em um carro Monza preto, após uma balada. Na parada de ônibus da 703 Sul, estacionaram o veículo ao ver uma pessoa dormindo ao relento. Tratava-se do cacique Pataxó Hã-hã-Hãe Galdino Jesus dos Santos, 44 anos.
Os cinco criminosos moravam no Plano Piloto e eram de famílias de classe média alta. Antônio Novely Vilanova, na época com 19 anos, Max Rogério Alves, 19, Tomás Oliveira de Almeida, 19, Eron Chaves Oliveira, 18 e G.A.J., 17, carregavam álcool e fósforos. Eles utilizaram o material para queimar vivo o indígena, que visitava Brasília pela segunda vez.
O cacique foi transportado debilitado e, após laudo médico, constatou-se que ele teve 95% do corpo consumido por queimaduras. Galdino não resistiu. Os assassinos foram julgados e condenados a 14 anos de prisão em 2001, e deveriam ter permanecido pelo menos nove anos em regime fechado.
Em 2003, Antônio Novely e Max Rogério, enteado de um ex-ministro do TSE, foram vistos tomando cerveja num bar. Em 2004, todos eles já estavam em liberdade. “Até hoje isso fere o povo Pataxó. Para a gente, enquanto família e enquanto povo, a Justiça nunca foi feita”, afirma Iglesio.