Arquidiocese repudia envolvimento de católico em supostos estupros no DF
Investigado pela PCDF, Elithon Carlito Silva Pereira é acusado por sete pessoas de ter cometido estupro de vulnerável. Igreja o afastou
atualizado
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Em nota oficial, a Arquidiocese de Brasília repudiou o envolvimento de um integrante da comunidade católica do Distrito Federal em acusações de estupro. Segundo investigação em andamento na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o ex-integrante da Paróquia Santa Mãe de Deus Elithon Carlito Silva Pereira foi denunciado por sete pessoas como autor de estupros contra vulneráveis. Mas, o total de casos ainda pode aumentar.
Além de sustentar que a Paróquia Nossa Senhora da Aparecida, onde o suspeito reside atualmente, e seu pároco “não têm qualquer relação com os crimes apontados”, a Arquidiocese informou no texto divulgado nessa terça-feira (26/05) que Elithon Carlito da Silva Pereira foi conduzido para a 20ª Delegacia de Polícia (Gama) assim que o padre tomou conhecimento das denúncias.
“O pároco já esteve na delegacia e apresentou todas as informações que tinha a seu alcance e que possam auxiliar o trabalho de investigação”, registrou a entidade.
A Arquidiocese destacou não ter conhecimento dos fatos antes de a investigação da Polícia Civil ter início, mas disse esperar “sua rigorosa apuração para pronta realização da Justiça”.
Conselho Tutelar
Tom, como o suspeito é conhecido na comunidade católica, virou alvo de investigação da PCDF após adolescentes e jovens adultos procurarem a 20ª DP. Eles relataram serem vítimas de abusos supostamente promovidos pelo investigado.
Entre os alvos dos abusos, estariam os coroinhas da igreja. Os pais de uma das vítimas que procuraram a PCDF disseram que o crime teria ocorrido em 2016.
Além do trabalho com jovens católicos, o suspeito tentou vaga no Conselho Tutelar do Gama. Ele participou, como candidato, das últimas eleições realizadas pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). O pleito aprovou os servidores para atuação no mandato entre 2020 e 2023.
Segundo o resultado do processo, o investigado só recebeu cinco votos de toda a comunidade local. O baixo resultado não foi suficiente para garantir a eleição.
Veja:
Apuração em sigilo
Ao Metrópoles, o delegado-chefe da 20ª DP, Francisco Antônio, afirmou que a unidade policial tomou conhecimento de, ao menos, sete denúncias. “Os crimes estão caracterizados como estupro de vulnerável. Sete vítimas oficializaram o registro até o momento, mas o número não está fechado”, explicou o policial.
Segundo Antônio, os crimes seriam cometidos fora do ambiente do templo religioso. “As situações não ocorreram dentro da igreja, mas, pelo que nos foi relatado, o mesmo fazia o uso de sua posição na comunidade para poder ganhar a confiança das vítimas”, finalizou o investigador.
A Polícia Civil ainda espera colher o depoimento do investigado. Não foram divulgados detalhes sobre a dinâmica dos crimes. A investigação corre em sigilo, pois parte das vítimas é menor de idade.
Tom ficou conhecido pelos trabalhos de acolhimento que realizou com jovens na época em que integrava a comunidade de fiéis da paróquia Santa Mãe de Deus, em Santa Maria.
Fiéis da congregação ouvidos pela reportagem relatam que, após a denúncia dos pais do coroinha, Tom deixou o ministério e passou a morar na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Gama, a convite do padre responsável pela igreja.
Afastado
Também em nota, o Ministério Vida e Luz, da qual Tom fazia parte, confirmou ter tomado conhecimento das denúncias apresentadas contra o suspeito e pontuou que Elithon está desligado de todas as atividades religiosas.
Ainda no documento, a entidade afirma que aguarda o fim das investigações para se pronunciar sobre as acusações. “O ministério coloca-se à disposição das autoridades para qualquer esclarecimentos”, diz trecho da nota.
A reportagem entrou em contato com Elithon para comentar as acusações, mas ele não respondeu. O espaço está aberto para manifestações.
Em entrevista ao Metrópoles, o padre Luís Meire, da Paróquia Santa Mãe de Deus, negou ter tomado conhecimento de casos no templo religioso, onde é pároco desde 2018.
“Ele era um paroquianos comum, que fazia parte dos grupos da paróquia. Todos esses casos ocorreram no Gama. Até agora, não chegou nenhuma mãe ou nenhum pai para denunciar casos na nossa paróquia. Pode até ter ocorrido, mas ainda não tomei conhecido”.
Segundo o religioso, Elithon morava em Santa Maria, mas deixou a cidade para residir na paróquia do Gama em 2014.