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Árvores “predadoras” ameaçam área de proteção ambiental no DF

No bioma Cerrado, os famosos pinheiros são considerados invasores e capazes de promover mudança estrutural e funcional da flora nativa

atualizado

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Canjerana 11
1 de 1 Canjerana 11 - Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles

A proliferação de uma espécie de pinheiro conhecida como Pinus elliottii tem ameaçado a biodiversidade do Refúgio de Vida Silvestre Canjerana, no Lago Sul. No bioma cerrado, a árvore é considerada invasora e capaz de promover mudança estrutural e funcional da flora nativa.

Segundo a Associação dos Moradores Lindeiros e Amigos do Canjerana (AMLAC), o plantio dos pinheiros e eucaliptos, que também podem ser encontrados em outros endereços da região, foi estimulado durante a década dos anos 1950 e 1960 como experimento do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

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Eles podem ser danosos para a biodiversidade local
As árvores podem ser encontradas em vários endereços do Lago Sul
A área está sob responsabilidade do Ibram
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Pinheiros não são nativos do bioma cerrado

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Eles podem ser danosos para a biodiversidade local

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As árvores podem ser encontradas em vários endereços do Lago Sul

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A área está sob responsabilidade do Ibram

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Muito tempo depois, porém, estudos científicos comprovaram os impactos negativos da presença dessas árvores fora do seu ambiente nativo, pertencente ao bioma tundra.

“São árvores coníferas, que vivem em um bioma gelado, totalmente diferente do encontrado no DF. No cerrado, elas cumprem um papel muito danoso, pois colonizam o espaço e fazem com que a flora local perca as suas características”, explica o ambientalista Thiago Ávila.

O especialista alerta que essa espécie de pinheiro pode secar nascentes, pois dispõe de raízes muito profundas capazes de puxar expressiva quantidade de água do solo. “A grande concentração desse tipo de árvore promove o chamado deserto verde e elimina a biodiversidade”, acrescenta.

Ainda de acordo com Thiago, a planta foi trazida para o cerrado por meio da ação humana e germinou com facilidade. Além desse tipo de intervenção, os pássaros podem contribuir para a proliferação.

“Os pinheiros foram plantados com interesse de grilagem ou para coibir populações humanas na área. Se não forem removidos, tornam-se uma monocultura. Além disso, a resina tóxica que eles liberam prejudica ninhos e o crescimento de outros arbustos. Não tem vida no chão”, detalha o ambientalista.

Para os membros da AMLAC, a disseminação do Pinus elliottii nas unidades de conservação ambiental está destruindo o cerrado, pois a árvore cresce rapidamente, e as folhagens, quando caem no chão, impermeabilizam o solo e impedem a rebrota espontânea da flora nativa.

Plano de manejo

Em nota, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) informou ter tomado conhecimento da presença de Pinus elliottii no Refúgio de Vida Silvestre Canjerana e que a questão será resolvida a partir da elaboração de um plano de manejo.

“Neste instrumento, é possível detectar as necessidades prioritárias, inclusive o mapeamento das espécies exóticas no diagnóstico ambiental e a definição de um plano de erradicação destas espécies exóticas da unidade, de forma ordenada e incisiva, e posterior recuperação das áreas necessárias”, esclareceu o Ibram.

Segundo o órgão, os estudos devem começar ainda neste ano. “O Brasília Ambiental fez a contratação deste produto através de um convênio com a Fundação Banco do Brasil (FBB), que lançou um edital e contratou a Funatura para a elaboração de muitos planos de manejo, dentre eles, o do RVS Canjerana”, acrescentou.

Captação de água do córrego

Durante a apuração da reportagem, o Metrópoles flagrou dois funcionários instalando uma mangueira no córrego Canjerana com o intuito de utilizar o recurso hídrico para abastecer a piscina de uma casa. A mangueira está captando o recurso hídrico da manancial por meio de uma bomba hidráulica. Veja:

A captação de água em área de preservação sem autorização configura-se crime contra o meio ambiente, tipificado no art. 40 da Lei nº 9.605/98, com base nos incisos II e III do art. 395 do Código de Processo Penal (CPP). A multa varia de R$ 500 a R$ 1 milhão.

A Agência Reguladora de Águas e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) esclareceu que nessa área há dois registros de uso de recursos hídricos, sendo um em nome do empreendimento Recanto dos Buritis. “Esses usos registrados na Adasa estão devidamente regularizados segundo a Política de Recursos Hídricos do Distrito Federal”, informou.

“Em relação à mangueira no córrego, trata-se de uma captação por meio de uma bomba hidráulica de pequeno porte, considerada de uso insignificante, portanto objeto de simples registro. De qualquer modo, a denúncia foi protocolada na Ouvidoria do GDF para acompanhamento”, mencionou a Adasa.

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Bomba de captação hidráulica
A captação de água na área de preservação pode ser considerada crime ambiental
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Captação irregular de água no Córrego Canjerana

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Bomba de captação hidráulica

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A captação de água na área de preservação pode ser considerada crime ambiental

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Refúgio de Vida Silvestre Canjerana

Criado como parque ecológico em 1996, com o intuito de proteger o córrego Canjerana, o espaço foi batizado em homenagem à árvore de mesmo nome encontrada no local.

A unidade de conservação é separada por vias criadas na urbanização do Lago Sul, o que acarretou na divisão da área de 49,2394 hectares, equivalente a mais de 80 campos de futebol, em seis setores.

Em 2019, o Canjerana foi recategorizado como Refúgio de Vida Silvestre, tendo em vista que sua área de preservação permanente do córrego é bem preservada, com matas de galeria, veredas e espécies arbóreas nativas, como o buriti e copaíbas, tombadas como patrimônio natural.

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