Assassino confesso simulou assalto e manteve mãe e filha reféns antes de asfixiá-las no DF
Josimar Benedito de Paiva, 42 anos, foi preso nesta quinta-feira. Ele ainda tentou forjar um latrocínio e ameaçou uma criança de 6 anos
atualizado
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (10/12), detalhou como Josimar Benedito de Paiva, 42 anos, teria tirado a vida de duas mulheres, mãe e filha, dentro da casa da família, no Arapoanga. O suspeito rendeu as vítimas, amarrou os braços de ambas e as matou em seguida. Um menino, de 6 anos, filho de uma das vítimas, presenciou todo o horror.
Segundo Veluziano de Castro, delegado da 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), que está à frente das investigações, o suspeito teve um relacionamento com Giane Cristina Alexandre, 36, por três anos. Após o término, há dois meses, ele passou a perturbá-la, na casa onde ela morava com a mãe, Maria Madalena Cordeiro Neto, 65, e o filho, na Quadra 8 do bairro que fica em Planaltina.
Josimar foi à casa da família na tarde dessa quarta-feira (9/12). Madalena foi rendida e amarrada. Quando percebeu a chegada de Giane, o suspeito encobriu a cabeça, fingiu ser um assaltante e rendeu a ex também. Ele a amarrou e só aí descobriu o rosto.
O relacionamento de Josimar e Giane chegou ao fim em 21 de setembro, mas o homem não aceitava o término. À polícia, ele teria dito que agiu dessa forma na tentativa de convencer a vítima a lhe dar uma chance. Com a negativa, acabou matando a ex e a mãe dela.
Josimar colocou a criança para assistir a televisão e foi para o quarto, onde as mulheres estavam amarradas. Ele havia coberto a cabeça de Giane com uma fronha e quando retornou se deparou com a ex-companheira morta. Madalena foi supostamente morta por esganadura. Só o laudo elaborado pelos peritos do IML poderão comprovar a suspeita da polícia.
O suspeito, então, teria colocado o menino em uma cadeirinha, dentro do carro, e dito que se ele não se comportasse mataria a mãe dele e a esquartejaria.
O acusado se aproveitou do medo e da inocência da criança para tentar encobrir o crime. Ele colocou um despertador para as 5h desta quinta a fim de acordar o menino. Nessa hora, o pequeno deveria ir até a casa de Josimar, que mora na mesma rua da família, pedir socorro.
“Um crime covarde. Uma cena aterrorizante, tanto para as vítimas quanto para a criança”, avalia o delegado adjunto Veluziano de Castro. Em depoimento, o acusado teria revelado que o “sentimento de posse com a vítima vinha desde a época de adolescência, há mais de 20 anos”.
O suspeito chegou a simular uma tentativa de latrocínio. Escondeu televisores no forro da casa, para sinalizar que alguém teria roubado os equipamentos.
O crime
O caso aconteceu nas primeiras horas desta quinta-feira. Vizinhos disseram que ouviram gritos de uma criança durante a madrugada, supostamente o filho da vítima.
Segundo o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que investiga o caso, o menino teria buscado ajuda, por volta das 5h30, no portão de um vizinho, dizendo que a mãe e a avó corriam perigo, concretizando, assim, o plano de Josimar de tentar se livrar da prisão.
Gritos por socorro
O crime deixou moradores da Quadra 8 do bairro do Arapoanga chocados. Os corpos das vítimas foram encontrados por militares do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), que foram acionados nas primeiras horas da manhã. Às 6h, chegaram ao local e constataram que as mulheres estavam sem vida.
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi chamada e isolou o local para que peritos do Instituto de Medicina Legal (IML) fizessem a perícia.
Madalena e Giane foram encontradas sem vida, cada uma em um quarto diferente, deitadas de bruços, sobre as camas. Segundo ocorrência registrada na 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), não há marcas visíveis de violência ou disparos de arma de fogo. Porém, boletim de ocorrência detalha que, nos pulsos das vítimas há indícios de que elas tenham sido amarradas.
Amiga da família, Maria dos Santos, 48, diz que frequentava a mesma igreja que Madalena. “Ela e eu servíamos juntas na igreja. Até iríamos ontem [quarta-feira], mas ela disse estar passando mal e não foi”, relembra.
Pela manhã, quando saiu para o trabalho, Maria viu as viaturas da PMDF e do Bombeiros na frente da casa da amiga, mas achou que teria ocorrido algum problema de saúde. “Ela tinha problemas nas costas, vivia reclamando. Jamais esperava que algo tão horrível tivesse acontecido com elas”, lamenta.
Suspeito
Maria conta que as vítimas reclamavam de receber ameaças constantes de Josimar, bem como “declarações de amor”. “Depois que terminaram, ele deixava flores e desenhava corações na entrada da casa. Mas elas sempre jogavam fora ou apagavam”, narra.
Ao Metrópoles, vizinhos da família afirmam que nunca presenciaram ou ouviram qualquer sinal de violência ocorrida na residência. Marleide de Jesus, 55 anos, conta que, no local, moravam três pessoas. “Era a mãe, a filha e o neto de 6 anos”, revela. A dona de casa disse não ter ouvido barulho, e que, quando acordou, deparou-se com as viaturas policiais. “Ficamos muito tristes com a notícia. Eram pessoas muito queridas na rua”, lamenta a moradora.