Artesãs de projeto no DF produziram painéis de crochê expostos no G20
Oito artesãs do Instituto Proeza, que apoia mulheres em vulnerabilidade do Recanto das Emas, deram vida a dois painéis de crochê de 17 m²
atualizado
Compartilhar notícia
Durante os eventos do G20, que reúne os principais líderes do Brasil e do mundo, as artesãs do Distrito Federal foram representadas por dois painéis de crochê feitos pelas mãos das integrantes do Instituto Proeza, que presta auxílio a mais de 400 mulheres, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
O trabalho foi exposto durante o The Business 20 (B20), fórum oficial do G20 voltado para a comunidade empresarial global. Ao todo oito “crocheteiras” trabalharam por quatro semanas nas obras “Seres” e “Nutrir”, concepção da ilustradora Daisy Barros. Os painéis de crochê têm cada um 17 m² de área, e as artes fazem referência à riqueza da fauna e flora brasileiras.
Os trabalhos incluíam tanto peças impressas quanto bordadas em crochê, tradição artística que é ensinada às moradoras do Recanto das Emas e Riacho Fundo II. As integrantes do projeto são desde artesãs que aprimoram suas habilidades profissionais, desde mulheres em situação de vulnerabilidade que buscam novas opções de renda.
Uma das artistas autoras da obra é Márcia Silva, 48, que se juntou ao Instituto Proeza como artesã e professora de crochê. Mesmo já sendo experiente no ofício, ela compartilha que foi por meio das atividades do instituto, como os painéis para o fórum do G20, que fizeram ela sentir que seu trabalho era verdadeiramente valorizado.
“É maravilhoso, pois cada vez mais as pessoas veem o que a gente faz e isso faz sentir que nosso trabalho é verdadeiramente valorizado. Eu sempre trabalhei com crochê, mas nunca imaginei que fosse chegar a esses lugares. No ano passado, por exemplo, nos fomos a Paris [na França] entregar uma das nossas obras, e agora nós temos a nossa obra que está sendo exposta nesse encontro”, compartilhou.
Após o fim da programação do G20, que encerra-se nesta terça-feira (19/11), os painéis de crochê “Seres” e “Nutrir” voltarão a Brasília, onde serão expostos para o público da capital federal no Sesi Lab – ainda sem data prevista.
Veja imagens dos painéis de crochê:
Apoio a mulheres e crianças do DF
Outra artesã envolvida nos painéis expostos no fórum de comércio global do G20, Romana Santos Bandeira, 30, participa das atividades do Instituto Proeza desde 2020, quando recebeu um encaminhamento do Centro de Referência de Assistência Social do Recanto das Emas (Cras). À época, Romana era mãe solo de uma menina de 11 e de um bebê, de 3 meses, e sentia “uma pressão enorme” para conseguir conciliar o cuidados dos filhos com o trabalho de diarista.
“Quando meu filho mais novo nasceu, eu sentia que podia contar só comigo, porque eu não tinha com quem deixar meu filho para poder trabalhar. E a experiência no instituto me tirou um peso enorme das minhas costas, porque eu aprendi a fazer o crochê e hoje eu sou artesã”, conta.
Sem experiência profissional, Romana ainda leva com carinho quando participou do primeiro grande projeto, quando ela e as outras “crocheteiras” adornaram a fachada do prédio do Instituto Proeza com peças de crochê. “Foi uma coisa que eu aprendi do zero e agora eu trabalho de casa fazendo minhas encomendas e consigo estar mais presente com meus filhos, enquanto ganho meu dinheiro”, completa.
Além da renda complementar que recebeu pelos painéis e demais obras encomendadas às artesãs do Instituto Proeza, Romana acrescenta que durante o período também recebeu auxílio dos projetos da organização voltados para crianças e adolescentes, que disponibilizam desde atividades socioeducativas a alimentação.
Assim como Romana, Márcia hoje também tem uma filha de 12 anos e dois netos de 10 e 7 que participam das atividades desde 2021, quando ela e a família estavam imersos em meio a um cenário de incertezas, devido à pandemia do covid-19.
“Quando a gente não tinha certeza de mais nada, nós tínhamos um lugar para onde ir, que era quase uma terapia. E foi uma coisa boa porque lá eles [a filha e os netos] tinham serviços sociais como psicólogo, e tinham um lugar para almoçar e lanchar depois da escola”, conta.
Para mais informações sobre as atividades desenvolvidas pelo Instituto Proeza, acesse as redes do @institutoproeza ou pelo telefone (61) 99305-9009.