Viaduto cai no Eixão Sul, em Brasília. Há risco de novo desabamento
A estrutura desabou sobre quatro carros e um restaurante. Segundo o Corpo de Bombeiros, não há feridos
atualizado
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Um viaduto no Eixo Sul desabou nesta terça-feira (6/2), na altura da Galeria dos Estados. Dezenas de carros tiveram de retornar no meio da via, que acabou interditada, após duas faixas do asfalto cederam. A estrutura caiu sobre quatro carros e um restaurante. Segundo o Corpo de Bombeiros, não há feridos. Cães farejadores percorreram a região em busca de vítimas. Há o risco de uma outra laje cair e, por isso, toda a área está isolada para que seja feito escoramento.
A estrutura despencou por volta das 11h50. Imediatamente, fotos e vídeos inundaram as redes sociais. As pessoas não acreditavam no que viam: o asfalto desmoronando em plena área central de Brasília. “Parecia coisa de filme”, disse o bancário Jonatas Almeida, 43 anos, que costuma passar pelo local todos os dias a caminho do trabalho.
O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) esteve no local e admitiu que o viaduto não passou por manutenção. Ele foi vaiado. Professor de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB) e presidente da Infrasolo, empresa especializada em patologia de edificações, Dickran Berberian explicou que o apoio de uma viga deve ter cedido.
“Segundo a minha experiência, em casos de desabamentos, a estrutura dá um sinal, ou tremor, um barulho. O que caiu não foi uma viga, foi o apoio dela. Acredito que esse viaduto não tenha passado por vistoria, caso contrário, o governo teria detectado o problema”, disse.
De acordo com ele, “o maior inimigo de qualquer edificação é a água. Desabamentos são mais propícios a ocorrerem nessa época de chuva. Se tiver alguma infiltração, os materiais que compõem o viaduto podem ser comprometidos”.
Segundo o GDF, foram enviadas quatro unidades de socorro do Corpo de Bombeiros ao local, duas de suporte, duas motolâncias e um caminhão para atender múltiplas vítimas, se necessário. Os hospitais de Base (IHBDF) e o da Asa Norte também foram acionados para atender eventuais feridos.
A major Lorena Ataídes, do Corpo de Bombeiros, informou como está sendo feito o trabalho em busca de eventuais pessoas sob os escombros: “Fizemos todos os procedimentos para tentar localizar vítimas, contamos com o uso de cães farejadores, tentamos contato telefônico. Até o momento, é uma possibilidade descartada. Isolamos o local com uma distância de 20 metros para todos os lados. Vai permanecer assim até que os engenheiros analisem o risco de mais desabamentos”
A Polícia Militar informou que está no local mantendo a segurança da área com cerca de 30 policiais, incluindo os especialistas em trânsito e motociclistas. O Eixão Sul está todo fechado desde o Buraco do Tatu Norte, assim como as tesourinhas do Setor Bancário. Os Eixos L e W estão com o tráfego fluindo normalmente.
Veja as fotos do local:
O diretor do Departamento de Estradas e Rodagem do DF (DER-DF), Henrique Luduvice, afirmou que o órgão atuará em força-tarefa junto com a Novacap e a Secretaria de Infraestrutura para recuperar a área. “Primeiramente, no escoramento do viaduto e análise da estrutura, para que possamos oferecer à população a solução mais adequada e mais correta, sob o ponto de vista da intervenção necessária neste viaduto”, disse.
Ainda de acordo com o gestor, será feito um desvio no trânsito para garantir os deslocamentos no centro do Plano Piloto. No entanto, admitiu que o tráfego deve ficar mais complicado pela ausência do viaduto.
A titular da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT), Marilda dos Reis, disse que irá solicitar informações à administração do Plano Piloto para verificar se algum diagnóstico próprio previa a queda de parte do viaduto. Somente depois, o órgão deve se manifestar sobre o assunto.
Veja um vídeo do local:
Tragédia anunciada
A deterioração das estruturas já foi alvo de relatório elaborado pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco). Nove viadutos do Distrito Federal avaliados pela entidade entre os anos de 2009 e 2011 apresentaram problemas,além das pontes do Bragueto, das Garças e a JK. Foram detectadas desde infiltrações e ferros expostos até descolamento do concreto e fendas abertas.
Após ficar oito anos sem manutenção, a Ponte JK recebeu a atenção do GDF em 2011, quando uma das peças de apoio da estrutura teria se desgastado. Com isso, a pista oscilava com a passagem dos veículos, abrindo uma fissura que ultrapassou 4 centímetros de largura.
Reforçada duas vezes, a Ponte do Bragueto é outra estrutura que pede socorro. É possível ver trincas na laje inferior e ondulações na parte superior.
O acidente desta terça (6) ocorreu dois dias depois do desabamento da laje de uma garagem na 210 Norte. No domingo (4), o piso da laje despencou sobre 23 carros.